Acidente ferroviário de Baião
O Desastre Ferroviário de Baião foi uma colisão entre um comboio e um automóvel numa passagem de nível da Linha do Douro, na freguesia de Santa Leocádia, no concelho da Baião, em Portugal. Este acidente ocorreu no dia 1 de setembro de 2009, e provocou seis mortos e um ferido.[1]
Desastre Ferroviário de Baião | |
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Descrição | |
Data | 1 de setembro de 2009 |
Hora | 05.50 |
Local | Santa Leocádia, Baião |
Coordenadas | 41° 07′ 00,28″ N, 8° 06′ 05,98″ O |
País | Portugal |
Linha | Linha do Douro |
Operador | Comboios de Portugal |
Tipo de acidente | Colisão |
Causa | Erro humano |
Estatísticas | |
Comboios/trens | 1 |
Mortos | 6 |
Feridos | 1 |
Antecedentes
editarOs passageiros do automóvel tinham como destino um ponto de encontro, onde se iria iniciar uma viagem de autocarro até Fátima, oferecida pela Câmara Municipal de Baião.[2] No interior da viatura, ia o condutor, Sérgio Pereira, de 55 anos, dono de um restaurante, e seis passageiros: Manuel Guedes, presidente da Junta de Freguesia, com 52 anos, Filomena Pereira, de 63 anos, Manuel Lucas, de 67 anos, a sua esposa, Maria José Lucas, de 63 anos, e os dois netos do casal, Pedro Monteiro, de 15 anos, e Marco Pares, de 16 anos.[2][1] Desta forma, o automóvel ia sobrecarregado, porque transportava sete ocupantes num espaço planeado para apenas cinco.[2] Por volta das 05h50m, o automóvel chegou à Passagem de Nível da Ponte Quebrada, que não tinha guarda, e atravessou-a sem tomar as devidas medidas de segurança, devido à pressa em chegar ao destino.[2] Ao mesmo tempo, estava a chegar à passagem de nível um comboio Regional que fazia a ligação entre a Régua e o Porto.[3]
Acidente e socorros
editarO veículo foi abalroado e arrastado por um comboio ao longo de 50 m, até ao final da ponte ferroviária junto à passagem de nível.[2] Tiveram morte imediata o condutor do automóvel, Sérgio Pereira, e os passageiros Manuel Guedes, Filomena Pereira, e Manuel Lucas.[2] Os outros três passageiros ficaram gravemente feridos, tendo Maria José Lucas sido transportada para o Hospital Padre Américo, em Penafiel, com um traumatismo torácico e prognóstico muito reservado, enquanto que os seus dois netos, Pedro Monteiro e Marco Pares, foram internados no Hospital de São João, no Porto, o primeiro com um traumatismo craniano e uma situação clínica estável, enquanto que o segundo ficou politraumatizado, tendo dado entrada nos cuidados intensivos sob prognóstico muito reservado.[2] Para o local foram destacados 25 operacionais e sete viaturas dos Bombeiros de Baião e outras duas equipas do Instituto Nacional de Emergência Médica.[3] A ambulância que transportou Maria José Lucas para o hospital, dos bombeiros de Baião, sofreu um acidente pelo caminho, tendo sido abalroada à saída da A4 em Paredes.[2] Os dois bombeiros ficaram ligeiramente feridos, mas a vítima não sofreu com este acidente.[2]
No dia seguinte, a vítima internada em Penafiel não resistiu aos ferimentos e acabou por falecer aumentando desta forma para cinco o número de vítimas mortais.[4] Nessa altura, a situação de Marco Pares já tinha melhorado ligeiramente, embora ainda estivesse a correr risco de vida, enquanto que Pedro Monteiro continuou internado no Serviço de Pediatria do Hospital, com o seu estado clínico a registar uma evolução positiva.[4] Às 22 horas do dia 16 de Setembro, a vítima de 16 anos faleceu de morte cerebral no Hospital de São João, enquanto que o seu primo, de 15 anos, já tinha tido alta.[5][1] Desta forma, o balanço total do acidente saldou-se em 6 mortos e 1 ferido.[5]
A circulação ferroviária naquele lanço da Linha do Douro foi normalizada cerca das 10h40m, tendo a operadora Comboios de Portugal organizado entretanto o transbordo para os passageiros.[2]
Investigação e processo em tribunal
editarA Secretária de Estados dos Transportes, Ana Paula Vitorino, afirmou, durante a apresentação de um novo tipo de passe na Estação São Sebastião do Metropolitano de Lisboa, que já tinha pedido à Governadora Civil do Porto para dar todo o apoio possível aos feridos e às famílias das vítimas, e que já tinha ordenado a abertura um inquérito sobre este acidente.[2][3] Já há muito tempo que se sabia que aquela passagem de nível era perigosa, estando já planeada a sua eliminação pela empresa Rede Ferroviária Nacional, responsável pela gestão das infraestruturas ferroviárias.[2] Com efeito, em Julho de 2008 a Câmara Municipal de Baião e a Rede Ferroviária Nacional tinham assinado um protocolo para o encerramento de quatro passagens de nível consideradas perigosas no concelho, das quais duas já tinham sido suprimidas, faltando apenas a de Ponte Quebrada e outra.[2] Nessa altura, já tinha sido concluído o projecto de execução para o encerramento daquela passagem de nível, tendo a Rede Ferroviária Nacional previsto que as obras iriam ter início no primeiro trimestre de 2010.[2]
O presidente da Câmara de Baião, José Luís Carneiro, declarou que a autarquia já estava a providenciar apoio psicológico aos familiares das vítimas, e propôs-se a iniciar a negociação com os proprietários dos terrenos vizinhos, de forma a deslocar um muro que estava a retirar visibilidade à passagem de nível, enquanto não fosse encerrada.[2]
Os familiares das vítimas mortais abriram um processo em tribunal contra a Rede Ferroviária Nacional, devido às condições de segurança na passagem de nível, e a companhia de seguros do automóvel envolvido no acidente, por entenderem que deveria assumir a negligência do condutor, tendo pedido uma indemnização de 816 mil Euros.[1] O caso começou a ser discutido no Tribunal de Penafiel em 10 de Setembro de 2015, onde foi ouvido o maquinista do comboio, José Felgueiras, que declarou que ao ver o automóvel, a cerca de 30 a 40 m distância, tinha feito avisos sonoros e accionado os travões.[6]
Em 26 de Setembro, o Jornal de Notícias relatou que o Tribunal de Penafiel tinha dado razão aos familiares, embora esta decisão ainda fosse passível de recurso, pelo que o processo poderia ainda durar vários anos.[1]
Ver também
editarReferências
- ↑ a b c d e PANDA, Alexandre (26 de Setembro de 2015). «Familiares das vítimas de acidente em Baião recebem 816 mil euros». Jornal de Notícias. Consultado em 18 de Novembro de 2017
- ↑ a b c d e f g h i j k l m n o FARIA, Natália (2 de Setembro de 2009). «Acidente da Linha do Douro faz quatro mortos». Público. 20. Lisboa: Público, Comunicação Social, S. A. p. 24
- ↑ a b c «Colisão entre comboio e veículo em Baião fez quatro mortos». Rádio Televisão Portuguesa. 1 de Setembro de 2009. Consultado em 18 de Novembro de 2017
- ↑ a b «Acidente Baião: morreu a quinta pessoa». TVI 24. 2 de Setembro de 2009. Consultado em 18 de Novembro de 2017. Arquivado do original em 1 de dezembro de 2017
- ↑ a b «Número de mortos do acidente de Baião sobe para seis». Jornal de Notícias. 17 de Setembro de 2009. Consultado em 18 de Novembro de 2017
- ↑ FERREIRA, Mónica (11 de Setembro de 2015). «Baião: pedem 818 mil euros por três mortes». Correio da Manhã. Consultado em 18 de Novembro de 2017