Álvaro Xavier da Fonseca Coutinho e Póvoas

Álvaro Xavier da Fonseca Coutinho e Póvoas (Guarda, 7 de Setembro de 1773Guarda, 29 de Novembro de 1852), mais conhecido por General Póvoas, foi um aristocrata e militar do Exército Português, onde atingiu o posto de general, que se distinguiu como um dos principais comandantes militares das forças miguelistas durante a Guerra Civil Portuguesa.

Álvaro Xavier da Fonseca Coutinho e Póvoas

Nascimento 7 de setembro de 1773
Guarda, Portugal
Morte 29 de novembro de 1852 (79 anos)
Guarda, Portugal
Ocupação Aristocrata, militar

Foi cavaleiro da Casa Real (alvará de 30 de Janeiro de 1782), senhor das comendas de Mirandela (29 de Dezembro de 1821) e de Santa Maria da Covilhã (31 de Outubro de 1825), comendador da Ordem de Cristo e da Ordem da Torre e Espada e cavaleiro da Ordem de Avis. Foi condecorado com a Cruz de Ouro da Guerra Peninsular e com diversas outras condecorações, entre as quais a Medalha de Fidelidade ao Rei e à Pátria, a condecoração miguelista que ficaria conhecida como a Medalha da Poeira, com a efígie de D. Miguel I. Apesar de pertencer à melhor aristocracia, recusou o título de conde de Vela com que o governo saída da Patuleia o quis homenagear.[1]

Biografia

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Nasceu na cidade da Guarda, no seio de uma rica família da melhor aristocracia, filho de António Manuel das Póvoas de Brito Marecos, fidalgo da Casa Real e ouvidor do Brasil, e de sua esposa Mariana Vitória de Castro Sousa e Almada.

Terminados os estudos preparatórios, matriculou-se no curso de Direito da Universidade de Coimbra, mas, concluídos os dois primeiros anos do curso, interrompeu os estudos jurídicos e a 28 de Setembro de 1792, com 19 anos de idade, assentou praça como cadete no Regimento de Cavalaria n.º 11. Matriculou-se então no curso de Matemática da mesma Universidade, concluindo com distinção o curso em 1796.[1]

 
Miniatura sobre marfim com a imagem do General Póvoas, no início do século XIX

Terminada a formatura em Matemática, em Setembro de 1796 organizou, à custa dos bens da sua família, uma companhia de cavalaria e foi dela nomeado capitão, tendo como tenente e alferes, respectivamente, os seus irmãos António das Póvoas de Brito Coutinho e Francisco de Melo e Póvoas. Foi promovido a major no ano de 1803, posto que ocupava quando ocorreu a primeira invasão francesa de Portugal.

Em 1808, na vigência do regime de ocupação militar francesa, foi um dos oficiais que, por ordem do general francês Jean-Andoche Junot, foi enviado para França incorporado na Legião Lusitana, a divisão militar portuguesa que integrou os exércitos napoleónicos. Depois de uma passagem por França e Espanha, reentrou em Portugal integrado nas forças do general Nicolas Jean de Dieu Soult, mas ainda em 1809 desertou da sua companhia e foi incorporar-se no exército luso-britânico que então lutava contra os franceses na Península Ibérica.

Após a sua reincorporação no Exército Português foi promovido a tenente-coronel e transferido para o Regimento de Cavalaria n.º 7, unidade que foi encarregue de organizar. Integrado neste regimento participou em muitas das acções da Guerra Peninsular, sendo promovido a coronel em 1812.

Tendo-se distinguido durante a Guerra Peninsular, terminada o conflito foi, em 1815, promovido a brigadeiro. Mantendo-se no Exército, foi promovido a marechal de campo a 13 de Maio de 1820, estando nesse posto quando ocorreu a Revolução Liberal do Porto, movimento que viria a apoiar. Foi então escolhido para deputado às Cortes Gerais e Extraordinárias da Nação Portuguesa, encarregadas de elaborar e aprovar a primeira constituição portuguesa.

Embora pertencente à ala conservadora, atravessou o período do vintismo como oficial general do Exército, no posto de marechal de campo, exercendo cargos de relevo, entre os quais o de inspector-geral da arma de Cavalaria e de inspector-geral das Ordenanças.

Após a Vilafrancada aderiu claramente ao campo miguelista, seguindo por isso o partido absolutista. Nos acontecimentos que conduziram à Guerra Civil Portuguesa revelou-se como um fiel partidário de D. Miguel I de Portugal, em cujas forças assumiu um papel de grande relevo.

Pouco depois de D. Miguel ter desembarcado em Belém (Lisboa) a 22 de Fevereiro de 1828, Póvoas, que então já detinha o posto de marechal-de-campo, foi nomeado comandante duma divisão realista. À frente daquela divisão teve um papel relevante nos eventos que se seguiram ao fim da regência da infanta Isabel Maria e à saída de Portugal das tropas britânicas comandadas pelo general Sir William Henry Clinton. Essas tropas britânicas, cerca de 6 000 homens que haviam sido chamadas pela infanta regente para apoiar o regime vintista, abandonaram Portugal a 25 de Abril de 1828, a pedido de D. Miguel. Após o embarque das tropas, a instabilidade militar instalou-se em Portugal, levando à revolta, a 16 de Maio de 1828, das tropas estacionadas no Porto, a primeiro manifestação da Guerra Civil. Coube ao General Póvoas comandar as tropas fiéis a D. Miguel que foram enviadas para sufocar a insurreição.

Em 1829, já em plena Guerra Civil, foi nomeado para o cargo de general das armas da Beira Alta, tendo em 1832 comandado a 2.ª Divisão do Exército de Operações enviado pelo governo de D. Miguel I para impor o Cerco do Porto, em cujas acções se distinguiu sobremaneira.

A 26 de Outubro de 1832 foi promovido a tenente-general, passando a ser um dos principais comandantes militares das forças miguelistas durante a fase final da Guerra Civil. Neste posto notabilizou-se no comando das forças que deram a vitória ao partido miguelista na Batalha de Souto Redondo, travada a 7 de Agosto desse ano de 1832.

Em 20 de Dezembro de 1833, já na fase final da Guerra Civil, foi nomeado comandante-em-chefe do exército realista, mas a derrota na Batalha de Almoster, travada a 13 de Fevereiro de 1834, levou a que logo no dia 19 de Fevereiro imediato fosse exonerado do comando e substituído pelo general José António de Azevedo Lemos.[1]

Após a capitulação miguelista na Convenção de Évora Monte, foi demitido do Exército e retirou-se da vida pública, fixando-se na cidade da Guarda. Apesar desse afastamento, no princípio do 1847, quando já tinha 73 anos de idade, aderiu à Patuleia e organizou uma milícia, à frente da qual se apresentou à Junta do Porto. Com essa milícia levou a cabo algumas operações militares contra as tropas de governo de Costa Cabral, acções cujo sucesso lhe restituiu parte do seu antigo prestígio. Voltada a paz a Portugal, retirou-se definitivamente para a sua Quinta da Vela, na Guarda.

Faleceu na Quinta de Vela, arredores da Guarda, a 29 de Novembro de 1852.

Notas

Ligações externas

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