2.ª Região Militar
A 2ª Região Militar (2ª RM) é uma das doze regiões militares do Exército Brasileiro. Sediada na cidade de São Paulo, tem jurisdição administrativa no estado homônimo e é subordinada ao Comando Militar do Sudeste. Até 1952 seu comando foi unido ao da 2ª Divisão de Infantaria, atual 2ª Divisão de Exército. É também conhecida como Região das Bandeiras, em homenagem aos bandeirantes paulistas.
2ª Região Militar | |
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Brasão | |
País | Brasil |
Corporação | Exército Brasileiro |
Subordinação | Comando Militar do Sudeste |
Sigla | 2ª RM |
Criação | 1908 |
Comando | |
Comandante | Gen Div Alexandre de Almeida Porto[1] |
Comandantes notáveis |
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Sede | |
Sede | São Paulo - São Paulo |
Página oficial | Página oficial |
Organização
editarEstá sediada na cidade de São Paulo, subordinada ao Comando Militar do Sudeste, e possui jurisdição administrativa sobre as unidades militares sediadas nesse estado.[3]
Comando 2ª Região Militar - São Paulo[4]
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História
editarSão Paulo tinha pouca presença do Exército durante o Império, e havia poucos paulistas em seu oficialato durante a Primeira República, evidenciando o divórcio entre o Exército e a elite civil.[5] Ainda assim, sucessivas reformas do Exército centralizavam na capital paulista partes do território nacional: em 1891 o 4º Distrito Militar, abrangendo São Paulo, Minas Gerais e Goiás;[6] em 1908 a 10ª Região de Inspeção Permanente, com São Paulo e Goiás;[7][8] em 1915 a 6ª Região Militar, com São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso e Goiás;[9] e em 1919 a 2ª Região Militar, com São Paulo e Goiás.[10]
A princípio o comando era exercido conjuntamente com o da 2ª Divisão de Infantaria, contendo as forças combatentes em São Paulo.[11] Seu território se estendia até a Amazônia, no atual Tocantins. A partir de 1919 a guarnição federal em São Paulo foi reforçada, provocando uma expansão da Força Pública estadual.[12] A Força Pública paulista era notável entre os “pequenos exércitos” estaduais.[13] Durante a Primeira República ela excedia em tamanho e poder de fogo a 2ª RM.[14] Na Revolução de 1922 o general Abílio de Noronha, comandante da 2ª RM, enviou uma coluna contra os revoltosos em Mato Grosso.[15] Quando a própria capital paulista foi conflagrada na Revolução de 1924, o general Noronha liderou a reação legalista inicial,[16] mas acabou preso pelos revolucionários.[17]
Durante a Segunda Guerra Mundial a 2ª RM colaborou com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo para evitar a convocação ao serviço militar de operários indispensáveis nas fábricas.[18] A nomeação do general Mascarenhas de Moraes, comandante por alguns meses em 1943, foi sinal político das autoridades brasileiras aos Estados Unidos, pois Mascarenhas era favorável aos Aliados e a 2ª RM tinha mais prestígio do que a 7ª, até então comandada pelo general.[19] Os comandos da 2ª RM e 2ª Divisão de Infantaria foram separados em 1952. Ambos foram subordinados à Zona Militar do Centro, atual Comando Militar do Sudeste.[11] Em 1960 ela controlava apenas quatro grupos de artilharia antiaérea,[20] tendo um Comando de Artilharia de Costa e Antiaérea criado no ano anterior.[21]
Mesmo sendo um comando administrativo e não de tropas, era ponto conveniente de contato com a elite paulista civil, sendo aproveitada pelo general Olímpio Mourão Filho, comandante em 1963, para conspirar contra o Governo João Goulart.[22] O comandante em 1964, Armando Bandeira de Morais, foi salvo da aposentadoria compulsória por uma promoção concedida pelo presidente e integrava seu dispositivo militar; ainda assim, cedeu à pressão de aderir ao golpe de Estado contra ele.[23] A partir de 1967, engenheiros do Exército no Parque Regional de Motomecanização da 2ª RM (PQRMM/2) contribuíram ao desenvolvimento tecnológico da indústria bélica nacional na área dos veículos blindados.[24][25] Em 1992 a região recebeu a denominação histórica de Região das Bandeiras, em homenagem aos bandeirantes.[26]
Ver também
editarReferências
- ↑ «Comandante da 2ª RM». Consultado em 5 de maio de 2024
- ↑ «Antigos Comandantes da 2ª RM». Consultado em 12 de novembro de 2021
- ↑ «Decreto 3.213, de 19 out 1999». Site do Governo Federal do Brasil. Consultado em 14 de novembro de 2021
- ↑ «Organização publicada no Boletim do Exército 51, de 18 de dezembro de 2020». Visitado em 11 de fevereiro de 2021.
- ↑ Carvalho, José Murilo de (2006). Forças Armadas e Política no Brasil 2ª ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.. p. 32-34.
- ↑ BRASIL, Decreto nº 431, de 2 de Julho de 1891. Divide em sete districtos militares o territorio da Republica e extingue os logares de commandante de armas e de brigada.
- ↑ AHEx (2020). «Catálogo de destino dos acervos das Organizações Militares do Exército Brasileiro» (PDF) 2ª ed. Rio de Janeiro: Arquivo Histórico do Exército. Consultado em 6 de março de 2021. p. 419-420.
- ↑ BRASIL, Lei nº 1.860, de 1908. Regula o alistamento e sorteio militar e reorganiza o Exercito.
- ↑ BRASIL, Decreto 11.497, de 23 de fevereiro de 1915. Faz a remodelação do Exercito Nacional.
- ↑ BRASIL, Decreto nº 13.916, de 11 de dezembro de 1919.Substitue os decretos ns. 13.651 e 13.652, de 18 de junho e 13.674,de 2 de julho e 13.765, de 17 de setembro, todos de 1919: altera a divisão territorial e a organização das divisões de exercito; crêa unidades e serviços, e rerganiza a artilharia de costa.
- ↑ a b 2ª DE. «História - 2ª Divisão de Exército». Consultado em 30 de agosto de 2022
- ↑ McCann, Frank (2009). Soldados da Pátria: história do Exército Brasileiro, 1889–1937. Traduzido por Motta, Laura Pereira. Rio de Janeiro e São Paulo: Biblioteca do Exército e Companhia das Letras. p. 332.
- ↑ Carvalho 2006, p. 55-56.
- ↑ Mussolini Filho, Luiz Sérgio (2007). A Força Pública de São Paulo: da profissionalização à sua intervenção no regime militar (PDF) (Mestrado em Ciências Sociais). São Carlos: UFSCar. p. 116.
- ↑ Souza, Fernando dos Anjos (2018). Conflitos armados, encontros e combates nas fronteiras do sul de Mato Grosso, nas décadas iniciais do século XX (PDF) (Tese de Doutorado). Dourados: UFGD. Consultado em 18 de abril de 2021. p. 241.
- ↑ Cohen, Ilka Stern (2005). «Imagens de 1924». Campinas: Unicamp. Stadium (21). Consultado em 30 de agosto de 2022. p. 95.
- ↑ Assunção Filho, Francisco Moacir (2014). 1924 - Delenda São Paulo: a cidade e a população vítimas das armas de guerra e das disputas políticas (PDF) (Dissertação de Mestrado). São Paulo: PUC-SP. Consultado em 30 de agosto de 2022. p. 16.
- ↑ Chagas, Honorato Crispiniano (2015). O Brasil em guerra: os preparativos, a arregimentação e o envio da Força Expedicionária Brasileira (FEB) para os campos de batalha na II Guerra Mundial (1942-1944) (PDF) (TCC). Uberlândia: UFU. Consultado em 30 de agosto de 2022. p. 46 e 73-74.
- ↑ McCann, Frank (2018). Brazil and the United States during World War II and its aftermath. [S.l.]: Palgrave Macmillan. p. 168.
- ↑ Pedrosa, Fernando Velôzo Gomes (2018). Modernização e reestruturação do Exército brasileiro (1960-1980) (Tese de Doutorado). Rio de Janeiro: UFRJ. Consultado em 28 de dezembro de 2020. Apêndice 3.
- ↑ BRASIL, Decreto nº 46.802, de 10 de Setembro de 1959. Cria o "Comando de Artilharia de Costa e Antiaérea da 2º Região Militar".
- ↑ Pinto, Daniel Cerqueira (2015). General Olympio Mourão Filho: Carreira Político-Militar e Participação nos Acontecimentos de 1964 (PDF) (Dissertação de Mestrado). Juiz de Fora: UFJF. Consultado em 18 de dezembro de 2020
- ↑ Faria, Fabiano Godinho (2013). João Goulart e os militares na crise dos anos de 1960 (PDF) (Tese de Doutorado). Rio de Janeiro: UFRJ. Consultado em 10 de novembro de 2021. Cópia arquivada (PDF) em 10 de novembro de 2021. p. 338.
- ↑ Fonseca, José Wladimir Freitas da (julho–setembro de 2000). «O desenvolvimento da indústria bélica no Brasil e seu processo de Spin-Off». Revista de Economia Política. 20 (3). Consultado em 10 de setembro de 2022
- ↑ Bastos, Expedito Carlos Stephani (2017). «Nova família de blindados sobre lagartas». Santa Maria. Ação de Choque (15). Consultado em 1 de fevereiro de 2021. p. 20-21.
- ↑ «História da 2ª RM». Consultado em 12 de novembro de 2021
Ligações externas
editar- «Informações sobre a 2ª RM na página do Exército Brasileiro». www.exercito.gov.br. Consultado em 20 de outubro de 2007. Arquivado do original em 13 de junho de 2007