Andrea Neves da Cunha
Andrea Neves da Cunha (Belo Horizonte, 15 de fevereiro de 1959) é uma jornalista brasileira. É irmã e braço-direito de Aécio Neves, ex-governador e senador por Minas Gerais.[1] Andrea foi presidente do Serviço Voluntário de Assistência Social de Minas Gerais (Servas) de 2003 a janeiro de 2014.
Andrea Neves | |
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Dados pessoais | |
Nascimento | 15 de fevereiro de 1959 (65 anos) Belo Horizonte, Minas Gerais |
Nacionalidade | brasileira |
Progenitores | Mãe: Inês Maria Neves da Cunha Pai: Aécio Ferreira da Cunha |
Parentesco | neta de Tancredo Neves irmã de Aécio Neves |
Partido | PSDB |
Ocupação | Jornalista e assessora política |
Início de vida, família e educação
editarAndrea Neves nasceu em Belo Horizonte em 15 de fevereiro de 1959. É filha de Aécio Ferreira da Cunha e de Inês Maria Neves da Cunha, sendo neta do ex-presidente Tancredo Neves (1910-1985) e do ex-deputado federal Tristão Ferreira da Cunha (1890-1974). É irmã de também político Aécio Neves. Andrea é casada com Luiz Márcio Haddad Pereira Santos, arquiteto, urbanista e ex-presidente da Fundação Biodiversitas. Tem uma filha, Maria Clara de seu primeiro casamento com o jornalista Herval Braz.
Nos anos 1970, Andrea e seus irmãos passavam as férias na fazenda da família em Cláudio, terra Natal da Dona Risoleta, viúva de Tancredo. Disputava com os irmãos quem montava melhor nas cavalgadas em que percorriam na vizinhança, tocavam violão e as serenatas eram acompanhadas de café com leite e pão de queijo.[2]
Andrea o curso primário no Colégio Sacré-Coeur de Jesus, em Belo Horizonte, e o secundário no Colégio São Vicente de Paulo, no Rio de Janeiro. Formou-se em jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), em 1985. Na faculdade, Andrea militou no movimento estudantil, cuja principal bandeira de luta na época era a redemocratização do país, e fez campanha pela anistia de exilados políticos.[3] Tomou parte também na campanha das Diretas-Já e participou do Movimento Jovem Pró-Tancredo, no Rio de Janeiro. Em 1985, fez parte da delegação brasileira que compareceu ao Encontro Internacional da Juventude, realizado em Cuba. Na ocasião, foi oradora oficial, em solenidade com a presença de Fidel Castro. Na virada dos anos 1980, visitou a Nicarágua, na época da Revolução Sandinista, de 1979.
Em 30 de abril de 1981, Andrea foi testemunha do Atentado do Riocentro. Ela tinha ido com o namorado ao show comemorativo ao Dia do Trabalho, com a participação do compositor Chico Buarque de Holanda. Saíram de Ipanema rumo ao Pavilhão Riocentro, na Barra da Tijuca. Chegaram atrasados e estacionaram em um canto afastado do estacionamento. No estacionamento, viram um homem ensanguentado. O ferido tentou pegar um táxi, mas o motorista recusou-se e não deu socorro. O casal deu assistência ao ferido e o acompanhou até uma barraca do Corpo de Bombeiros, mas como ele sangrava em profusão, e não havia tempo de aguardar a ambulância. Foram escalados para levá-lo ao hospital mais próximo e, durante o percurso ao hospital, o ferido não deu explicações do que tinha acontecido. Ela ainda não sabia, mas a pessoa que encharcou seu carro de sangue era o capitão Wilson Dias Machado, sobrevivente do atentado à bomba idealizado pela linha dura do regime militar. Uma das bombas que seria plantada pelos militares no show explodiu acidentalmente dentro do carro dos militares, no colo do sargento Guilherme Pereira do Rosário, que morreu na hora e feriu o capitão Wilson.[2][2]
Carreira
editarSua primeira atividade profissional foi como pesquisadora do Centro de Pesquisa e Documentação da História Contemporânea do Brasil da Fundação Getúlio Vargas (CPDOC-FGV), no começo dos anos 80, no Rio de Janeiro. Ali, integrou a equipe que ajudou a organizar o acervo de Getúlio Vargas, considerado a principal referência sobre a vida do ex-presidente da República.
No início dos anos 80, Andrea colaborou como jornalista freelance na Revista de Domingo, do Jornal do Brasil e na Revista Pais & Filhos.[2] No campo editorial, em 1986, Andrea coordenou a publicação do livro "São João del Rei". E, em 2005, concebeu e organizou a obra "Tancredo Neves, um Homem para o Brasil". Em 2010, como parte das comemorações do centenário de Tancredo Neves, trabalhou com o jornalista Mauro Santayana na organização da coletânea de discursos do ex-presidente.
A experiência de Andrea Neves na administração pública começou em 1990, quando foi Secretária-adjunta de Cultura do Governo de Minas Gerais, na gestão Hélio Garcia. Nessa função, esteve a cargo da coordenação das comemorações oficiais dos 200 anos da morte de Tiradentes, mártir da Inconfidência Mineira.
Com a eleição de seu irmão para o governo estadual, em 2003, Andrea fez parte do Grupo Técnico de Comunicação do Governo de Minas Gerais. Trata-se de um núcleo de trabalho que reúne os responsáveis pelas áreas de comunicação dos órgãos da administração direta e empresas públicas, entre outros, para estabelecer as diretrizes e a execução das políticas de prestação de contas do governo estadual à população. O grupo atua de forma colegiada e tem caráter consultivo e de assessoramento. Tem experiência em campanhas políticas, tendo participado de diversas campanhas eleitorais.[3] Em 2013, foi eleita pela série iG, entre os 60 nomes mais poderosos do Brasil.[3]
Em 2014, Andrea atuou na campanha estadual do PSDB em Minas Gerais e na campanha nacional do partido na área de comunicação. Andrea atua desde 1994 nas campanhas vinculadas ao PSDB.[4] Comandou a coordenação da aplicação de recursos publicitários do governo de Minas Gerais no mesmo período em que veículos de imprensa de propriedade da família Neves recebiam verbas destinadas a anúncios publicitários do governo do Estado. A família possuía na época, quatro veículos de imprensa: as rádios Jovem Pan FM Belo Horizonte (afiliada à Jovem Pan FM), São João e Colonial e o jornal Gazeta de São João Del Rei.[5]
Gestão no SERVAS
editarDurante o governo de seu irmão Aécio Neves no governo de Minas, Andrea assumiu a presidência do Serviço Social Autônomo SERVAS – SSA – SERVAS MG, entidade sem fins lucrativos, criada há sete décadas pelo governo do estado para promover a responsabilidade e a inclusão social.[6]
Entre 2003 e 2014, o SERVAS orientou programas, projetos e ações da instituição com foco no apoio a entidades de serviços assistenciais. Foi, ainda, criado o Movimento Minas solidária, parceria entre poder público estadual, municipal e sociedade civil que levou, entre outras ações, à construção de 953 moradias em 60 municípios para famílias desabrigadas pelas chuvas no estado. Na ocasião, ampliou o programa Vitavida que produziu mais de dez milhões de refeições desidratadas. Também valorizou a arte musical das comunidades da Região Metropolitana de Belo Horizonte por meio do programa Vozes do Morro. Na ocasião, criou o Programa Valores de Minas, que ofereceu a centenas de alunos da rede pública estadual cursos de teatro, dança, circo, música e artes plásticas. Também criou o Centro Mineiro de Referência em Resíduos (CMRR), um espaço aberto para apoiar prefeituras e empresas a pensar alternativas de transformação de resíduos em oportunidades de trabalho e renda.[6]
- Movimento Minas Solidária
O Movimento Minas Solidária foi criado para enfrentar as tragédias trazidas pelas fortes chuvas que atingiram o Estado em 2003. O Moimento surgiu como uma nova forma de trabalho conjunto em Minas Gerais e se constituiu em um fórum envolvendo Governo do Estado, prefeituras, empresas, entidades de classe, veículos de comunicação e sociedade organizada, capaz de articular ações que têm como base a solidariedade humana. Sob a coordenação institucional do SERVAS e da Defesa Civil, foram arrecadados e distribuídos 2,1 milhões de donativos, beneficiando 201 municípios mineiros. Ao longo de 2003 e 2004, o Minas Solidária promoveu a articulação que permitiu a construção de 953 moradias em 60 municípios para famílias que perderam suas casas com as chuvas. Em 2008, o Movimento mobilizou empresas e entidades de classe que se somaram para mobiliar as novas casas que o Estado doou para as famílias desabrigadas pelo terremoto ocorrido em Itacarambi, em 2007.[7]
- Valores de Minas
Em parceria com o Governo do Estado, o programa Valores de Minas oferecia anualmente a cerca de 500 de alunos da rede pública estadual, cursos de teatro, dança, circo, música e artes plásticas. Os alunos recebiam também mochila, uniforme, vale-transporte, lanche e almoço. Profissionais da rede pública participavam de cursos de especialização e os jovens recebiam aulas de reforço durante as férias escolares. Anualmente, um grande espetáculo, totalmente criado e produzido por esses jovens, orientados por seus professores, era apresentado ao público.[8]
- Campanha Volta
O projeto, em parceria com a Polícia Civil, tinha o objetivo de localizar pessoas desaparecidas no estado de Minas Gerais. Ele consiste na divulgação de imagens na mídia e pela chamada rede de solidariedade, integrada por empresas de ônibus, cinemas, metrô, além de outros setores. A campanha é considerada o mais amplo conjunto de ações do país para localizar desaparecidos. Fotos e dados sobre as pessoas que não estão mais em casa são desde então veiculadas na TV, rádios, jornais e outros veículos de comunicação. A veiculação das peças dá prioridade a menores, portadores de necessidades especiais e idosos. Através da campanha, em pouco mais de três anos foram encontradas mais de 3.000 pessoas em todo o estado.[9]
- Proteja Nossas Crianças
O Servas se somou ao trabalho desenvolvido pelo Governo de Minas, na organização de uma grande campanha, lançada em 2008, contra a exploração sexual de crianças e adolescentes mineiros. No seu lançamento, foi divulgada a Carta de Minas Pelas Crianças e contou com o apoio de veículos de comunicação e de entidades de classes empresariais.[10]
Investigações
editarAndrea foi presa durante a Operação Patmos, na 41ª fase da Operação Lava Jato da Polícia Federal, em 18 de maio de 2017.[11] A prisão foi devida a suspeitas que ela tenha pedido dinheiro ao empresário Joesley Batista, dono do grupo JBS, em nome do irmão, Aécio Neves.[11] Após longa investigação judicial, Andrea foi inocentada das acusações pela 7ª Vara Criminal de São Paulo, responsável pelo caso. O advogado Fábio Tofic, que representou Andrea Neves no caso, afirmou que a decisão fez "Ruir o castelo de uma grande farsa, que alimentou o clamor público e fez muito mal à justiça".[12] No dia 27 de julho, o TRF 3 confirmou a decisão da 1ª instância, confirmando a inocência de Andrea Neves das acusações e que sua prisão foi indevida.[13]
O ex-presidente do Partido Progressista, Pedro Corrêa, no seu acordo de delação premiada em março de 2016 já havia mencionado que Andrea supostamente era operadora de propina para seu irmão senador.[14] Em 2022, Pedro Corrêa voltou atrás e anunciou que pretende anular toda a sua delação, na qual provas nunca foram apresentadas.[15]
Andrea também foi citada na delação do ex-diretor da Odebrecht, Benedicto Júnior.[16] Mas em 2022, o STF decidiu rejeitar a denúncia por falta de provas. [17]
Referências
- ↑ «Andrea Neves da Cunha, a mulher por trás de Aécio Neves». Consultado em 27 de setembro de 2015. Arquivado do original em 28 de setembro de 2015
- ↑ a b c d «A guardiã do governador». Estadão. Consultado em 4 de março de 2014. Cópia arquivada em 27 de setembro de 2015
- ↑ a b c «42. Andrea Neves». Último Segundo. iG. Consultado em 4 de março de 2014
- ↑ «Aécio Neves nega que irmã assumirá coordenação da campanha em 2014». Correio Braziliense. Consultado em 4 de março de 2014
- ↑ «Irmã de Aécio chefiou órgão que fiscalizava verbas para rádios de tucano». Uol. 16 de outubro de 2014. Consultado em 27 de setembro de 2015. Cópia arquivada em 20 de setembro de 2015
- ↑ a b «Servas | O Servas». Consultado em 24 de março de 2023
- ↑ «Servas | O Servas». servas.org.br. Consultado em 28 de março de 2023
- ↑ «Valores de Minas». SPCD. 17 de maio de 2020. Consultado em 30 de março de 2023
- ↑ «ONG Gente Buscando Gente: Campanha "Volta" - Servas e Governo de Minas Gerais.». ONG Gente Buscando Gente. Consultado em 31 de outubro de 2023
- ↑ «Agência Minas - Notícias do Governo do Estado de Minas Gerais». www.2005-2015.agenciaminas.mg.gov.br. Consultado em 31 de outubro de 2023
- ↑ a b «Andrea Neves, irmã do senador Aécio, é transferida para penitenciária em BH». G1 Minas Gerais. globo.com. Consultado em 20 de maio de 2017
- ↑ «Aécio e Andréa Neves são absolvidos da acusação de corrupção passiva». Consultor Jurídico. Consultado em 10 de outubro de 2022
- ↑ «Justiça mantém absolvição de Aécio Neves da acusação de corrupção passiva». G1. 27 de julho de 2023. Consultado em 1 de agosto de 2023
- ↑ «Pedro Corrêa em delação fala que corrupção vem desde PSDB, diz jornal». Valor Econômico. 23 de março de 2016. Consultado em 20 de maio de 2017
- ↑ «'Penso em anular minha delação', diz ex-deputado que delatou Lula - Política». Estadão. Consultado em 27 de novembro de 2022
- ↑ «Citado na Operação Lava-Jato, o senador Aécio Neves pediu o acesso à delação premiada de ex-executivo da empreiteira Odebrecht que falou em seu nome». Jornal O Sul. 1 de abril de 2017. Consultado em 20 de maio de 2017
- ↑ afonsobenites. «STF rejeita por unanimidade denúncia da Lava Jato contra Aécio Neves». CNN Brasil. Consultado em 27 de novembro de 2022