Angela Maria Brasil Biaggio
Angela Maria Brasil Biaggio (Rio de Janeiro, 29 de julho de 1940 – Porto Alegre, 19 de maio de 2003[1]) foi uma psicóloga brasileira, uma das primeiras pesquisadoras em Psicologia no Brasil, pioneira na área da psicologia do desenvolvimento humano, especificamente na questão do desenvolvimento moral.
Angela Maria Brasil Biaggio | |
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Nascimento | 29 de julho de 1940 Rio de Janeiro, Brasil |
Morte | 19 de maio de 2003 (62 anos) Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil |
Residência | Brasil |
Nacionalidade | Brasileira |
Cônjuge | Luis Isnard Leão Biaggio |
Alma mater | Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro |
Orientador(es)(as) | Robert Grinder |
Instituições | Minnesota State University
Universidade de Brasília Universidade Federal do Rio Grande do Sul |
Campo(s) | Psicologia |
Tese | Relationships among behavioral, cognitive, and affective aspects of children´s conscience (1967)[1] |
Vida pessoal
editarAngela nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 1940, filha de Mário Nóbrega Brasil da Silva e Maria de Lourdes Canario Brasil[1]. Estudou Psicologia na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro[1]. Quando adolescente teve a oportunidade de fazer intercâmbio nos Estados Unidos, provavelmente servindo de influência para que cursasse mestrado e doutorado pela Universidade do Wisconsin. Obteve o título de Mestra em Psicologia Educacional em 1965, sob a orientação de Julian C. Stanley e defendeu sua tese de doutorado em 1967, com orientação de Robert Grinder, onde investigou o desenvolvimento moral com base na teoria do julgamento moral de Lawrence Kohlberg (1927-1987), área ainda desconhecida no Brasil na época[1][2].
Carreira
editarEntrou para a equipe docente do curso de Psicologia da PUC do Rio de Janeiro em 1968 e foi professora no Departamento de Psicologia da Universidade Estadual de Minnesota em Moorhead, de 1970 a 1971. No ano seguinte, lecionou na Universidade de Brasília e integrou o corpo docente do Curso de Mestrado em Psicologia da PUC do Rio Grande do Sul[1]. Estava novamente na PUC do Rio de Janeiro em 1974, onde lecionou até 1980, retornando a Porto Alegre em 1981, a convite de Juracy Marques, onde teve grande importância no programa de pós-graduação com Psicologia Educacional. Trabalhou com diferentes variáveis com relação ao julgamento moral, como locus de controle, ansiedade, raiva, religião, personalidade, gênero, atitudes em relação à ecologia e ao pacifismo e comparações interculturais no julgamento moral[1][2].
Foi presidente da Sociedade Interamericana de Psicologia de 1991 a 1993. Escreveu diversos artigos e livros, como Psicologia do Desenvolvimento (1975), pela Editora Vozes e Pesquisas em Psicologia do Desenvolvimento e da Personalidade (1984). Foi representante da área de psicologia na CAPES de 1990 a 1993. Traduziu para o português e adaptou diversos dilemas morais baseados no manual de dilemas desenvolvido por Moshe Blatt[1]. Junto de orientandos e colegas propôs novos dilemas. Em 1994, fez pós-doutorado nos Estados Unidos, pela Universidade de Notre Dame, em Indiana[1][2].
O pós-doutorado reacendeu seu interesse por temas universais, os quais abordava de forma mais indireta em sua carreira até então: questões ecológicas e de promoção da paz. Elaborou um programa de intervenção em escolas em Porto Alegre para aprimorar o raciocínio moral através da discussão de dilemas morais com conteúdo ecológico e pacifista entre alunos e professores. Em 2002, apresentou a criação de uma Escala de Atitudes em relação à Paz, a qual desenvolveu juntamente com a escala DIT-2[1][2].
Dedicou-se aos estudos da ansiedade e da raiva, adaptando e validando escalas para a avaliação destes aspectos para uso no Brasil. Nessa linha de desenvolvimento de instrumentos de avaliação psicológica, trabalhou com o Sociomoral Reflective Objective Measure (SROM), uma medida de avaliação do julgamento moral, realizando a adaptação e validação do instrumento para a coleta de dados com amostras brasileiras[2].
Morte
editarAngela faleceu em Porto Alegre, em 19 de maio de 2003, devido a um câncer de pâncreas. Foi esposa do também psicólogo Luis Isnard Leão Biaggio (1932-2001), com quem teve um casal de filhos[1].
Obras selecionadas
editar- BIAGGIO, A. M. B.. Psicologia do Desenvolvimento. 21. ed. Petrópolis: Vozes, 2009. 344p.
- BIAGGIO, A. M. B.. Lawrence Kohlberg: Ética e Educação Moral. 2. ed. São Paulo: Moderna, 2006. v. 1. 144p.
- Schuhly, G. ; BIAGGIO, A. M. B. ; NERVA, G. B. . Motivação e desenvolvimento: adolescentes brasileiros de camadas populares: questões de socialização e educação. São Paulo: Edições Loyola, 1995. 200p .
- SPIELBERGER, C. D. ; BIAGGIO, A. M. B. . Manual do Inventário de Expressão de Raiva como Estado-Traço (STAXI): Tradução e Adaptação. São Paulo: Vetor, 1992. v. 1. 51p.
- BIAGGIO, A. M. B.. Pesquisas em psicologia do desenvolvimento e da personalidade. 1. ed. Porto alegre: Editora da UFRGS, 1984. v. 1. 217p.
Referências
- ↑ a b c d e f g h i j k CNPq (ed.). «Angela Maria Brasil Biaggio». Pioneiras da Ciência no Brasil. Consultado em 8 de agosto de 2017
- ↑ a b c d e Rede Nacional de Ciência para Educação (ed.). «Angela Maria Brasil Biaggio». Rede Nacional de Ciência para Educação. Consultado em 8 de agosto de 2017[ligação inativa]