Cristologia
Cristologia é o estudo sobre Cristo; é uma parte da teologia cristã que estuda e define a natureza de Jesus, a doutrina da pessoa e da obra de Jesus Cristo, com uma particular atenção à relação com Deus, às origens, ao modo de vida de Jesus de Nazaré, visto que estas origens e o papel dentro da doutrina de salvação tem sido objeto de estudo e discussão desde os primórdios do cristianismo.
Eixo central da cristologia
editarA Cristologia tem sido debatida incansavelmente durante séculos, em várias nações, dentro de várias correntes cristãs, com pontos de vista semelhantes, divergentes e mesmo com algumas controvérsias. Alguns aspectos deste assunto muito debatidos no eixo central da cristologia no decurso da história do cristianismo são:
- A Natureza divino-humana de Jesus (União hipostática);
- A Divindade de Jesus;
- A Humanidade de Jesus;
- A Encarnação;
- A Revelação de Deus;
- Os Milagres;
- Os Ensinamentos;
- A Morte expiatória;
- A Ressurreição;
- A Ascensão;
- A Intercessão em nosso favor;
- A Parousia;
- A Posição como Cabeça de todas as coisas;
- A Centralidade dentro do mistério da vontade de Deus, dentro da restauração;
- A Volta ao mundo para reinar sobre aqueles que creêm nele.
Disputas
editarTalvez a disputa mais antiga dentro do cristianismo centrou-se sobre se Jesus era Deus. Um número de cristãos primitivos acreditavam que Jesus não era divino, mas fora simplesmente o Messias humano prometido no Antigo Testamento, tal como o vê os fariseus contrariamente à vista mais geral dos outros judaico-cristãos.[1] A inclusão da Genealogia de Jesus em Mateus 1:1–17 e Lucas 3:23–38 são explicadas às vezes por esta opinião.
Uma explanação alternativa é que eram uma oposição às doutrinas dos Cristãos Gnósticos que afirmavam que Jesus Cristo teve somente a ilusão de um corpo humano e, assim, nenhuma ancestralidade humana, como o via o docetismo.[2]
A opinião de que Jesus era somente humano, como afirmava o adopcionismo, foi oposta por líderes da igreja tais como São Paulo, e veio eventualmente a serem aceitas somente por seitas como a dos ebionitas e (de acordo com São Jerônimo), mas logo subjugadas pelas igrejas ortodoxas de uma forma ou outra.[2]
A natureza de Cristo
editarA natureza de Jesus Cristo é uma questão da busca por determinar se Cristo era um homem com a tendência para pecar igual à de Adão antes do pecado (pré-lapsarianismo) ou uma tendência ao pecado, igual à de Adão depois do pecado (pós-lapsarianismo), ambas diretamente relacionadas com o Plano da Salvação, visto que o ministério de Cristo, se caracterizava pelo exemplo na superação do pecado, mostrando que era possível o homem viver sem pecar.
Entre as principais escolas que buscaram determinar a natureza de Cristo temos:
- Arianismo, que crê que Jesus, apesar de um ser superior, seja inferior ao Pai sendo uma criatura sua;
- Docetismo, defende que Jesus era um mensageiro dos céus e que seu corpo era "carnal" apenas na aparência e sua crucificação teria sido uma ilusão;
- Ebionismo, que crê em Jesus como um profeta, nascido de Maria e José, que teria se tornado Cristo no ato do batismo;
- Elcasaismo - recusam a divindade de Cristo, consideram-no o último dos profetas e chamam-lhe anjo Jesus;
- Monofisismo, segundo a qual Cristo teria uma única natureza composta da união de elementos divinos e elementos humanos;
- Nestorianismo, segundo a qual Jesus Cristo é, na verdade, duas entidades vivendo no mesmo corpo: uma humana (Jesus) e uma divina (Cristo);
- Miafisismo, que defende que em Jesus Cristo há a natureza humana e a natureza divina, mas que estas duas naturezas se unem natural e completamente para formar uma única e unificada Natureza de Cristo;
- Sabelianismo, o qual defendia que Jesus e Deus não eram pessoas distintas, mas sim "aspectos" ou "modos" diferentes do trato da Divindade com a humanidade;
- Trinitarismo, que crê em Jesus como a segunda pessoa da Trindade divina.
Cristologia Ortodoxa
editarA Cristologia ortodoxa, defendida pelas Igrejas Católica, Ortodoxas e protestantes, tem por base o Concílio de Calcedônia (em 451 d.C., o qual estabelece as bases desta corrente, na qual o Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro Homem (união hipostática) e se apresenta em duas naturezas sem distinção, indivisíveis e inseparáveis, de tal forma que as propriedades de cada uma permanecem ainda mais firmes quando unidas numa só pessoa. Para os defensores desta cristologia, o termo "Filho de Deus" aplicado a Jesus deve ser interpretado com a natureza de Deus, gerado já desde o início de tudo e, portanto co-eterno.
Cristologia monofisista
editarDiscordando da Cristologia Ortodoxa, os miafisistas afastaram-se para compor as Igrejas ortodoxas orientais da Síria, da Armênia, do Egito, da Etiópia e da Índia do Sul. Para eles a natureza divina em Jesus era muito mais forte e preponderante daquela natureza humana.
Mas, estas mesmas Igrejas dissidentes rejeitam o rótulo de monofisista, porque elas afirmam que defendem na verdade o miafisismo, que é a crença de que em Jesus há a natureza humana e a natureza divina, mas que estas duas naturezas se unem para formar uma única e unificada Natureza de Cristo. Estas Igrejas afirmam que o miafisismo é diferente do monofisismo, mas esta doutrina cristológica igualmente se diverge da doutrina ortodoxa da união hipostática.
Cristologia ariana
editarO arianismo, que recebeu este nome por ser derivado da doutrina de Ário, apresenta uma distinção clara entre o Cristo e o Logos como razão divina. O Cristo é apresentado como uma criatura pré-temporal, super-humana, a primeira das criaturas, não Deus, porém mais que homem. "O logos é a própria razão divina a qual Deus pai admitiu sair de si mesmo sem a diminuição do seu próprio ser." (Justino Martir)
Referências
Bibliografia
editar- Frédéric Lenoir - Comment Jésus est devenu Dieu - Livre de Poche - ISBN 978-2-253-15797-7