António Trigo de Morais
António Trigo de Morais GOC • ComIC • GCI (Samões, Vila Flor, 1895 - Lisboa, 15 de Março de 1966), conhecido igualmente como Trigo de Morais, foi um engenheiro, professor e político português.
António Trigo de Morais | |
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Outros nomes | Trigo de Morais |
Conhecido(a) por | Ter empreendido a construção de várias obras públicas no Ultramar Português em África |
Nascimento | 1895 Samões, Vila Flor |
Morte | 15 de março de 1966 Lisboa |
Nacionalidade | português |
Ocupação | Político, professor e engenheiro |
Principais trabalhos | Colonato do Limpopo |
Cargo | Inspector-geral e presidente do Conselho Superior de Fomento Ultramarino, engenheiro nos Caminhos de Ferro do Sul e Sueste, professor no Instituto Superior de Agronomia, Director-Geral dos Serviços Hidráulicos, subsecretário de Estado do Ultramar, inspector-geral do Fomento de Ultramar |
Biografia
editarVida pessoal e formação
editarFormou-se em Engenharia Civil pelo Instituto Superior Técnico em 1918.[1][2]
Foi acompanhado, após a sua morte (em 15 de Março de 1966, na cidade de Lisboa), pelo presidente Américo Tomás e por António de Oliveira Salazar; os seus restos mortais foram, em 20 de Março, transportados para Lourenço Marques, em Moçambique, tendo sido, segundo a sua vontade, enterrados no cemitério da Aldeia da Barragem, no Colonato de Limpopo.[3]
Carreira profissional
editarDesempenhou o cargo de engenheiro nos Caminhos de Ferro do Sul e Sueste, e foi professor na cadeira de Topografia e Construções no Instituto Superior de Agronomia.[1]
Em 1921, parte para Moçambique, para analisar os Rios Búzi e Limpopo, cujo estudos apresentou em 1925; em 16 de Junho do ano seguinte, apresentou, na Sociedade de Geografia de Lisboa, uma conferência sobre a hidrografia de Moçambique, onde introduziu uma proposta para o aproveitamento agrícola do Rio Limpopo.[1] Por ordem de Manuel Moreira da Fonseca, Governador-Geral de Moçambique, elaborou um estudo sobre o Vale deste rio, que foi, em 1927, recomendado pelo Conselho Superior de Obras Públicas e Minas.[1] Este plano previa a construção de uma barragem a 23 quilómetros a montante do Guijá, o que permitira a irrigação de 29 000 hectares na margem direita, entre este distrito e Mianga; pela barragem, iria passar a planeada linha do caminho de ferro entre Lourenço Marques e a Rodésia.[1] Foi nomeado, em 1933, como presidente da Junta Autónoma de Hidráulica Agrícola, e, em 1936, como director-geral do Fomento para o Ultramar.[1]
Regressou, posteriormente, para Portugal, onde permaneceu cerca de 14 anos, tendo executado várias obras, proeminentemente na Ilha da Madeira.[1] Em 1942, tornou-se membro da Câmara Corporativa, tendo permanecido nesta função até à sua morte.[1] Em 1946, levou a cabo uma missão de estudo sobre o Vale do Rio Cunene, tendo planeado a Barragem de Matala; três anos depois, torna-se Director-Geral dos Serviços Hidráulicos, e, em 1951, assumiu a posição de Subsecretário de Estado do Ultramar, durante a qual planeou o Primeiro Plano de Fomento para o Ultramar.[1] Em Outubro do mesmo ano, representou o Governo Português na assinatura de um contrato para o fornecimento de vagões para os Caminhos de Ferro de Moçambique.[4] Foi, igualmente, presidente do Conselho Superior de Fomento Ultramarino do Ministério do Ultramar.[1] Em 1953, deixa o governo, sendo nomeado inspector-geral do Fomento de Ultramar, com a função de supervisionar as obras de irrigação nos vales dos rios Limpopo e Cunene, a construção das barragens de Matala e Biópio, em Angola, e a organização da Brigada Técnica de Fomento e Povoamento do Vale do Limpopo, cujo propósito era instituir um colonato com o mesmo nome; apesar das várias dificuldades técnicas e financeiras, conseguiu levar a bom termo estes empreendimentos.[1]
Foi Procurador à Câmara Corporativa de Portugal em 6 Legislaturas (III, IV, VI, VII, VIII, IX).[2]
Homenagens
editarA 5 de Dezembro de 1951, a Barragem de Vale do Gaio, na freguesia do Torrão, distrito de Setúbal, foi cognominada Barragem Trigo de Morais.[5][6]
A povoação de Chókwè, em Moçambique, situada junto ao rio Limpopo, tomou o nome de Vila Trigo de Morais em 25 de Abril de 1964, nome que manteria até 13 de Março de 1976, já depois de ter sido elevada a cidade.[7]
A 10 de Dezembro de 1947 foi feito Comendador da Ordem do Império Colonial, a 1 de Novembro de 1948 foi feito Grande-Oficial da Ordem Militar de Cristo e a 16 de Novembro de 1964 foi elevado a Grã-Cruz da Ordem do Império.[8] e homenageado na Sociedade de Geografia de Lisboa, na sessão de 5 de Março de 1966.[1]
Referências
- ↑ a b c d e f g h i j k l «Engenheiro Trigo de Morais». Gazeta dos Caminhos de Ferro. 79 (1878): 29, 32. 16 de Março de 1966
- ↑ a b Castilho, J. M. Tavares (2010). «Biografia de Trigo de Morais.» (PDF). Procuradores da Câmara Corporativa (1935-1974). Assembleia da República Portuguesa. Consultado em 27 de dezembro de 2012
- ↑ «Engenheiro Trigo de Morais (transcrito da edição de Março de 1966 do Boletim de Portos, Caminhos de Ferro e Transportes de Moçambique)». Gazeta dos Caminhos de Ferro. 79 (1883): 133, 134. 1 de Junho de 1966
- ↑ «Caminhos de Ferro Ultramarinos: Moçambique». Gazeta dos Caminhos de Ferro. 64 (1531). 309 páginas. 1 de Outubro de 1951
- ↑ "Assim ficou cognominada 5 de Dezembro de 1951 a Barragem de Vale do Gaio" in Boletim Geral do Ultramar.[ligação inativa] Acesso 2012-08-22
- ↑ Atlas da Água do Sistema Nacional de Informação dos Recursos Hídricos (SNIRH). Arquivado em 19 de novembro de 2015, no Wayback Machine. Acesso 2011-09-08
- ↑ Correia, Arménio. Folha Informativa Dos Municípios II. Maputo: República de Moçambique, Ministério da Administração Estatal, Direcção Nacional de Desenvolvimento Autárquico, 2002.
- ↑ «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Trigo Morais". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 8 de agosto de 2012
Ligações externas
editar- Biografia de Trigo de Morais em Procuradores da Câmara Corporativa (1935-1974) de Castilho, J. M. Tavares no sítio oficial da Assembleia da República Portuguesa.