Amélia de Freitas Beviláqua

escritora brasileira

Amélia Carolina de Freitas Beviláqua (Jerumenha, 7 de agosto de 1860 - 17 de novembro de 1946) foi uma advogada, escritora, jornalista e pioneira na luta pelos direitos das mulheres no Brasil.[1]

Amélia de Freitas Beviláqua

Amélia e Clóvis Beviláqua
Nascimento 7 de agosto de 1860
Jerumenha, Piauí
Morte 17 de novembro de 1946 (86 anos)
Rio de Janeiro
Nacionalidade brasileira
Cônjuge Clóvis Beviláqua (1883-1944)
Ocupação escritora
Magnum opus Alcyone (1902)
Assinaturas de Clóvis Beviláqua e da esposa Amélia de Freitas.

Biografia

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Amélia Beviláqua nasceu na fazenda Formosa, em Jerumenha, no Piauí, filha do Desembargador José Manuel de Freitas e de D. Teresa Carolina da Silva Freitas. Concluiu sua educação em Pernambuco, onde conheceu e casou com Clóvis Beviláqua no ano de 1883.[2]

Sua vida literária iniciou cedo, quando ainda era estudante em São Luís. Colaborou com o jornal de sua escola, publicando contos e poesias. Em 1889, publicou trabalhos em jornais de Recife e na Revista do Brasil de São Paulo. Atuou, também, como redatora oficial do periódico O Lyrio, de Recife, em 1902, ao lado de Maria Augusta Meira de Vasconcelos Freire. Foi ocupante da cadeira 23 da Academia Piauiense de Letras e patrona da cadeira 48 da Ala Feminina da Casa Juvenal Galeno-Ceará.[2]

Amélia de Freitas Beviláqua foi considerada como uma mulher de vanguarda, liderando o mencionado periódico O Lyrio (Recife-PE; 1898), influenciando a criação do Jornal Borboleta em Teresina-PI. Ousou muito mais, ao ser a primeira mulher a se candidatar à Academia Brasileira de Letras, em 1930. Contam a anedota que em 1930, com o falecimento de Alfredo Pujol, Beviláqua teria sugerido à esposa que se candidatasse à vaga então aberta. Essa destemida candidatura, feminina, havia causado agitação entre os "imortais". Amélia enviou carta ao presidente da Casa, Aloísio de Castro, propondo sua candidatura. O regulamento da Casa previa no entanto, que brasileiros poderiam participar da confraria de letras; a expressão não incluía as mulheres, sustentado por tal argumento o pedido foi negado. Clóvis sustentou, no entanto, que o termo "brasileiros" incluía as mulheres e seu argumento estava fundado em parêmia que radicava no Digesto e em Gaio, que nos dá conta que “hominis appellatione tam foeminam quam masculum contineri non dubitatur”.[3]

Na década de 1920, Amélia Beviláqua já era um nome reconhecido por críticos como Sílvio Romero e Araripe Júnior, tendo várias obras publicadas pela Bernard de Fréres, importante editora da época. Sua projeção literária notavelmente inspirou outras mulheres, especialmente as que viviam no Piauí, a publicar seus escritos. Nesse contexto, ocorre a superação do período lacunoso da escrita feminina piauiense que se seguiu após o fim do primeiro jornal de redação exclusivamente feminina do Piauí, Borboleta (1904-1906); e da revista Alvorada (1909-1912), onde Maria Amélia Rubim era uma das colaboradoras. A escrita feminina ressurgiu camuflada não mais pelas letras iniciais de seus nomes, mas em pseudônimos, importante recurso literário que foi utilizado por várias escritoras, como Charlotte Brontë, e Dionísia Faria da Rocha.[4]

  • Alcyone (1902)[5]
  • Aspectos (1906)
  • Instrução e Educação da Infância (1906)
  • Através da Vida (1906)
  • Silhouettes (1906)
  • Literatura e Direito (1907)
  • Vesta (1908)
  • Angústia (1913)
  • Açucena (1921)
  • Jeannette (1923)
  • Impressões (1929)
  • A Academia Brasileira de Letras e Amélia de Freitas Beviláqua (1930)
  • Flor do Orfanato (1931)
  • Divagações (1931)
  • Recordação do dia 7 de Agosto (1933)
  • Alma Universal (1935)

Referências

  1. Série Histórias Não Contadas - "As Mensageiras" - Primeiras Escritoras do Brasil Câmara dos Deputados - acessado em 6 de março de 2021
  2. a b Macêdo Mendes, Algemira. «Maria Firmina dos Reis e Amélia Beviláqua na história da literatura brasileira: representação, imagens e memórias nos séculos XIX e XX» (PDF). Maria Firmina dos Reis e Amélia Beviláqua na história da literatura brasileira: representação, imagens e memórias nos séculos XIX e XX. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Consultado em 30 de abril de 2016 
  3. Sampaio de Moraes Godoy, Arnaldo (9 de novembro de 2014). «A candidatura de Amélia Beviláqua à Academia Brasileira de Letras». A candidatura de Amélia Beviláqua à Academia Brasileira de Letras. Conjur. Consultado em 30 de abril de 2016 
  4. Fortes, José (25 de agosto de 2010). «Amélia de Freitas Bevilaqua, uma mulher de vanguarda». Amélia de Freitas Bevilaqua, uma mulher de vanguarda. Meio Norte. Consultado em 30 de abril de 2016 
  5. Silva, Wilton Carlos Lima da. «Amélia Beviláqua que era Mulher de Verdade: A memória construída da esposa de Clóvis Beviláqua». Periódicos UFSC. Consultado em 15 de março de 2018