Alasmai
Abuçaíde Abde Almalique ibne Curaibe (em árabe: أبو سعيد عبد الملك ابن قريب الأصمعي; romaniz.: Abū Sa‘īd ‘Abd ul-Malik ibn Quraib; Baçorá, c. 740 - Bagdá, 828), melhor conhecido como Alasmai ou Asmai (Aṣma'ī), foi um erudito e antologista árabe, um dos primeiros lexicógrafos árabes e um dos três líderes da escola de gramática árabe de Baçorá.[1][2][3][4]
Alasmai | |
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Nascimento | 740 Baçorá |
Morte | 828 (87–88 anos) Baçorá |
Ocupação | filólogo, botânico, poeta |
Obras destacadas | Asma'iyyat, Sharḥ al-ashʻār al-sittah al-jāhilīyah |
Foi também um dos pioneiros das ciências naturais e da zoologia.[5] É considerado o primeiro cientista muçulmano a estudar animais em detalhes. Escreveu muitas obras, tais como: Kitab al-Khail (O Livro do Cavalo), Kitab al-Ibil (O Livro do Camelo), Kitab al-Farq (O Livro de Animais Raros), Kitab al-Wuhush (O Livro de Animais Silvestres), Kitab al-Sha (O Livro das Ovelhas) e Kitab Khalaq al-Insan (o Livro de Humanidade). Ele também fornece informações detalhadas sobre a anatomia humana.
Biografia
editarAlasmai nasceu em Baçorá e ali foi aluno de Calil ibne Amade Alfaraídi e de Abu Anre ibne Alalá,[2] bem como contemporâneo de Abu Ubaidá e de Sibawayh.[6][7] Parece ter sido um homem pobre, até que pela influência do governador de Baçorá, foi apresentado ao califa abássida Harune Arraxide, que gostou de sua conversa na corte e fê-lo tutor de seus filhos Alamim e Almamune.[2][7] Arraxide, que sofria de insônia, uma vez passou a noite toda conversando com Alasmai sobre a poesia pré-islâmica e as primeiras poesias em árabe.[8] Alasmai mostrou também ser popular com os influentes vizires barmécidas.[3] Tornou-se um homem muito rico e adquiriu propriedades em Baçorá, onde novamente morou por um tempo, mas voltou mais tarde para Bagdá, onde morreu em 828.
Alasmai também foi estudante de linguística e crítico, seu livro Fuhulat foi uma das primeiras obras de crítica literária árabe.[9] Foi como crítico que ele se tornou o grande rival de Abu Ubaidá. Visto que este último, membro do movimento Shu'ubiyya, era considerado por Alasmai não pertencente à cultura árabe (principalmente por ser persa). Alasmai acreditava na superioridade dos árabes sobre todos os povos, e era contra qualquer influência estrangeira sobre sua linguagem e literatura. Alguns de seus estudiosos atingiram altos postos no governo como literatos. Devido ao seu intenso interesse em catalogar a língua árabe, passou um período de tempo vagando pelo deserto com as tribos beduínas, a fim de observar seus padrões de fala.[6]
Em um incidente narrado por numerosos historiadores, conta que o califa Arraxide trouxe um cavalo na presença de Alasmai and Abu Ubaidá e pediu para que eles identificassem os termos corretos para cada parte da anatomia do cavalo. Abu Ubaidá, que também havia escrito extensivamente sobre zoologia, desculpou-se e não quis participar do desafio, dizendo que era um linguista e antologista, e não veterinário; Alasmai então, saltou sobre o cavalo, identificou todas as partes do seu corpo e deu exemplos de poesia árabe beduína que estabelece os termos como vocabulário árabe adequado.[5]
Obras selecionadas
editarDas muitas obras de Alasmai mencionadas no catálogo conhecido como Fihrist, apenas cerca de meia dúzia ainda existem. Estas incluem o Livro de Distinção, o Livro dos Animais Selvagens, o Livro do Cavalo, e o Livro da Ovelha. A maioria das coleções existentes de poesia árabe pré-islâmica foi compilada pelos alunos de Alasmai com base nos princípios que ele ensinou.[3]
Alasmai também é autor de uma obra sobre botânica, Plantas e Árvores, na qual ele nomeia 276 plantas, muitas das quais são designações coletivas. Ele também dá nomes a todas as plantas que crescem em diferentes áreas da Península Arábica.[10]
Sua biografia foi reunida por ibne Calicane.
Notas
- ↑ Kees Versteegh, Greek Elements in Arabic Linguistic Thinking, pág. 110. Volume 7 de Studies in Semitic languages and linguistics. Leiden: Brill Publishers, 1977. ISBN 9789004048553
- ↑ a b c al-Aṣmaʿī, Encyclopædia Britannica Online.
- ↑ a b c "Asma i, al-" em Merriam-Webster's Encyclopedia Of Literature, pág. 78. Merriam-Webster, 1995. ISBN 9780877790426
- ↑ Kees Versteegh, The Arabic Linguistic Tradition, pág. 25. Parte da série Landmarks in Linguistic Thought, vol. 3. Nova York: Routledge, 1997. ISBN 9780415157575
- ↑ a b Housni Alkhateeb Shehada, Mamluks and Animals: Veterinary Medicine in Medieval Islam, pág. 132. Volume 11 de Sir Henry Wellcome Asian Series. Leiden: Brill Publishers, 2012. ISBN 9789004234055
- ↑ a b Anwar G. Chejne, The Arabic Language: Its Role in History, pág. 43. Mineápolis: University of Minnesota Press, 1969. ISBN 9780816657254
- ↑ a b M. G. Carter, Sibawayh, pág. 22. Parte da série Makers of Islamic Civilization. Londres: I.B. Tauris, 2004. ISBN 9781850436713
- ↑ Wen-chin Ouyang, Literary Criticism in Medieval Arabic-Islamic Culture: The Making of a Tradition, pág. 81. Edimburgo: Edinburgh University Press, 1997. ISBN 9780748608973
- ↑ G. J. H. Van Gelder, Beyond the Line: Classical Arabic Literary Critics on the Coherence and Unity of the Poem, pág. 2. Volume 8 de Studies in arabic literature: Supplements to the Journal of Arabic Literature. Leiden: Brill Publishers, 1982. ISBN 9789004068544
- ↑ Toufic Fahd, "Botany and agriculture." Tirada da Encyclopedia of the History of Arabic Science, Volume 3: Technology, Alchemy and Life Sciences, pág. 814. Ed. Roshdi Rasheed. Londres: Routledge, 1996. ISBN 0415124123
Referências
- Este artigo incorpora texto (em inglês) da Encyclopædia Britannica (11.ª edição), publicação em domínio público.
- Chisholm, Hugh, ed. (1911). «Aṣma'ī». Encyclopædia Britannica (em inglês) 11.ª ed. Encyclopædia Britannica, Inc. (atualmente em domínio público)