Annus mirabilis (pl. anni mirabiles) é uma expressão latina cujo significado é ano maravilhoso, ano miraculoso ou ano incrível. É usada para fazer referência a anos em que houve grande desenvolvimento em algum assunto ou conhecimento, ou uma série de eventos muito significativa e impactante. Inicialmente foi usado para se referir ao ano 1666, mas ao longo dos tempos estendeu-se a outros anos nos quais eventos de grande importância ocorreram.

Os Reis Católicos (Isabel I de Castela e Fernando II de Aragão) construíram em 1492 a mais poderosa monarquia ocidental com a conquista de Granada (2 de janeiro) e a descoberta da América (12 de outubro) a serem os acontecimentos fulcrais. Em 31 de março expulsaram os judeus de Espanha. 1492 é ainda o ano da elaboração da primeira gramática de uma língua moderna, a Gramática de la lengua castellana; o seu autor, Antonio de Nebrija (importante conselheiro dos monarcas) escreveu, comparando a língua espanhola e a língua latina: siempre la lengua fue compañera del imperio ("a língua foi sempre companheira do império").[1]

Na história da monarquia espanhola há mais anni mirabiles. John H. Elliott propõe 1625, em plena Guerra dos Trinta Anos.[2]

1543 é o início da Revolução científica[3] quando:

De acordo com o Oxford English Dictionary, a primeira referência à expressão latina vem de "Annus Mirabilis", um poema composto pelo poeta inglês John Dryden sobre os acontecimentos de 1666. A expressão annus mirabilis aplica-se a acontecimentos em Inglaterra, pois apesar da gigantesca calamidade que foi o Grande Incêndio de Londres, o poeta interpreta a inexistência de perdas maiores devido à miraculosa intervenção divina, já que "666" é o Número da Besta e o ano 1666 esperava-se que fosse particularmente desastroso.

Acresce a este evento a vitória inglesa sobre os Países Baixos no contexto da Guerra Anglo-Holandesa, na Batalha do Dia de Santiago Maior.

Isaac Newton

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Em 1666, Isaac Newton fez grandes descobertas e invenções relacionadas com o cálculo, movimento, ótica e gravitação. Assim, 1666 é chamado como o annus mirabilis de Isaac Newton.

Uma série de vitórias dos militares britânicos em 1759 ocorreram na América do Norte, Índia e Europa, além de várias vitórias navais, pelo que este ano é chamado annus mirabilis de William Pitt, 1.º Conde de Chatham. Foi ainda o ano decisivo da Guerra dos Sete Anos.[4][5]

O ano de 1776 com todos os eventos relacionados com a Independência dos Estados Unidos é também chamado por vezes annus mirabilis.[6]

O ano de 1905 tem sido ligado à expressão annus mirabilis, no domínio da Física, pois é o ano em que Albert Einstein publica as suas descobertas sobre o efeito fotoelétrico, movimento Browniano e a teoria especial da relatividade, além da famosa equação E = mc². Os seus artigos são coletivamente chamados "artigos do Annus Mirabilis", e foram publicados no Annalen der Physik em 1905.[7]

Ver também

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Referências

  1. Uso bibliográfico do termo - 1492
  2. The Count-Duke of Olivares: The Statesman in an Age of Decline, Yale University Press, 1986, ISBN 0300044992, pg. 226.
  3. [1] Arquivado em 5 de julho de 2008, no Wayback Machine. Western New England College
  4. Blanning p.299
  5. Monod p.167
  6. John H. Lienhard: Inventing Modern: Growing up with X-Rays, Skyscrapers, and Tailfins. Oxford University Press, 2003 p.39, 2009 Exhibition Catalogue p.66-73
  7. «Johns Hopkins University, Baltimore». Consultado em 15 de dezembro de 2014. Arquivado do original em 19 de dezembro de 2008