Aulo Ducênio Gêmino
Aulo Ducênio Gêmino (em latim: Aulus Ducenius Geminus) foi um senador romano conhecido por ter sido prefeito urbano de Roma nomeado por Galba durante o ano dos quatro imperadores[1]. Com fortes ligações familiares com a cidade de Patávio, Gêmino é um dos três consulares da gente Ducênia que o historiador Ronald Syme identifica como sendo naturais da cidade — os outros dois são Caio Ducênio Próculo, cônsul em 87, e Públio Ducênio Vero, cônsul em 96[2].
Carreira
editarA maior parte da carreira de Gêmino é conhecida através de uma inscrição acéfala (não se conhece o nome do homenageado) recuperada em Epidauro na Grécia[3]. Werner Eck defende que sujeito desta inscrição é Gêmino[4]. O primeiro cargo citado é o de questor na província de Creta e Cirenaica, o que já o qualificaria como membro do Senado Romano. Em seguida, ele foi eleito para a tradicional magistratura republicana de tribuno da plebe. Em seguida, há uma lacuna na inscrição, mas é possível assumir que ele foi pretor, pois em seguida ela cita que ele foi cônsul sufecto.
A data de seu consulado, porém, é incerta. As autoridades mais antigas aceitam o argumento de Edmund Groag de que Gêmino teria sido cônsul sufecto em 54 ou 55. Porém, Eck demonstrou depois que um nundínio em 60 ou 61 seria mais provável[4]. Syme, endossa esta última tese e acrescenta que Gêmino pode ter sido nomeado para o consulado por indicação de Lúcio Vitélio, um dos condes de Nero, assim como foram Tito Clódio Éprio Marcelo e Lúcio Júnio Quinto Víbio Crispo[5]. Seja como for, qualquer das duas datas se alinha com o seu próximo cargo conhecido: em 62, o imperador Nero nomeou Gêmino, juntamente com Lúcio Calpúrnio Pisão e Aulo Pompeu Paulino, para uma comissão senatorial responsável pelas receitas públicas[6]. Segundo a inscrição de Epidauro, depois de ter sido cônsul, Gêmino, também foi quindecênviro dos fatos sagrados e sodal augustal. Depois disto, Gêmino foi nomeado governador da Dalmácia e recebeu ordem de liderar uma expedição militar na Ilíria; Syme afirma que este mandato ocorreu antes de 69[5].
Galba nomeou Gêmino para substituir Tito Flávio Sabino como prefeito urbano de Roma. Tácito menciona a presença de Gêmino numa reunião na qual Galba anunciou, em 10 de janeiro de 69, que nomearia Lúcio Calpúrnio Pisão como seu herdeiro aparente, a decisão que enfureceu Otão e deu início ao "ano dos quatro imperadores"[7]. Gwyn Morgan suspeita que a motivação de Galba era manter as coortes urbanas sob controle através de aliado de confiança[8], mas Syme, por outro lado, suspeita da influência de alguém na corte de Galba, "talvez amigos de Trásea Peto que voltavam do exílio ou, neste assunto, o consular Sílio Itálico não deve ser descartado tão rapidamente, a despeito de suas recentes atividades questionáveis"[9]. Depois do assassinato de Galba e da ascensão de Otão como imperador, Gêmino perdeu o posto e Flávio Sabino foi restaurado[10].
Gêmino de alguma forma conseguiu sobreviver ao caos daquele ano. A inscrição de Epidauro e uma outra de Filadélfia atestam que ele foi procônsul da Ásia. Apesar de autoridades mais antigas, que aceitam a proposta de Groag para o consulado de Gêmino, geralmente datam o seu mandato como governador em 68-69. A investigação mais recente de Eck sugere uma data de 73-74[4][11]. Sua vida depois disto é desconhecida; como ele já estava com mais de cinquenta anos quando terminou o mandato proconsular na Ásia, é possível que ele tenha morrido logo depois.
Referências
- ↑ Tácito, Histórias, I.14
- ↑ Syme, "Eight Consuls from Patavium", Papers of the British School at Rome, 51 (1983), p. 103
- ↑ CIL III, 7267
- ↑ a b c "Miscellanea prosopographica", Zeitschrift für Papyrologie und Epigraphik, 42 (1981), pp. 229f
- ↑ a b Syme, "Eight Consuls", p. 112
- ↑ Tácito, Anais XV.18
- ↑ Tácito, Histórias I.14
- ↑ Morgan, 69 A.D. The Year of Four Emperors (Oxford: University Press, 2006), p. 50
- ↑ Syme, "Eight Consuls", p. 113
- ↑ Tácito, Histórias I.46
- ↑ Judith Ginsburg, "Nero's Consular Policy", American Journal of Ancient History 6 (1981), p. 68 n. 54