Adam Stefan Sapieha
Adam Stefan Stanisław Bonifacy Józef Sapieha (14 de maio de 1867 - 23 de julho de 1951) foi um príncipe e cardeal polaco da Igreja Católica que serviu como Arcebispo de Cracóvia. Entre os anos de 1922 e 1923 atuou como senador da Segunda República Polonesa. Em 1946, foi nomeado cardeal pelo Papa Pio XII.[1][2]
Adam Stefan Stanisław Bonifacy Józef Sapieha | |
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Cardeal da Santa Igreja Romana | |
Arcebispo de Cracóvia | |
Atividade eclesiástica | |
Diocese | Arquidiocese de Cracóvia |
Nomeação | 27 de novembro de 1911 |
Predecessor | Dom Jan Puzyna de Kosielsko |
Sucessor | Dom Eugeniusz Baziak |
Mandato | 1911 - 1951 |
Ordenação e nomeação | |
Ordenação presbiteral | 1 de outubro de 1893 por Jan Puzyna de Kosielsko |
Nomeação episcopal | 27 de novembro de 1911 |
Ordenação episcopal | 17 de dezembro de 1911 por Papa Pio X |
Nomeado arcebispo | 14 de dezembro de 1925 |
Cardinalato | |
Criação | 18 de fevereiro de 1946 por Papa Pio XII |
Ordem | Cardeal-presbítero |
Título | Santa Maria Nova |
Brasão | |
Dados pessoais | |
Nascimento | Krasiczyn 14 de maio de 1867 |
Morte | Cracóvia 23 de julho de 1951 (84 anos) |
Nacionalidade | polonês |
Títulos anteriores | Príncipe da Polônia |
dados em catholic-hierarchy.org Cardeais Categoria:Hierarquia católica Projeto Catolicismo |
Biografia
editarAdam Stefan Sapieha nasceu de uma família nobre, no castelo de Krasiczyn, no atual Condado de Przemyśl, Polónia, e no que era então a partição austríaca da Polônia; era o mais novo dos sete filhos de Adam Stanisław, Conde Sapieha-Kodeński e da Princesa Jadwiga Klementyna Sanguszko-Lubartowicz.[3] Era tio-bisavô de Matilde da Bélgica.[4][5]
Após cursar o Liceu Franz Joseph em Lemberg (Galícia), estudou Direito na Universidade de Viena (1886-1890) e na Universidade de Cracóvia (1887-1888); estudou adicionalmente no Institut catholique de Lille (França); teologia na Universidade de Innsbruck (1890-1894); teologia na Pontifícia Universidade Gregoriana (1895-1896) e diplomacia na Pontifícia Academia Eclesiástica (1896), Roma.[2][6] Recebeu o subdiaconado e o diaconato em 1893 e ordenado ao sacerdócio em 1º de outubro de 1893, em Roma, pelo bispo Jan Maurycy Pawel Puzyna de Kosielsko.[3]
Sapieha exerceu ministério pastoral na diocese de Lemberg; professor no ginásio Wyższe, Lwow, 1886; membro do corpo docente do seu seminário, 1893-1897; vice-reitor, 23 de setembro de 1897 a 27 de outubro de 1910. Cônego do capítulo da catedral de Lemberg, 1902. Camareiro privado de Pio X, 23 de fevereiro de 1906.[3] Durante sua estadia em Roma, ele lutou constantemente pela consolidação da polonidade em terras germanizadas.[2]
Eleito bispo de Cracóvia em 27 de novembro de 1911. Recebeu a consagração episcopal no 17 de dezembro seguinte, na Capela Sistina, pelo Papa Pio X, auxiliado pelo arcebispo Augusto Silj, Esmoler Secreto de Sua Santidade, e bispo Agostino Zampini, O.S.A., sacristão papal.[7] Seu lema episcopal era Crux Mihi Foederis Arcus.[3]
Pouco depois, durante a Primeira Guerra Mundial, o bispo conseguiu obter 25.000 coroas austríacas do Papa Bento XV para esforços de socorro.[5] Sapieha também convenceu o papa a emitir uma carta aos bispos católicos ao redor do mundo pedindo que ajudassem a Polônia devastada pela guerra.[4] Fundou o Comitê do Príncipe-Bispo para Ajudar os Afetados pela Guerra (Książęco-Biskupi Komitet dla Dotkniętych Wojną), fornecendo ajuda material, médica, humanitária e espiritual às vítimas. Colaborou na criação de unidades médicas móveis para ajudar as vítimas da guerra que viviam longe das cidades. Além disso, o comitê de Sapieha vacinou dois milhões de habitantes da Galícia e Lodoméria contra a varíola.[5]
Ele celebrou um sínodo diocesano em 1923.[3] Promovido a arcebispo depois que Cracóvia foi elevada à sé metropolitana, em 14 de dezembro de 1925.[7] No entreguerras, em 1934, iniciou a filial de Cracóvia da Caritas, e até serviu brevemente como senador do partido Democrata Cristão da Polônia.[4]
Na Segunda Guerra Mundial, Arcebispo Sapieha liderou novos esforços humanitários. Apenas três dias após o início da guerra, organizou o Comitê Cívico para Ajudar as Vítimas da Guerra, doando ele mesmo 100.000 zlotys. Enquanto isso, colaborou com o Conselho Central de Bem-Estar, uma das poucas organizações humanitárias que os ocupantes alemães permitiram que funcionassem no Governo Geral, e que distribuiu ajuda estrangeira às vítimas do nazismo. Quando milhões de poloneses foram expulsos da Grande Polônia, que havia sido anexada ao Reich e cujas propriedades dos habitantes foram confiscadas, Sapieha apelou aos conventos e mosteiros locais para que lhes fornecessem santuário. O arcebispo também enviou capelães aos deportados como trabalhadores escravos.[5]
Antes da guerra, Sapieha teria se referido aos judeus como uma "raça depravada" e os culpava tanto pela exploração capitalista quanto pelo comunismo, e também não teria condenado o Holocausto enquanto ele estava ocorrendo, seja publicamente ou em comunicações privadas com as autoridades alemãs.[8] Entretanto, o arcebispo defendeu publicamente as vítimas polonesas do Terceiro Reich. Quando em 6 de novembro de 1939, a SS prendeu 183 professores de Cracóvia e os deportou para campos de concentração, Sapieha enviou apelos a Benito Mussolini e ao Papa Pio XII, pedindo-lhes que interviessem em seu nome; eventualmente, ambos os homens o fizeram, e alguns dos professores poloneses foram libertos. Enquanto isso, três rabinos de Cracóvia pediram a Sapieha que apelasse aos alemães em seu nome; ele o fez, mas o apelo não teve sucesso, e eles foram enviados para centros de extermínio. Também ajudou os judeus pedindo aos padres de Cracóvia que fornecessem certificados de batismo falsos para eles, além de ajudar a garantir esconderijos para judeus em conventos e entre famílias católicas.[4][5] A resistência polonesa em Cracóvia frequentemente o consultava sobre decisões importantes.[4]
Durante a Guerra, ele organizou um seminário clandestino, cujos alunos incluíam Karol Wojtyła, de quem Sapieha era um mentor.[5] Depois da guerra, o arcebispo ordenou ao sacerdócio o jovem Wojtyła, futuro Papa João Paulo II, em 1 de novembro de 1946.[7] Com a implantação do regime comunista no pós-guerra, e a perseguição da Igreja, Sapieha protestou vigorosamente, e a ditadura comunista o considerou seu maior inimigo.[4][5]
Criado Cardeal-presbítero no consistório de 18 de fevereiro de 1946 pelo Papa Pio XII; recebeu o chapéu vermelho e o título em 22 de fevereiro.[3][7]
Foi representante do Vaticano para a Igreja nas províncias do sul da Polônia. Foi ele quem ordenou que o corpo de Józef Piłsudski fosse movido para a cripta sob a Torre do Sino de Prata. Houve uma objeção das autoridades de Sanacja, conhecida na história como o conflito de Wawel.[2]
Após o pogrom de Kielce, ele demonstrou suas atitudes antissemitas quando supostamente declarou que os judeus o haviam trazido sobre si, mas forneceu ajuda aos judeus afetados. De acordo com testemunhas, ele e a igreja reclamaram que havia muitos judeus no governo.[9][10]
Adam Stefan Sapieha faleceu no palácio do arcebispo em Cracóvia. Enterrado em 28 de julho na Catedral de Wawel.[3] Foi apelidado de Príncipe Indomável.[5]
Referências
- ↑ «Adam Stefan Stanisław Bonifacy Józef Sapieha» (em polaco)
- ↑ a b c d «Sapieha Adam Stefan». https://krakow.wiki/ (em inglês). Consultado em 29 de outubro de 2024
- ↑ a b c d e f g «The Cardinals of the Holy Roman Church - February 18, 1946». cardinals.fiu.edu. Consultado em 29 de outubro de 2024
- ↑ a b c d e f Mazurczak, Filip (14 de maio de 2017). «Cardinal Sapieha: Foe of Nazis and Communists, Shepherd of a Young John Paul II». NCR (em inglês). Consultado em 29 de outubro de 2024
- ↑ a b c d e f g h Mazurczak, Filip. «Remembering Krakow's saintly and heroic bishops». www.catholicworldreport.com (em inglês). Consultado em 29 de outubro de 2024
- ↑ «Kurzbiografie von Sapieha | Parlament Österreich». www.parlament.gv.at (em alemão). Consultado em 29 de outubro de 2024
- ↑ a b c d «Adam Stefan Cardinal Sapieha [Catholic-Hierarchy]». www.catholic-hierarchy.org. Consultado em 29 de outubro de 2024
- ↑ Kornbluth, Andrew (2016). «Poland on Trial: Postwar Courts, Sovietization, and the Holocaust, 1944-1956» (em inglês). Consultado em 29 de outubro de 2024
- ↑ Kent, Peter C. (2002). Lonely Cold War of Pope Pius XII: The Roman Catholic Church and the Division of Europe, 1943-1950 (em inglês). [S.l.]: McGill-Queen's Press - MQUP. p. 128
- ↑ Gross, Jan Tomasz (2006). Fear: Anti-semitism in Poland After Auschwitz : an Essay in Historical Interpretation (em inglês). [S.l.]: Random House. p. 138
Precedido por Jan Puzyna de Kosielsko |
Bispo de Cracóvia 1911 — 1925 |
Sucedido por o próprio como Arcebispo de Cracóvia |
Precedido por o próprio como Bispo de Cracóvia |
Arcebispo de Cracóvia 1925 — 1946 |
Sucedido por Eugeniusz Baziak |