As Cento e Uma Noites
As Cento e Uma Noites (em árabe: Kitâb Fîhi Hadîth Mi'at Layla wa Layla)[1] é uma obra da literatura árabe, constituída por um conjunto de vinte contos, que apresenta muitas semelhanças com a mais célebre As Mil e uma Noites.[2]
Kitáb Mi'at Layla wa Layla | |
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Cento e Uma Noites [BR] | |
País | Tunísia |
Gênero | contos árabes |
Edição brasileira | |
Tradução | Mamede Mustafa Jarouche |
Editora | Hedra |
Lançamento | 2001 |
A história da obra é um mistério.[2] Embora alguns considerem a possibilidade de que os contos tenham origem na Pérsia ou na Índia,[3] eles provêm de manuscritos magrebinos (do noroeste de África)[4] os quais, segundo outros autores tiveram origem no al-Andalus (Hispânia muçulmana).[5] A obra surgiu no Ocidente em 1911, quando o arabista francês Maurice Gaudefroy-Demombynes (1862–1957) publicou a tradução em francês de quatro manuscritos magrebinos.[4][6] Em 2010, a orientalista Claudia Ott descobriu o manuscrito mais antigo conhecido, datado de 1234 ou 1235, mas que só contém as primeiras 85 noites.[1] A tradução em alemão desse manuscrito foi publicada em 2012.[7]
A temática e estrutura narrativa são muito semelhantes aos de As Mil e uma Noites — tendo como pano de fundo o imenso mundo muçulmano, as histórias falam de viajantes audaciosos e de aventuras épicas e amorosas, são carregadas de enigmas, desejo e de maravilhas, que encanta o leitor.[3] Além das restantes semelhanças com As Mil e uma Noites, As Cento e Uma Noites têm a mesma heroína — Xerazade — mas pensa-se que pode ser mais antiga. À exceção do contos História do Cavalo de Ébano e de História dos Sete Vizires, também presentes em As Mil e uma Noites, as histórias são diferentes nas duas obras. Contudo, o espírito de ambas as obras é o mesmo e os estudiosos consideram que a leitura de cada uma delas complementa a outra e permite apreciar de forma mais completa a literatura árabe média.[2] Segundo Claudia Ott, enquanto que As Mil e uma Noites falam do mundo árabe oriental, As Cento e Uma Noites têm lugar na parte ocidental do mundo árabe.[5]
Referências
- ↑ a b Ott 2010
- ↑ a b c Larousse
- ↑ a b Actes Sud 1998
- ↑ a b Perrin 1957, p. 277.
- ↑ a b Abou Bakr 2013
- ↑ Gaudefroy-Demombynes 1911.
- ↑ Ott 2012.
Bibliografia
editar- «les Cent et Une Nuits (mi'at layla wa layla)», Encyclopédie Larousse (em francês), consultado em 13 de junho de 2013
- Cent et une nuits, ISBN 978-2-7427-1762-0 (em francês), Arles: Actes Sud, 1998, consultado em 13 de junho de 2013
- Abou Bakr, Thoraia (12 de fevereiro de 2013), «A Hundred and One Nights translated into German», Daily News Egypt (em inglês), consultado em 13 de junho de 2013
- Gaudefroy-Demombynes, Maurice (trad.) (1911), Les cent et une nuits (primeira edição em francês), E. Guilmoto, consultado em 13 de junho de 2013
- Ott, Claudia; Mudhoon, Loay (entrevistador) (18 de junho de 2010), Interview with Claudia OttA New Chapter in the History of Arab Literature (em inglês), Qantara.de, consultado em 13 de junho de 2013
- Ott, Claudia (2012), 101 Nacht: Aus dem Arabischen erstmals ins Deutsche übertragen von Claudia Ott nach der Handschrift des Aga Khan Museums, ISBN 9783641100988 (em alemão), E-Books der Verlagsgruppe Random House GmbH
- Perrin, Charles-Edmond (1957), «Éloge funèbre de M. Maurice Gaudefroy-Demombynes, membre libre résidant de l'Académie», Comptes-rendus des séances de l'Académie des Inscriptions et Belles-Lettres (em francês), 101 (3): 277, consultado em 13 de junho de 2013