Angico dos Dias
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Angico dos Dias é um distrito de Campo Alegre de Lourdes, no estado da Bahia, Brasil.[1] Situa-se a cerca de 72 quilômetros da sede do município, e a apenas 12 quilômetros da cidade de Caracol, no Piauí.[2] Em 2014, viviam no distrito cerca de trezentas famílias, num total de pouco mais de mil habitantes,[2] com várias comunidades tradicionais de fundo de pasto.[3]
O nome do distrito deriva da primeira família a se fixar no local, os Dias, atraídos pela fertilidade do solo e boa disponibilidade de água.[2]
Hoje Angico dos Dias faz parte do chamado Polígono das Secas, estando sujeito a prolongados períodos de estiagem, encontrando-se em avançado estado de desertificação. Com a maior parte dos rios intermitente e poluída, e solo seco e compacto, a principal atividade econômica local, a agricultura, encontra-se muito dificultada.[2]
A 10 de outubro de 2019, um incêndio atingiu parte da área das comunidades tradicionais de fundo de pasto do território de Angico dos Dias, alastrando-se por uma extensa área, composta por várias espécies da caatinga, como aroeiras, angicos, umbuzeiros, umburanas e caroás. De acordo com Edinei Soares, presidente da Associação de Fundo de Pasto de Angico dos Dias e Açu, “era uma área bem preservada, com madeira nativa de muitos anos, que tínhamos o maior cuidado e o fogo passou devorando tudo”. Segundo os moradores locais, o incêndio terá tido origem criminosa, estando ligado a pessoas envolvidas na tentativa de grilagem de terras das comunidades tradicionais.[4]
Em julho de 2020, Jair Bolsonaro inaugurou a adutora do sistema de abastecimento de água do município responsável pelo abastecimento de Angico dos Dias, parte da obra iniciada no governo de Dilma Rousseff.[1]
Mineração de fosfato
editarNeste distrito está localizada a jazida de fosfato mais antiga do país, com cerca de dois bilhões de anos,[2] explorada desde 1996 pela mineradora Galvani.[5] Em 2017, após uma pesquisa de dois anos, a unidade de mineração de Angico dos Dias, da Galvani, aumentou em 4,2% a recuperação mássica de fosfato, otimizando a granulometria das peneiras e grelhas do moinho.[5]
O Instituto Lina Galvani, ligado à empresa Galvani, tem vindo a apoiar a realização de feiras, exposições culturais, atividades gratuitas de esporte, lazer e educação para crianças e adolescentes, assim como ações integradas de promoção da qualidade de vida na terceira idade.[6]
Explosões
editarEm 2016, a mineradora Galvani, localizada no território das comunidades tradicionais de fundo de pasto, realizou explosões que provocaram diversos prejuízos aos trabalhadores rurais.[3]
Em 24 e 25 de setembro de 2019, apesar dos protestos da população, a Galvani voltou a realizar explosões no local.[7] Segundo a Associação de Fundo de Pasto de Angico dos Dias e Açu, as explosões da Galvani causaram rachaduras em várias casas e cisternas, espalhando o terror entre a população, além de obrigar ao confinamento dos animais, violando o direito das comunidades tradicionais de fundo de pasto de exercerem seu modo de vida, caracterizado pela criação à solta. Após as primeiras explosões, a comunidade de Angico dos Dias encaminhou uma denúncia ao Ministério Público do Estado da Bahia, esperando que a Galvani seja impedida pelos órgãos competentes de realizar novas explosões.[3]
O tema das explosões em Angico dos Dias foi o mais debatido no Fórum de Entidades Populares de Campo Alegre de Lourdes, realizado a 2 de outubro daquele ano na sede do município. Também o bispo de Juazeiro, Dom Beto Breis, manifestou a sua solidariedade à comunidade, em mensagem divulgada a 4 de outubro seguinte: “denunciando tal situação, colocamo-nos pois ao lado dos moradores das comunidades em situação de medo e sofrendo os efeitos dos impactos ambientais do citado empreendimento suplicamos às autoridades competentes medidas firmes e eficazes no sentido de garantir os direitos das populações locais e, assim, a justa qualidade de vida para todos.”[7]
Na tarde de 24 de abril de 2020, a comunidade tradicional de fundo de pasto Angico dos Dias foi surpreendida com novas explosões da mineradora Galvani, aumentando a insegurança já sentida com a pandemia de Covid-19, também ela derivada sobretudo da circulação de caminhões e trabalhadores da mineradora vindos de outros municípios, em circulação pelo seu território.[8]
Referências
- ↑ a b «Ao retomar inaugurações de obras, Bolsonaro mira reduto petista». O Globo. 30 de julho de 2020. Consultado em 28 de dezembro de 2020
- ↑ a b c d e «Instituto Lina Galvani: case Angico dos Dias». Sinapse. Consultado em 28 de dezembro de 2020
- ↑ a b c «Mineração: uso de explosivos aterroriza comunidade de Angico dos Dias». irpaa.org. IRPAA - Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada. 23 de setembro de 2019. Consultado em 28 de dezembro de 2020
- ↑ «Incêndio destrói área preservada da Caatinga em Campo Alegre de Lourdes». irpaa.org. IRPAA - Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada. 14 de outubro de 2019. Consultado em 28 de dezembro de 2020
- ↑ a b «Angico dos Dias otimiza granulometria e aumenta aproveitamento de fosfato». notícias. Consultado em 28 de dezembro de 2020
- ↑ Maynart, Georgina (18 de dezembro de 2019). «Terreno fértil: 42 substâncias minerais podem ser encontradas na BA». Jornal CORREIO | Notícias e opiniões que a Bahia quer saber. Consultado em 28 de dezembro de 2020
- ↑ a b «"Hoje somos todos Angico dos Dias": Fórum de Entidades presta solidariedade a comunidade impactada pela mineração». irpaa.org. IRPAA - Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada. 8 de outubro de 2019. Consultado em 28 de dezembro de 2020
- ↑ «Mineradora não para durante pandemia e Angico dos Dias sofre com novas explosões e risco de contaminação». irpaa.org. IRPAA - Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada. 5 de maio de 2020. Consultado em 28 de dezembro de 2020