Asócio I Arzerúnio
Asócio I Arzerúnio (em latim: Asotius; em grego: Ασώτιος; romaniz.: Asṓtios; em armênio: Աշոտ; romaniz.: Ašot; m. 27 de maio de 874) foi um príncipe armênio da família Arzerúnio que reinou sobre o Principado de Vaspuracânia de 836 até 874. Em razão de ter sido capturado pelo Califado Abássida durante a expedição do general Buga Alquibir em 852, teria governado de 836 até 852, e então de 868 até 874, com seu filho Gregório Derenício governando no período intermediário. O início de seu reinado é incerto.
Asócio I Arzerúnio | |
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Príncipe de Vaspuracânia | |
Reinado | 836-852 868-25 de maio de 874 |
Antecessor(a) | Amazaspes II (1ª vez) Gregório Derenício (2ª vez) |
Sucessor(a) | Gurgenes I (1ª vez) Gregório Derenício (2ª vez) |
Morte | 25 de maio de 874 |
Nome completo | |
Աշոտ Ա Արծրունի | |
Descendência | Gregório Derenício |
Casa | Arzerúnio |
Pai | Amazaspes II |
Religião | Cristianismo |
Contexto
editarDesde o final do século VII a Armênia era uma província sob domínio árabe liderada por um osticano (governador) árabe representando o califa omíada e depois abássida,[1] e tornar-se-ia campo de batalha entre o califado e o Império Bizantino até o início do século IX.[2] Para reforçar a sua autoridade, estes osticanos implementaram emires em diversas regiões armênias; em Vaspuracânia, província histórica situada ao sul e dominada pelos Arzerúnio, não houve exceção à regra.[3] A família, no entanto, se beneficiaria da autonomia dos emires locais e da oposição que criavam ao governador[3] e gradualmente expandiu seus domínios.[4]
Nome
editarAsócio (Asotius; Ασώτιος, Asṓtios) é a forma latina e grega do armênio Axote (Աշոտ, Ašot), cuja origem é desconhecida. Foi registrado em árabe como Axote (آشُوط, ʔāšūṭ) e em georgiano como Axote / Axoti (აშოტ(ი), Ašoṭ(i)).[5]
Vida
editarAsócio I era um dos três filhos de Amazaspes II e sua esposa Rípsima, filha de Asócio IV, e sucederia seu pai quando de sua morte em 836.[6] Em 837, enquanto a Armênia sofria com os raides do imperador bizantino Teófilo (r. 829–842), ele se uniu a contra-ofensiva árabe de Melitene liderada pelo emir Ambros ao lado de seu tio Pancrácio II Bagratúnio, príncipe de Taraunitis e príncipe de príncipes da Armênia, e no ano seguinte esteve presente no saque de Amório.[7] Em 850, o califa abássida Mutavaquil (r. 847–861) decide reassumir o controle da Armênia e confiou a liderança das operações ao emir de Manziquerta, mas ele foi derrotado por Asócio,[8] que é então chamado de príncipe (ixicano).[4] Este último, em seguida, vem ao resgate de seu tio Pancrácio II e ganhou mais uma vitória.[9]
Em 851, por sua vez, o califa confere o comando a seu tenente Iúçufe, que tentou capturar Asócio pela trapaça; o ardil não teria funcionado com o sobrinho, mas sim com seu tio: Pancrácio foi feito prisioneiro e exilado em Samarra.[10] Mudando novamente de comandante, o califa enviou o turco Buga Alquibir, que sitiou Asócio em sua fortaleza (Necan): o último foi traído por dois de seus vassalos,[11] sendo capturado e exilado para Samarra ao lado de seu filho Gregório Derenício e de seu irmão Gurgenes Arzerúnio,[12] onde foram obrigados à apostasia formal.[13] Em 857,[14] entretanto, o califa decidiu devolver a Vaspuracânia o jovem Gregório Derenício, acompanhado[15] por seu tio Gurgenes que serviu-lhe como conselheiro até sua morte em 860.[16]
Em 868, Vaspuracânia vivenciou o retorno do pai de Gregório, Asócio I, de seu exílio em Samarra e ambos uniram-se para lutar contra Gurgenes I Arzerúnio,[17] um conflito que restabelecia o status quo.[18] Pai e filho, em seguida, tentam reduzir os enclaves muçulmanos em Vaspuracânia,[19] mas só conseguem tomar a cidade de Varague[20] em 870.[21] Asócio I faleceu em 27 de maio de 874,[22] deixando o comando de Vaspuracânia para Gregório Derenício.[23]
Descendência
editarDuma esposa chamada Heranuxe por Cyril Toumanoff, Asócio teve três infantes:[22][24]
- Gregório Derenício;
- Maria, esposa de Davi de Taraunitis, filho de Pancrácio II Bagratúnio;
- Filha de nome desconhecido, esposa de Vasaces, o Renegado.
Referências
- ↑ Martin-Hisard 2007, p. 223.
- ↑ Martin-Hisard 2007, p. 231.
- ↑ a b Martin-Hisard 2007, p. 233.
- ↑ a b Martin-Hisard 2007, p. 234.
- ↑ Ačaṙyan 1942–1962, p. 180.
- ↑ Settipani 2006, p. 366.
- ↑ Grousset 1973, p. 354.
- ↑ Grousset 1973, p. 356.
- ↑ Grousset 1973, p. 357.
- ↑ Grousset 1973, p. 358.
- ↑ Grousset 1973, p. 360.
- ↑ Grousset 1973, p. 361.
- ↑ Thierry 2007, p. 274.
- ↑ Martin-Hisard 2007, p. 236.
- ↑ Grousset 1973, p. 371.
- ↑ Grousset 1973, p. 372.
- ↑ Grousset 1973, p. 380.
- ↑ Grousset 1973, p. 381.
- ↑ Thierry 2007, p. 275.
- ↑ Cowe 2000, p. 78.
- ↑ Thierry 2007, p. 292.
- ↑ a b Toumanoff 1990, p. 102.
- ↑ Grousset 1973, p. 382.
- ↑ Grousset 1973, p. 642.
Bibliografia
editar- Ačaṙyan, Hračʻya (1942–1962). «Աշոտ». Hayocʻ anjnanunneri baṙaran [Dictionary of Personal Names of Armenians]. Erevã: Imprensa da Universidade de Erevã
- Cowe, S. Peter (2000). «Relations Between the Kingdoms of Vaspurakan and Ani». In: Hovannisian, Richard G. Armenian Van/Vaspourakan. Costa Mesa: Mazda. pp. 73–85. ISBN 978-1-568-59130-8
- Grousset, René (1973) [1947]. Histoire de l'Arménie: des origines à 1071. Paris: Payot
- Martin-Hisard, Bernadette (2007). «Domination arabe et libertés arméniennes (viie ‑ ixe siècle». In: Gérard Dédéyan. Histoire du peuple arménien. Tolosa: Privat. pp. 213–241. ISBN 978-2-7089-6874-5
- Settipani, Christian (2006). Continuité des élites à Byzance durant les siècles obscurs. Les princes caucasiens et l'Empire du vie au ixe siècle. Paris: de Boccard. ISBN 978-2-7018-0226-8
- Thierry, Jean-Michel (2007). «Indépendance retrouvée : royaume du Nord et royaume du Sud (ixe ‑ xie siècle) — Le royaume du Sud : le Vaspourakan». In: Gérard Dédéyan. Histoire du peuple arménien. Tolosa: Privat. pp. 274–296. ISBN 978-2-7089-6874-5
- Toumanoff, Cyril (1990). Les dynasties de la Caucasie chrétienne de l'Antiquité jusqu'au xixe siècle : Tables généalogiques et chronologiques. Roma: Edizioni Aquila