Amade Alaraje

político marroquino

Abu Alabás Amade Alaraje ou Amade Alaraje (1486[1]-1557) foi alcaide de Suz em Marrocos e "rei" de Marraquexe.

Amade Alaraje
Amade Alaraje
Nascimento 1486
Morte 1557
Marraquexe
Cidadania Marrocos
Progenitores
Irmão(ã)(s) Maomé Axeique
Ocupação político

Governador de Suz

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Amade Alaraje era o filho mais velho de Abu Abedalá Alcaim.

Em 1511 foi nomeado governador do Suz e jurado como herdeiro em 1512. Em 1517 sucede a seu pai nos territórios do norte do Atlas.

Rei de Marrocos (Marraquexe)

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O "Xarife" Amade Alaraje é vassalo do rei de Fez, mas em 1524, com seu irmão Maomé Axeique, apodera-se de "Marrocos" (que era o nome que os portugueses davam a Marraquexe, donde veio o nome do país). O filho de Maomé Bortucali, rei de Fez, Amade Uatassi, pressionado por chefes religiosos, reúne um exército e avança para a cidade, mas volta logo após o início do cerco, devido a uma revolta de um primo em Fez. Em 1526 Amade Uatassi, novo rei de Fez por morte do seu pai, volta à região de Marraquexe, chegando perto de Tédola, onde se dá a batalha (Julho de 1529). Mas depois disso fazem a paz. Uma terceira batalha ocorre em 1536, os dois lados reúnem-se em Bu Uqueba, onde Amade Alaraje, vence o rei de Fez (28 de julho de 1536), segundo uns; segundo outros, é sob a pressão religiosa que Amade Uatassi tem que recuar: Os Xarifes Amade Alaraje e seu irmão mais novo Maomé Axeique, combatendo, desde o início, sem concessão, os cristãos (sobretudo portugueses) estabelecidos em Marrocos, são vistos pelas populações como os verdadeiros defensores do Islão. O rei de Fez tem de lhe conceder a soberania sobre Marrocos a partir de Tédola para sul.

Guerras com o irmão

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Até então, os irmãos Xarifes tinham vivido em boa inteligência, o segundo (Maomé Axeique) sendo nominalmente sujeito do primeiro, governando o Suz. Mas em 12 de Março de 1541, Maomé Axeique obtém a grande vitória tão esperada pelos Marroquinos  : uma praça portuguesa é tomada por ele, a Fortaleza de Santa Cruz do Cabo de Gué,[2] (hoje Agadir). Esta vitória confere um prestígio muito importante Maomé Axeique, e na sequencia da distribuição dos despojos encontrados, um conflito nasce entre os dois irmãos, Amade querendo a metade do butim. Ano e meio depois da conquista de Santa Cruz de Cabo de Gué, Amade ataca seu irmão em Ameskroud (fins de 1542, ou princípios de 1543), mas é vencido. Tem então de lhe conceder o Dar, e libertar o alcaide Mumen, que estava ao serviço de Mohammed, e que tinha aprisionado pouco antes.[2]

Mas, em fins de Junho de 1544, Amade ataca outra vez seu irmão. Segundo Marmol, a batalha dá-se perto de Marraquexe, em El-Kahira. Mas Pierre de Cenival, citando a Crónica de Santa Cruz, dá por mais certo o colo de Bibaum ("Em cima da serra de Baiban" p. 146).[2] Amade é novamente vencido e refugia-se com seus filhos na zauia de Cide Abedalá ibne Sassi, situada no uádi Tensift.

Exílio

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Maomé Axeique apodera-se de Marraquexe, e exila seu irmão no Tafilete, e depois no Gourara.[2]

Como intrigava com o Oatácida Mohammed al-Qâsrî, antigo rei de Fez, o seu irmão Maomé Axeique, aprisiona-o, e leva-o para Marraquexe em 1554 ou 1555, fazendo degolar três filhos dele.

Em 26 de outubro de 1557, depois do assassinato do seu irmão pelos turcos da sua própria guarda, Amade Alaraje, com sete filhos e netos são executados em Marraquexe, pelo governador da cidade Ali ibne Abu Becre Aziqui, para assegurar a coroa a Mulei Abedalá Algalibe.[2]

Notas e referências

  1. segundo Pierre de Cenival, in Chronique de Santa-Cruz du Cap de Gué, p. 134, Ahemd nasceu antes de 1467, falecendo com 90 anos
  2. a b c d e Chronique de Santa-Cruz du Cap de Gué (Agadir). Texte portugais du XVIeme siècle, traduit et annoté par Pierre de Cenival. Paris, Paul Geuthner. 13, rue Jacob, 13. 1934

Bibliografia

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  • Muhammad al-Saghir ibn al-Hadjdj ibn Abd Allah al-Wafrani, Nozhet-el hādi bi akhbar moulouk el-Karn el-Hadi (Histoire de la dynastie saadienne au Maroc : 1511-1670).[1]
  • Anónimo português : Crónica de Santa Cruz do Cabo de Gué. Chronique de Santa-Cruz du Cap de Gué (Agadir). Texte portugais du XVIeme siècle, traduit et annoté par Pierre de Cenival. Paris, Paul Geuthner. 13, rue Jacob, 13. 1934.

Precedido por
Abu Abedalá Alcaim
 
Saadianos

1517 - 1544
Sucedido por
Maomé Axeique