João de Andrade Corvo
João de Andrade Corvo (Torres Novas, 30 de janeiro de 1824 — Lisboa, 16 de fevereiro de 1890) foi Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal de 13 de setembro de 1871 a 29 de janeiro de 1878, durante o governo de Fontes Pereira de Melo. Nesse período também acumulou a pasta da Marinha e Ultramar de 1872 a 1877. Frequentou o Colégio Militar e fez estudos de Medicina, Engenharia, Matemática e Ciências Naturais. Tem uma rua com o seu nome em Lisboa e Sintra.[1]
João de Andrade Corvo | |
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João de Andrade Corvo, c. 1878.
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Nascimento | 30 de janeiro de 1824 Torres Novas |
Morte | 16 de fevereiro de 1890 (66 anos) Lisboa |
Nacionalidade | portuguesa |
Ocupação | Engenheiro, médico, agrónomo e naturalista; Deputado, ministro das Obras Públicas, dos Negócios Estrangeiros, da Marinha e Ultramar; |
Principais trabalhos | Um Ano na Corte |
Assinatura | |
Primeiros Anos no Governo
editarIniciou a sua carreira política como deputado em 1865, tendo assumido no ano seguinte a pasta das Obras Públicas, Comércio e Indústria, ministério onde contribuiu para o desenvolvimento da rede ferroviária nacional. Em outubro de 1869 foi enviado para Madrid para excercer o cargo de Cônsul de Portugal, tendo lá permanecido até junho de 1870, quando recebeu ordens de regressar pelo novo governo saído do golpe militar de 19 de maio de 1870.
Políticas de Andrade Corvo
editarDurante o seu Ministério, Andrade Corvo procurou executar uma política de diversificação das alianças de Portugal, reafirmando a tradicional aliança aliança Luso-Britânica, estreitando laços com a Espanha e estabelecendo relações com os Estados Unidos da América, que ele considerava a grande potência do futuro.
Para resolver as diferenças com o Reino Unido, Andrade Corvo desenhou uma política denominada tripolar que passava pela resolução de três pontos de atrito entre os dois países:
- Conflito no Zaire
- Questão da Índia
- Questão de Lourenço Marques
Atividade literária
editarAndrade Corvo escreveu um romance histórico, Um Ano na Corte, publicado em 4 volumes em 1850/1851, cuja ação decorre na corte portuguesa à volta dos eventos que levaram à deposição de Afonso VI.
Fundou e dirigiu o jornal A Época [2] (1848-1849) juntamente com Rebelo da Silva. Colaborou na Revista Universal Lisbonense[3] (1841-1859), na Revista Contemporânea de Portugal e Brasil[4] (1859-1865) e no periódico Lisboa creche: jornal miniatura[5] (1884).
- "Amor com amor se paga: proverbio em um acto" publicado em 1849.
- "Botânica elementar" publicado em 1850.
- "Um anno na corte" publicado em 1850 na Revista Universal e em 1850 (I e II tomos) e 1851 (III e IV tomos) em livro (romance).
- "Um conto ao serão" peça de teatro publicada em 1852.
- "Memória sôbre a mangra, ou doença das vinhas, nas ilhas da Madeira e Pôrto Santo" publicado em 1855.
- "O Astrologo" peça de teatro estreada em 1859. (eBook)
- "O Aliciador" peça de teatro estreada em 1859. (eBook)
- a colectânea "Theatro de João d'Andrade Corvo. I. O Alliciador.-O Astrologo" publicada em 1859.
- "Estudos económicos e higiénicos sôbre arrozais" publicado em 1859 (relatório apresentado por uma comissão especilizada chefiada por Andrade Corvo para responder a um estudo encomendado pelo ministro do Reino).
- "A instrução pública", discurso dado nas sessões de 9, 10 e 11 de Abril de 1866 da Câmara dos Deputados portuguesa.
- "Conferência feita na Associação Central da Agricultura Portuguesa" publicado em 1867.
- "A questão do caminho de ferro do Sueste" publicado em 1868.
- "Perigos" publicado em 1870.
- "O sentimentalismo" publicado em 1871 com 318 páginas (miscelânia de cartas e contos).
- "Negócios externos; relatórios e documentos apresentados às côrtes na sessão legislativas de 1872" publicado em 1872[7].
- "O livro do lavrador" publicado em 1873 em Portugal, colónias portuguesas e Brasil.
- "Relatório da administração ultramarina e naval" publicado em 1875.
- "A Agricultura e a natureza publicado em 1880.
- "Physica popular" publicado em 1880.
- "Da agua para as regas" publicado em 1881.
- "Química popular" publicado em 1881.
- "Economia politica para todos" publicado em 1881.
- primeira edição do até então inédito "Roteiro de Lisboa a Goa"[8] de D. João de Castro publicado em 1882 com 428 páginas.
- "Os motores na indústria e na agricultura" publicado em 1883.
- "Estudo sôbre as provincias ultramarinas"[9] publicados em quatro tomos (1º e 2º em 1883, 3º em 1884 e 4º em 1887)[10] pela Academia Real das Ciências de Portugal.
- "Contos em viagem I - Phantasias philosophicas de D. Facundo primigenius, conto prologo" publicado em 1883[11].
- "As machinas agrícolas" (sem data de publicação).
- "Relatório e projecto de lei sôbre o comércio de cereais" (sem data de publicação).
- "Relatório sôbre a exposição de Paris, agricultura" (sem data de publicação).
- "As irrigações" (sem data de publicação).
Andrade Corvo foi ainda autor de inúmeros artigos sobre temáticas científicas, económicas, políticas e culturais em várias revistas e jornais portugueses da altura como os Annaes das Sciencias e das Letras, a Revista Universal Lisbonnense, Mosaico, Jornal do Comércio, A Epocha e Archivo Universal. O opúsculo anónimo "Falou a oposição", publicado em Lisboa em 1849, também lhe foi atribuído mas isso nunca foi confirmado.[12]
Referências
- ↑ «João de Andrade Corvo» (PDF). Biblioteca Nacional Digital. Diário Illustrado. 17 de fevereiro de 1890
- ↑ Helena Roldão (15 de setembro de 2017). «Ficha histórica:A Época: jornal de industria, sciencias, litteratura e bellas-artes (1848-1849)» (PDF). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 27 de Outubro de 2017
- ↑ Rita Correia (30 de novembro de 2006). «Ficha histórica:Revista Universal Lisbonense.(1841-1853)» (PDF). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 15 de Setembro de 2014
- ↑ Pedro Mesquita (6 de dezembro de 2013). «Ficha histórica:Revista Contemporânea de Portugal e Brasil (1859-1865)» (PDF). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 13 de Abril de 2014
- ↑ Catálogo BLX. «Lisboa crèche : jornal miniatura oferecido em benefício das creches a sua majestade a Rainha a Senhora Dona Maria Pia, maio de 1884, página 2, ficha técnica – registo bibliográfico.». Consultado em 21 de maio de 2020
- ↑ Diccionario bibliographico portuguez, Inocêncio Francisco da Silva, Imprensa Nacional, 1859, artigo JOÃO DE ANDRADE CORVO, Diccionario bibliographico portuguez: (1-6 do supplemento) A-Lourenço Maximiano Pecegueiro, Inocêncio Francisco da Silva, Brito Aranha, José Joaquim Gomez de Brito, Álvaro Neves e Ernesto Soares, Imprensa Nacional, 1870, artigo JOÃO DE ANDRADE CORVO, e Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, Editorial Enciclopédia, limitada, 1936, artigo ANDRADE CORVO (João de)
- ↑ Andrade Corvo foi responsável por nove outras obras anuais do mesmo título para as sessões legislativas de 1873, 1874 a 1877, 1879, 1880, 1881 e 1882, ver Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, artigo ANDRADE CORVO (João de)
- ↑ também intitulado "Roteiro da viagem que D. João de Castro fêz a primeira vez que foi à Índia, em 1538", ver Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, artigo ANDRADE CORVO (João de)
- ↑ também intitulados "Estudos Ultramarinos", ver Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, artigo ANDRADE CORVO (João de)
- ↑ ver Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, artigo ANDRADE CORVO (João de)
- ↑ O plano original do autor de ser o primeiro de três volumes de uma série não pode ser realizado por falecimento do autor, ver Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, artigo ANDRADE CORVO (João de)
- ↑ Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, artigo ANDRADE CORVO (João de)
- Diccionario bibliographico portuguez de Innocencio Francisco da Silva, Jose Joaquim Gomez de Brito e Alvaro Neves de 1923, citado na página 324.
- Perspectiva histórica da ficção portuguesa: das origens ao Século XX de João Gaspar Simões de 1987 com 754 página, citado na página 325.