Abu Abedalá Jaiani
Abu Abedalá ou Abedulá Maomé ibne Amade Jaiani (em persa: ابو عبدالله محمد بن احمد جیهانی; romaniz.: Abū ʿAbdallāh Muḥammad ibn Aḥmad Jayhānī), mais simplesmente conhecido como Abu Abedalá Jaiani, foi o vizir persa do Império Samânida de 914 a 922. Seu trabalho geográfico perdido (que foi preservado em livros de autores posteriores) é um importante fonte da história do século IX da Ásia Central e Europa Oriental. Seu filho e neto também serviram como vizires.
Abu Abedalá Jaiani | |
---|---|
Morte | 925 |
Nacionalidade | Império Samânida |
Ocupação | Geógrafo |
Vida
editarA maioria dos detalhes da vida de Jaiani são desconhecidos.[1] Era filho de Amade Jaiani e tinha um irmão chamado Ubaide Alá Jaiani.[2] Os padrões de grafia em suas obras sugerem que persa era sua língua nativa e Iacute de Hama também registrou que frequentemente usava a expressão persa bedāw andarūn ("correr").[3] Mocadaci observou que estudou filosofia, astronomia e geometria. Além disso, também afirmou que reuniria estrangeiros e perguntaria sobre as terras e as rotas para chegar aos diferentes territórios.[2] Jaiani era um adepto secreto do maniqueísmo, de acordo com ibne Nadim.[4]
Durante o início de sua carreira, foi aluno de Abu Zaíde de Bactro e costumava dar-lhe escravas como presentes, mas depois o deixou, devido a seu Kitab al-Qarabin wa'l-dhaba'ih (Livro sobre Sacrifícios e Ofertas), que Jaiani reprovou.[5] Foi nomeado guardião de Nácer II em 913. Um ano depois, seu pupilo de 8 anos tornou-se o governante (emir) do Império Samânida e Jaiani foi nomeado vizir.[6] No entanto, devido à juventude de Nácer, assumiu a regência do império. Quase imediatamente, uma série de revoltas eclodiram dentro do estado, a mais séria sendo a liderada por seu tio-avô Ixaque ibne Amade. Os filhos de Ixaque participaram da rebelião; um filho, Abu Sale Mançor, assumiu o controle de Nixapur e de várias outras cidades de Coração. Depois, Ixaque foi capturado, enquanto Abu Sale morreu em Nixapur.[7]
Depois que a maior mesquita de Bucara foi destruída, Jaiani financiou a construção de um minarete, de acordo com Narxaqui. Amade ibne Fadlane, que o conheceu em 921, registrou que as pessoas se referiam a ele como "o baluarte dos anciãos", evidenciando que ainda era considerado a figura mais influente na corte de Nácer II. Um ano depois, porém, Abu Alfadle Albalami o sucedeu como vizir. A data de sua morte é desconhecida.[6] Seu filho, Abu Ali, foi vizir do Império Samânida de 938 a 941, enquantro o filho de Abu Ali (neto de Abu Abedalá) ocupou o mesmo cargo entre 974 e 976.[8]
Obras
editarIbne Nadim, que confundiu Abu Abedalá com seu neto, atribuiu quatro livros a ele.[9] Iacute de Hama, que usou o trabalho de Nadim como fonte para seu próprio trabalho, ainda causou confusão adicional ao combinar as três gerações consecutivas da família Jaiani.[10] Segundo o historiador István Zimonyi, os quatro livros “apontam para um autor com experiência em política, pois todo livro está relacionado com assuntos de Estado”.[11]
Referências
- ↑ Zadeh 2013, p. 48.
- ↑ a b Zimonyi 2016, p. 7, 10.
- ↑ Zimonyi 2016, p. 10.
- ↑ Zimonyi 2016, p. 9-10.
- ↑ Ahmad 1998, p. 218.
- ↑ a b Zimonyi 2016, p. 7.
- ↑ Frye 1975, p. 141.
- ↑ Zimonyi 2016, p. 8, 10.
- ↑ Zimonyi 2016, p. 8, 11.
- ↑ Zimonyi 2016, p. 8.
- ↑ Zimonyi 2016, p. 11.
Bibliografia
editar- Ahmad, S. Maqbul (1998). «Part One: Geodesy, Geology and mineralogy. Geography and cartography». History of Civilizations of Central Asia Volume IV: The Age of Achievement: A.D. 750 to the End of the Fifteenth Century - Part Two: The achievements. Paris: UNESCO. pp. 205–221. ISBN 9789231036545
- Frye, R. N. (1975). «The Sāmānids». In: Frye, R. N. The Cambridge History of Iran, Volume 4: From the Arab Invasion to the Saljuqs. Cambrígia: Imprensa da Universidade de Cambrígia. pp. 136–161. ISBN 0-521-20093-8
- Zadeh, Travis (2013). «Of Mummies, Poets, and Water Nymphs: Tracing the Codicological Limits of Ibn Khurradādhbih's Geography». In: Bernards, Monique. Abbasid Studies IV: Occasional Papers of the School of ʿAbbasid Studies, Leuven, July 5-July 9, 2010. Cambígia: Gibb Memorial Trust. pp. 8–75. ISBN 978-0-906094-98-3
- Zimonyi, István (2016). Muslim Sources on the Magyars in the Second Half of the 9th Century. Leida: Brill. ISBN 978-90-04-21437-8