Adalberto Cardoso
Adalberto Cardoso (Garopaba-SC, 21 de dezembro de 1905 - Rio de Janeiro-RJ, 10 de janeiro de 1972) foi um militar e atleta olímpico brasileiro, que competiu na prova dos 10.000 m nos Jogos Olímpicos de Verão de 1932, em Los Angeles[1].
Adalberto Cardoso | |
---|---|
atleta olímpico | |
atletismo | |
Apelido | Iron Man |
Modalidade | 10.000 m |
Nascimento | 21 de setembro de 1905 , Santa Catarina |
Nacionalidade | brasileiro |
Morte | 10 de janeiro de 1972 (66 anos) Rio de Janeiro, RJ |
Carreira
editarEm 1925, Adalberto teve de se mudar para o Rio de Janeiro após entrar para a Marinha como grumete. Foi nesta época que ele começou a praticar atletismo pela Liga de Sports da Marinha, especializando-se nas provas de longa distância[2].
Adalberto foi o primeiro atleta a correr descalço nos Jogos Olímpicos.[3] Para chegar ao local da prova, ele viveu uma verdadeira epopeia. Para financiar a viagem, cerca de 55 mil sacas de café deveriam ser vendidas nas paradas nos portos. Mesmo assim, faltou dinheiro para o desembarque: para cada atleta que deixasse o navio Itaquicê, que levava os brasileiros, era cobrado um dólar pelas autoridades locais. Por isso, foi decidido que sairiam somente os competidores com chances de medalha.[3] Adalberto escapou em São Francisco (que fica a 600km de Los Angeles) e, entre percursos a pé e de carona, chegou até a cidade do evento, em uma epopeia de mais de 18 horas sem dormir, nem se alimentar – eles tinham comido apenas frutas no caminho[4]. Segundo o COB, ele "chegou ao Estádio Olímpico quando faltavam 10 minutos para o início da prova dos 10.000 metros, sua especialidade (...) Adalberto mal teve tempo de vestir seu uniforme e, ainda assim, incompleto: foi o primeiro atleta a correr descalço nos Jogos Olímpicos"[5]. Chegou a cair três vezes durante o trajeto e só completou a corrida duas voltas depois dos adversários. Terminou a prova em último lugar, o que não o impediu de ser saudado pela torcida por sua dedicação.[6] Por conta disso, ele ganhou a alcunha de Iron Man (O Homem de Ferro) do jornal The New York Times[7].
Após sua saga nos Jogos de 1932, ele transferiu-se para o seu estado natal, onde chegou ao posto de Primeiro-Tenente. Em 1938, foi condecorado pela Marinha com a medalha de bronze[2]. Após se aposentar das Forças Armadas, passou a trabalhar na marinha mercante.[3]
Foi várias vezes campeão carioca, brasileiro e sul-americano. Manteve-se ativo em competições até 1946.
Combatente na 2ª Guerra Mundial
editarNa década de 40, Adalberto serviu em dois navios de guerra durante a 2ª Guerra Mundial. Segundo a Marinha, o primeiro foi o caça-submarinos Gurupi, em 1943, e o outro, o Goiana, do mesmo tipo, em que ficou do final de 1943 até 1946, com o fim da guerra[4].
Falecimento
editarFaleceu em 11 de janeiro de 1972, aos 66 anos, vitimado por um AVC, enquanto jogava dominó.[3]
Na Cultura Popular
editar- Adalberto é um dos personagens do livro "Brasileiros olímpicos", lançado no ano 2000 de autoria do trio de jornalistas Jorge Luiz Rodrigues, Lédio Carmona e Tiago Petrik, que conta fatos curiosos sobre os atletas brasileiros em olimpíadas[8].
- Em 2016 foi lançado o documentário "1932: A Medalha Esquecida", produzido e roteirizado por Ernesto Rodrigues, que conta a sua saga para competir nos Jogos Olímpicos de Verão de 1932, em Los Angeles[9].
Referências
- ↑ Evans, Hilary; Gjerde, Arild; Heijmans, Jeroen; Mallon, Bill; et al. "Adalberto Cardoso Olympic Results". Olympics at Sports-Reference.com. Sports Reference LLC. Archived from the original on 18 April 2020. Retrieved 13 November 2017.
- ↑ a b olimpianos.com.br/ Biografia - Adalberto Cardoso
- ↑ a b c d Fernandes, Carolina; Martins, Valéria (22 de julho de 2021). «Morador de SC relembra atuação do pai nas Olimpíadas de 1932: 'Se competisse hoje, não tinha ninguém para ganhar dele'». G1. Consultado em 28 de julho de 2021
- ↑ a b agenciabrasil.ebc.com.br/ Família do Homem de Ferro dos Jogos de 1932 cobra reconhecimento do atleta
- ↑ g1.globo.com/ Morador de SC relembra atuação do pai nas Olimpíadas de 1932: "Se competisse hoje, não tinha ninguém para ganhar dele"
- ↑ Lisboa, Vinícius (27 de fevereiro de 2016). «Família do Homem de Ferro dos Jogos de 1932 cobra reconhecimento do atleta». Agência Brasil. Consultado em 28 de julho de 2021
- ↑ bbc.com/ Confusões marcam a participação brasileira nos Jogos de 1932
- ↑ folha.uol.com.br/ Livro faz resgate da história das "desventuras" olímpicas do Brasil
- ↑ redeglobo.globo.com/ Em clima de Olimpíada, Globo exibe "A Medalha Esquecida" nesta sexta