Anergates atratulus
Anergates atratulus é uma espécie de inseto do gênero Anergates, pertencente à família Formicidae.[1]
Anergates atratulus | |||||||||||||||||||||
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Classificação científica | |||||||||||||||||||||
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Nome binomial | |||||||||||||||||||||
Anergates atratulus (Schenck, 1852) | |||||||||||||||||||||
Sinónimos | |||||||||||||||||||||
Tetramorium atratulum |
Descrição
editarA. atratulus é uma rara formiga parasita e sem obreiras da região paleártica, que foi introduzida junto com os seus hospedeiros (formigas do género Tetramorium) na América do Norte. Este inquilino extremo é representado apenas por machos assemelhados a pupas e por fêmeas, cuja morfologia e anatomia indica um nível altamente especializado de parasitismo. O corpo dos machos é despigmentado, a cúticula é estreita, o pecíolo está largamente ligado ao pós-pecíolo, e as mandíbulas, palpos e antenas são degeneradas. Nas fêmeas a venação das asas é reduzida e a região occipital está estreitada. As fêmeas maduras são tipicamente fisogástricas e vivem em formigueiros hospedeiros sem rainhas.[2]
Como, ao contrário do que acontece com outros parasitas sociais obrigatórios, ao que se sabe a A. atratulus nunca coexiste com uma rainha fértil na colónia hospedeira, qualquer colónia A. atratulus–Tetramorium sp. está condenada a sobreviver apenas o tempo de vida das obreiras Tetramorium sp. mais jovens. Assim, a rainha parasita tem um período muito limitado para produzir descendentes alados para assegurar a nova geração, já que o período de tempo até à morte das obreiras (das quais dependem tanto a rainha A. atratulus como as suas larvas) é frequentemente de apenas 2 ou 3 anos ou até menos.
Note-se que enquanto outras espécies de formigas (p.ex., a Leptothorax goesswaldi) que parasitam formigueiros sem rainhas matam a rainha da espécie hospedeira, a A. atratulus apenas invade colónias que já não tenham uma rainha viva.[3]
Hospedeiros
editarEmbora a A. atratalus seja sobretudo registada em formigueiros das espécies Tetramorium caespitum e T. impurum (espécies pertencentes ao complexo Tetramorium caespitum/impurum), foi também observada, a uma altitude invulgarmente baixa (300 m), num formigueiro de T. diomedeum, que pertence ao complexo Tetramorium ferox. A futura clarificação da complicada composição taxonómica do complexo Tetramorium caespitum/impurum irá provavelmente alargar o conhcimento sobre o número de espécies parasitadas pela A. atratalus.[2]
O único relato da T. chefketi como hospedeiro da A. atratalus foi dado por Schulz & Sanetra (2002)[4] como uma emenda ao material publicado por Heinze (1987)[5] sobre Tavşanlı (Turquia, distrito de Kütahya). A Tetramorium moravicum foi também mencionada por Sanetra & Buschinger (2000)[6] como possível hospedeira da A. atratalus, mas sem nenhuns dados ou referências adicionais.[2]
Distribuição
editarA sua distribuição é local na Eurosibéria e nas zonas orientais da América do Norte, largamente seguindo a dos seus hospedeiros. Esta presente, em zonas localizadas, no sul da Grã Bretanha, tendo a sua primeira observação confirmada no Reino Unido sido por Horace Donisthorpe e W. C. Crawley a 23 de julho de 1913 na New Forest.[7]
Ver também
editar- Pseudoatta argentina, outra formiga que provavelmente também só parasita formigueiros já sem rainhas
Referências
editar- ↑ «Anergates atratulus». Fauna Europaea (em inglês). Consultado em 19 de outubro de 2019
- ↑ a b c Lapeva-Gjonova, Kiran & Aksoy 2012
- ↑ Buschinger, Alfred (2009). «Social parasitism among ants: a review (Hymenoptera: Formicidae)» (PDF). Myrmecological News (em inglês). 12: 222. ISSN 1997-3500. Consultado em 8 de setembro de 2017
- ↑ Schulz & Sanetra 2002
- ↑ Heinze 1987
- ↑ Sanetra & Buschinger 2000
- ↑ Donisthorpe 1915
Bibliografia
editar- Donisthorpe, Horace St. J. K. (1915). «Anergates atratulus Schenck.» (PDF). British ants, their life-history and classification (em inglês). [S.l.]: Plymouth: Brendon & Son. p. 89-95. LCCN agr16000127. OL 7220990M. Consultado em 11 de setembro de 2017
- Heinze, J. (1987). «Three species of social parasitic ants new to Turkey». Insectes Sociaux (em inglês). 34 (1): 65–68. doi:10.1007/bf02224208
- Lapeva-Gjonova, A.; Kiran, K.; Aksoy, V. (2012). «Unusual Ant Hosts of the Socially Parasitic Ant Anergates atratulus (Schenck, 1852) (Hymenoptera, Formicidae)». Psyche: A Journal of Entomology (em inglês). 2012. 3 páginas. doi:10.1155/2012/391525
- Sanetra, M.; Buschinger, A. (2000). «Phylogenetic relationships among social parasites and their hosts in the ant tribe Tetramoriini (Hymenoptera: Formicidae)». European Journal of Entomology (em inglês). 97 (1): 95–117. doi:10.14411/eje.2000.017
- Schulz, A.; Sanetra, M. (2002). «Notes on the socially parasitic ants of Turkey and the synonymy of Epimyrma (Hymenoptera, Formicidae)». Entomofauna (em inglês). 23 (14): 157–172
- Schenck, A. (1852). «Beschreibung Nassauischer Ameisenarten». Jahrbücher des Vereins für Naturkunde im Herzogthum Nassau (em alemão). 8: 1-149 (a rainha e o macho descritos na página 91). doi:10.5281/zenodo.24598. Consultado em 8 de setembro de 2017
- Wheeler, William M. (1908). «Comparative ethology of the European and North American ants». Journal für Psychologie und Neurologie (em inglês). 13: 404-435 (descrição da A. atratulus, pp. 430-432)
Ligações externas
editar- «Tetramorium atratulum». AntWeb (em inglês). California Academia of Sciences. Consultado em 8 de setembro de 2017
- «Tetramorium atratulum». AntWiki (em inglês). Consultado em 8 de setembro de 2017