Artropatia neuropática
Artropatia neuropática, osteoartropatia neuropática ou articulação de Charcot refere-se à degeneração progressiva de uma articulação dos pés, pernas ou pélvis (articulações responsáveis por carregar o peso do corpo). É um processo marcado por destruição óssea, reabsorção óssea, e eventual deformidade devido a perda de sensibilidade ao longo de muitos meses ou anos. A primeira descrição foi feita por Jean-Martin Charcot,
Artropatia neuropática | |
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Especialidade | reumatologia |
Classificação e recursos externos | |
CID-10 | M14.6 |
CID-9 | 713.5 |
CID-11 | 1492550461 |
DiseasesDB | 2344 |
eMedicine | 1234293, 391989 |
MeSH | D001177 |
Leia o aviso médico |
Se esse processo patológico continuar sem verificação, pode resultar em deformidade, ulceração e/ou superinfecção da articulação, perda de função e, na pior das hipóteses, amputação ou morte. A identificação precoce de alterações articulares é a melhor maneira de limitar a morbidade.
Sintomas e sinais
editarA apresentação clínica varia dependendo do estágio da doença, começa com um edema leve e evolui a um inchaço e deformidade cada vez maiores. Inflamação, eritema, dor e aumento da temperatura da pele (3-7 graus Celsius) ao redor da articulação podem ser perceptíveis ao exame físico. Raios-X podem revelar reabsorção óssea e alterações degenerativas na articulação. Esses achados na presença de pele íntegra e perda de sensibilidade tátil protetora servem para diagnósticos da artropatia de Charcot aguda.
Cerca de 75% dos pacientes experimentam dor, mas a dor é menor do que a esperado em outras pessoas com signos clínicos e radiográficos similares.
Causas
editarQualquer condição que resulte em menor sensibilidade periférica, propriocepção e controle motor fino:
- Neuropatia diabética (a causa mais frequente, uma complicação do Diabetes mal controlado a largo prazo)
- Neuropatia Alcoólica
- Paralisia cerebral
- Hanseníase
- Sífilis terciária(tabes dorsalis)
- Lesão da medula espinal
- Mielomeningocele
- Siringomielia
- Injeções de esteroides intra-articulares
- Insensibilidade congênita à dor
- Atrofia muscular peroneal
Fisiopatologia
editarDois mecanismos causam essa patologia:
- Neurotraumas repetitivos: A perda de sensibilidade periférica e propriocepção permite que as pequenas lesões repetitivas não sejam percebidas nessa articulação; a reabsorção inflamatória resultante do osso traumatizado torna essa região mais frágil e suscetível a novos traumas. Além disso, o menor controle motor gera maior pressão em certas articulações, levando a mais microtraumas.
- Neurovasculares: Os pacientes neuropáticos apresentam reflexos desregulados do sistema nervoso autônomo e as articulações desencorajadas recebem fluxo sanguíneo significativamente maior. A hiperemia resultante leva ao aumento da reabsorção osteoclástica do osso e a um maior estresse mecânico leva à destruição óssea.
Tratamento
editarDeve ser tratado pelo equilíbrio da vascularização, controle e prevenção de infecções e alívio da pressão. A busca agressiva dessas três estratégias pode ser iniciados no mesmo dia do diagnóstico.[1] O alívio de pressão (descompressão) e a imobilização da articulação são essenciais para ajudar a evitar mais destruição das articulações.
Andadores e muletas também são usados. Fisioterapia para reabilitação é recomendada.
A correção cirúrgica de uma articulação raramente é bem sucedida a longo prazo nesses pacientes. A imobilização com gesso não se traduz em bons resultados sem o manejo adequado da doença vascular e infecção.[1] A duração e a agressividade da descompressão (offloading) devem ser guiadas pela avaliação clínica da melhora do edema, eritema e temperatura da pele.[2] Pode levar de 6 a 12 meses para que o edema, calor e vermelhidão da articulação afetada retrocedam.
Referências
- ↑ a b Snyder, RJ, et al., O manejo de úlceras do pé diabético através de diretrizes de consenso de construção off-loading ideal e recomendações práticas para melhorar os resultados. J Am Podiatr Med Assoc, 2014. 104 (6): p. 555-67.
- ↑ Rogers LC, et al. O pé de Charcot no diabetes. Diabetes Care. 2011; 34 (9): 2123-9.