Apovipcenes de Otmus
Apovipcenes (em latim: Apovipcenes; em grego: Απουιπχένης; romaniz.: Apouipchénes)[1] ou Babequém de Otmus (em armênio: Բաբկեն Ոթմսեցի; romaniz.: Babken Otmsetsi; m. 515/6) foi o católico da Igreja Apostólica Armênia de 490/1 a 515/6.
Apovipcenes | |
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Nascimento | século V Otmus |
Morte | 515/6 |
Nacionalidade | Império Sassânida |
Etnia | Armênio |
Ocupação | Bispo |
Religião | Igreja Armênia |
Nome
editarO nome armênio Babequém (Բաբկեն, Babken) tem origem iraniana e pode ter derivado do persa médio Babe / Pape (Bāb / Pāp, "pai") ou do armênio Babico (Բաբիկ, Babik), que é formado por Babe junto ao sufixo -ik (-իկ).[2] Hrach Martirosyan afirmou que esse sufixo associa-se ao iraniano *-ika-,[3] que era utilizado para construção de adjetivos e substantivos, bem como formava nomes de países. No armênio, em particular, era comumente empregado para formar diminutivos.[4][5] Em sua forma final, perdeu o -i- e ao nome foi acoplado a partícula -ēn (-են).[2]
Biografia
editarApovipcenes nasceu na vila de Otmus, no cantão de Vananda, na região de Cars no noroeste da Armênia.[6][7] Sucedeu em 490/1[8] o católico João I Mandacúnio e, como seu antecessor, trabalhou em estreita colaboração com o marzobã Vaanes I.[9] Em sua morte, em 515/6, foi sucedido por Samuel de Arzeque.[10] É conhecido por convocar o Primeiro Concílio de Dúbio em 505/6, que reuniu em Dúbio, a sede catolicossal, armênios, ibéricos e albaneses.[10] A razão para esta reunião era a recepção do Henótico do imperador Zenão (r. 474–475; 476–491),[11] enquanto a Igreja Armênia e a Igreja Bizantina ainda estavam em comunhão,[12] de modo a combater as mudanças recentes na Igreja do Oriente, nomeadamente a introdução do nestorianismo por Barsauma.[13] O ato sinodal do conselho indica:
“ | Os sínodos foram realizados em vários lugares, às vezes Bendosabora e às vezes em Assuristão pelos líderes desta seita sacrílega: Acácio, Barsauma, Mir-Narses (bispo de Zabe), João (bispo de Carca de Bete Seloque, metropolita de Bete Garmai), Paulo (bispo de Carca de Ledã), Mica (bispo de Lasom) e outros em comunhão com eles, que concordaram com os discursos e a impiedade de Nestório, Diodoro de Tarso e Teodoro de Mopsuéstia.[14] | ” |
O concílio, que não é documentado diretamente por uma carta de Apovipcenes preservada no Livro das cartas da Igreja Armênia,[15] condenou veementemente o nestorianismo.[16] Embora esta carta não mencione uma única vez o nome "Calcedônia",[15] alguns historiadores, principalmente armênios, com base na História da Armênia do católico João V de Drascanacerta (século X), consideram que o concílio marca o rompimento da Igreja Armênia com o calcedonismo, enquanto outros autores, principalmente ocidentais, datam este evento no Segundo Concílio de Dúbio em 555; a historiadora Nina Garsoïan argumenta que o fato remonta a 518, quando o imperador Justino I (r. 518–527) abandonou o Henótico de Zenão,[17] diferente de Anastácio I (r. 491–518) que o seguiu.[18]
Ver também
editar
Precedido por João I Mandacúnio |
Católico da Armênia 490/1-515/6 |
Sucedido por Samuel de Arzeque |
Referências
- ↑ Lequien 1740, p. xliii.
- ↑ a b Ačaṙyan 1942–1962, p. 352.
- ↑ Martirosyan 2021, p. 21.
- ↑ J̌ahukyan 1998, p. 5–48.
- ↑ Schmitt & Bailey 1986, p. 445-465.
- ↑ Garsoïan 1997, p. 111.
- ↑ Boisson-Chernorhokian 1996, p. 38.
- ↑ Garsoïan 1996, p. 100.
- ↑ Grousset 1973, p. 230.
- ↑ a b Grousset 1973, p. 236.
- ↑ Garsoïan 1996, p. 104.
- ↑ Boisson-Chernorhokian 1996, p. 39.
- ↑ Fortescue 2001, p. 81.
- ↑ Garsoïan 1996, p. 187.
- ↑ a b Garsoïan 1996, p. 105.
- ↑ Dédéyan 2007, p. 199.
- ↑ Garsoïan 1996, p. 111.
- ↑ Grousset 1973, p. 234.
- Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em francês cujo título é «Babgen de Otmous», especificamente desta versão.
Bibliografia
editar- Ačaṙyan, Hračʻya (1942–1962). «Բաբկեն». Hayocʻ anjnanunneri baṙaran [Dictionary of Personal Names of Armenians]. Erevã: Imprensa da Universidade de Erevã
- Boisson-Chernorhokian, Patricia (1996). «Vision chalcédonienne et non chalcédonienne de la liste des patriarches de l'Église arménienne jusqu'au xe siècle». In: Nina Garsoïan. L'Arménie et Byzance : histoire et culture. Paris: Publicações da Sorbona. ISBN 2-85088-017-5
- Dédéyan, Gérard (2007). Histoire du peuple arménien. Tolosa: Éd. Privat. ISBN 978-2-7089-6874-5
- Fortescue, Adrian (2001). Eastern Churches Trilogy: The Lesser Eastern Churches. Piscataway, Nova Jérsei: Gorgias Press. ISBN 0971598622
- Garsoïan, Nina (1996). L'Arménie et Byzance : histoire et culture. Paris: Publications de la Sorbonne. ISBN 9782859443009
- Garsoïan, Nina (1997). «The Marzpanate (428-652)». In: Hovannisian, Richard G. Armenian People from Ancient to Modern Times vol. I: The Dynastic Periods: From Antiquity to the Fourteenth Century. Nova Iorque: Palgrave Macmillan. ISBN 978-1-4039-6421-2
- Grousset, René (1973) [1947]. Histoire de l'Arménie: des origines à 1071. Paris: Payot
- J̌ahukyan, Geworg (1998). «-իկ». Hin hayereni verǰacancʻneri cagumə [The Origin of Old Armenian Suffixes]. Erevã: Anania Širakacʻi
- Justi, Ferdinand (1895). Iranisches Namenbuch. Marburgo: N. G. Elwertsche Verlagsbuchhandlung
- Lequien, Michel (1740). Oriens Christianus, in quatuor patriarchatus digestus. Paris: Tipografia Régia
- Martirosyan, Hrach (2021). «Faszikel 3: Iranian Personal Names in Armenian Collateral Tradition». In: Schmitt, Rudiger; Eichner, Heiner; Fragner, Bert G.; Sadovski, Velizar. Iranisches Personennamenbuch. Iranische namen in nebenüberlieferungen indogermanischer sprachen. Viena: Academia Austríaca de Ciências
- Schmitt, R.; Bailey, H. W. (1986). «ARMENIA AND IRAN iv. Iranian influences in Armenian Language». Enciclopédia Irânica Vol. II, Fasc. 4-5. Nova Iorque: Editora da Universidade de Colúmbia