Amitis da Média
Amitis da Média foi uma princesa meda, possivelmente filha do rei Ciaxares e irmã de Astíages. Ela se casou com o rei babilônico Nabucodonosor II e assim garantiu uma aliança entre os medos e os babilônios e, de acordo com algumas fontes, Nabucodonosor teria construído os Jardins Suspensos da Babilônia para ela.
Amitis da Média | |
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Rainha da Babilônia | |
Nabucodonosor e sua esposa observando a construção dos jardins suspensos | |
Rainha consorte da Babilônia | |
Reinado | 605 a.C. — 562 a.C. |
Nascimento | c. 630 a.C. |
Morte | c. 560 a.C. |
Nome completo | Amitis da Média |
Cônjuge | Nabucodonosor II |
Dinastia | caldeia (por casamento) |
Pai | Ciaxares (?) |
Filho(s) | Evil-Merodaque (?) |
Seu casamento com Nabucodonosor, não somente selou uma aliança entre dois povos, mas também uniu as dinastias meda e caldeia.
Etimologia
editarAmitis é um nome feminino meda e persa, atestado apenas na forma grega Ámytis, que talvez reflita (com metátese vocálica) um antigo persa Umati — equivalente ao avéstico humaiti, que significa “tendo bons pensamentos”.[1]
História
editarNenhum documento babilônico contemporâneo sobrevivente fornece o nome da esposa de Nabucodonosor II. De acordo com o historiador Beroso, que viveu no século III a.C., seu nome era Amitis, filha de Astíages, rei dos medos. Beroso escreve que '[Nabopolassar] enviou tropas para ajudar Astíages, o chefe tribal e sátrapa dos medos, a fim de obter uma filha de Astíages, Amitis, como esposa para seu filho [Nabucodonosor]'. Embora o historiador grego Ctésias tenha escrito que Amitis era o nome de uma filha de Astíages que se casou com Ciro, o Grande da Pérsia, parece mais provável que uma princesa meda se casasse com um membro da família real da Babilônia, considerando as boas relações estabelecidas entre os dois durante o reinado de Nabopolassar.[2] Dado que Astíages ainda era muito jovem durante o reinado de Nabopolassar para já ter filhos, e ainda não era rei, parece mais provável que Amitis fosse irmã de Astíages e, portanto, filha de seu predecessor, Ciaxares.[3] Ao casar seu filho com uma filha de Ciaxares, o pai de Nabucodonosor, Nabopolassar, provavelmente procurou selar a aliança entre os babilônios e os medos.[4] De acordo com a tradição, quando Amitis sentiu saudades das altas montanhas e vegetação da Média, onde ela havia crescido,[5] Nabucodonosor construiu os Jardins Suspensos da Babilônia, uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo, apresentando arbustos, vinhas e árvores, bem como colinas artificiais, cursos d'água e colinas, de modo que Amitis sentisse menos saudades de sua terra. Nenhuma evidência arqueológica para esses jardins foi encontrada.[6]
De acordo com uma versão da história atribuída a Alexandre, o Polímata por Eusébio de Cesareia,[Nota 1] Sardanápalo, rei dos caldeus, pediu a filha de Astíages, Amitis, em casamento a seu filho, Nabucodonosor.[7] A versão do historiador Abideno, que viveu por volta de 200 d.C., é um pouco diferente. Nabopolassar, um general a serviço do rei assírio, foi enviado para a Babilônia afim de combater uma invasão pelo mar, mas em vez disso, ele tramou uma traição, e casou seu filho, Nabucodonosor, com Amitis, filha de Astíages, patriarca dos medos. Em seguida, Nabopolassar atacou a capital assíria, Nínive; Sinsariscum, rei da Assíria, incendiou o próprio palácio e morreu. Nabucodonosor tomou o reino e construiu uma muralha em Babilônia.[8]
Não se sabe ao certo quando a soberana Amitis faleceu, alguns suspeitam que foi morta juntamente com seu filho Evil-Merodaque na rebelião planejada por Neriglissar, em 560 a.C. Mas não há confirmação se foi essa mesma a data da morte de Amitis.[carece de fontes]
Notas e referências
Notas
- ↑ Alexandre, o Polímata, viveu no século I a.C., cerca de 400 anos depois dos eventos, e Eusébio de Cesareia por volta do ano 300 d.C.
Referências
- ↑ «AMYTIS – Encyclopaedia Iranica». iranicaonline.org. Consultado em 8 de dezembro de 2020
- ↑ Wiseman 1983, p. 8.
- ↑ Lendering 1995.
- ↑ Wiseman 1991, p. 229.
- ↑ Beroso, História caldeia, citado por Eusébio de Cesareia, Crônica, 13. Das Antiguidades de Josefo sobre Nebuchadnezzar [em linha][em linha]
- ↑ Polinger Foster 1998, p. 322.
- ↑ Alexandre, o Polímata, citado por Eusébio de Cesareia, 9. Do mesmo Alexandre, o Polímata, sobre os feitos de Senaqueribe e Nabucodonosor [em linha][em linha]
- ↑ Abideno, citado por Eusébio de Cesareia, Crônica, 11. Abideno sobre Senaqueribe [em linha][em linha]
Bibliografia
editar- Wiseman, Donald J. (1983). Nebuchadrezzar and Babylon: The Schweich Letters. Oxford: Oxford University Press. ISBN 978-0197261002
- Lendering, Jona (1995). «Cyaxares». Livius. Consultado em 23 de março de 2021
- Wiseman, Donald J. (2003) [1991]. «Babylonia 605–539 B.C.». In: Boardman, John; Edwards, I. E. S.; Hammond, N. G. L.; Sollberger, E.; Walker, C. B. F. The Cambridge Ancient History: III Part 2: The Assyrian and Babylonian Empires and Other States of the Near East, from the Eighth to the Sixth Centuries B.C. 2nd ed. [S.l.]: Cambridge University Press. ISBN 0-521-22717-8
- Polinger Foster, Karen (1998). «Gardens of Eden: Exotic Flora and Fauna in the Ancient Near East» (PDF). Yale F&ES Bulletin. 1998. pp. 320–329