Adanarses I da Ibéria

 Nota: Para outros significados, veja Adanarses.

Adanarses I (em latim: Adanarses; em georgiano: ადარნასე I), Adernerses ou Aternerses (em georgiano: ადრნერსე) foi um príncipe da Ibéria, da dinastia cosroida, de 627 a 637/42.

Adanarses I
Príncipe da Ibéria
Adanarses I da Ibéria
Baixo-relevo de Misqueta descrevendo Adanarses I (ou Adanarses II) rezando diante de Jesus
Reinado 627 - 637/42
Antecessor(a) Estêvão I
Sucessor(a) Estêvão II
Nascimento século VI
Morte século VII
Casa Cosroida
Pai Bacúrio III
Religião Cristianismo

Adanarses é a forma helenizada e latinizada dos nomes em persa médio Adur Narse (Ādur Narseh), armênio Atenerse (Ատրներսեհ, Atnerseh)[1] e georgiano (ადარნასე, Adarnase) ou Adernese (ადრნერსე, Adrnerse).[2] Ādur ou ādar é a palavra em persa médio e parta para "fogo", derivada do avéstico ātar. Foi um termo utilizado para indicar templos zoroastristas dedicados ao fogo sagrado, bem como é o nome do nono mês do calendário zoroastrista e o nono dia do mês.[3] Narse (Narseh), por sua vez, é um antropônimo registrado em parta como Narse (Narseh), em armênio como Nerses (Ներսես, Nerses) e latim e grego como Narses (Ναρσής, Narsḗs). A atestação mais antiga do nome ocorre nos Feitos do Divino Sapor, uma inscrição trilíngue do reinado do xainxá sassânida Sapor I (r. 240–270). Deriva do avéstico Nairyō saŋha-, que literalmente significa "o de muitos discursos", ou seja, o mensageiro divino.[4]

Biografia

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Adanarses era filho de Bacúrio III, o último rei ibero, e duque hereditário (eristavi) da Caquécia. Em 627, ajudou o exército bizantino-cazar com o cerco de Tiblíssi e foi feito governante da Ibéria pelo imperador Heráclio (r. 610–641) que tinha executado o príncipe pró-persa Estêvão I (r. 590–627). Em algum momento entre 637 e 642 (ou seja, após a Batalha de Cadésia e antes daquela em Nemavande), juntou suas forças com o príncipe albanês Javanxir (r. 638–670) em um ataque contra as guarnições iranianas na Albânia.[5]

Segundo o historiador do século VI, Moisés de Dascurã usou três títulos bizantinos. É identificado pelo historiador da arte Wachtang Djobadze com o cônsul honorário Adanarses (hípato) registrado numa inscrição do mosteiro de Jvari, em Misqueta, na Geórgia. Cyril Toumanoff argumenta que este Adanarses é, na verdade, Adanarses II, ativo no final do século VII.[6] Seus outros títulos talvez foram de patrício e estratelata.[5]

Referências

  1. Ačaṙyan 1942–1962, p. 261.
  2. Rapp 2014, p. 499.
  3. Boyce 1983.
  4. Fausto, o Bizantino 1989, p. 395.
  5. a b Martindale 1992, p. 13-14.
  6. Rapp 2003, p. 344.

Bibliografia

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  • Ačaṙyan, Hračʻya (1942–1962). «Ատրներսեհ». Hayocʻ anjnanunneri baṙaran [Dictionary of Personal Names of Armenians]. Erevã: Imprensa da Universidade de Erevã 
  • Boyce, Mary (1983). «ĀDUR». Enciclopédia Irânica Vol. I, Fasc. 5. Nova Iorque: Imprensa da Universidade de Colúmbia 
  • Fausto, o Bizantino (1989). Garsoïan, Nina, ed. The Epic Histories Attributed to Pʻawstos Buzand: (Buzandaran Patmutʻiwnkʻ). Cambrígia, Massachusetts: Departamento de Línguas e Civilizações Próximo Orientais, Universidade de Harvard 
  • Martindale, John Robert; Jones, Arnold Hugh Martin; Morris, John (1992). The Prosopography of the Later Roman Empire - Volume III, AD 527–641. Cambridge e Nova Iorque: Cambridge University Press. ISBN 0-521-20160-8 
  • Rapp, Stephen H. (2003). Studies In Medieval Georgian Historiography: Early Texts And Eurasian Contexts. Lovaina: Peeters Publishers. ISBN 90-429-1318-5 
  • Rapp, Stephen H. (2014). The Sasanian World through Georgian Eyes: Caucasia and the Iranian Commonwealth in Late Antique Georgian Literature. Farnham: Ashgate Publishing, Ltd. ISBN 978-1472425522