Baixo contínuo pode se referir tanto ao baixo em si (a parte instrumental mais grave e não interrompida de uma composição, destinada a sustentar sua tonalidade) ou, no período Barroco, a um sistema de notação musical e da prática de performance em que uma parte de baixo instrumental era escrita por extenso, conhecida hoje por progressão do baixo (harmônica), ou somente contínuo, como o nome implica, e um ou mais instrumentistas, frequentemente o teclado (cravo), o alaúde ou outro instrumento similar do período, preenchiam na harmonia com acordes apropriados à progressão, ou improvisavam uma linha melódica.[1]

O baixo é a fundação de uma harmonia de 4 vozes, em que se estabelece a tonalidade de cada acorde dentro da música diatônica ocidental.

Estilo

editar

Não implica o uso de um instrumento em concreto, mas é geralmente executada por cordas, órgão ou piano, podendo ser interpretada por um ou vários instrumentos ao mesmo tempo. No barroco utilizava-se o cravo, dobrado muitas vezes por uma viola de gamba e/ou um violoncelo. O violoncelo, por exemplo, encarregava-se de tocar a nota da raiz de cada acorde (uma tônica ou uma inversão tonal), enquanto o cravo fazia soar as notas cifradas, cabendo ao executante deste instrumento um papel importante, já que lhe era permitido fazer improvisação.

O baixo contínuo é, assim, uma linha do baixo que pode ser cifrada, que subentende ou denota ao executante de teclado as harmonias que deverá tocar sobre este mesmo baixo.

Origem

editar

Na época do seu surgimento, o Barroco, o importante era a melodia. Esta era a base de toda a obra musical e a ela acrescentava-se um acompanhamento determinado em cuja partitura não constavam totalmente as notas que deviam soar (especificava-se sobre uma delas, a mais baixa, apenas).

Quando surgiu o baixo contínuo (final do século XVI e princípio do XVII), acontecia com frequência que os compositores escreviam o baixo sem cifrar, sempre que a partitura podia ser compreendida no seu todo pela vista do acompanhante e não continha mais que acordes de uso corrente. Isto era uma forma de acelerar a produção de música escrita (partituras), sem que a música ficasse fora de seu contexto harmônico, uma vez que a harmonia do período ainda era bem cheia de regras, obviamente quem tocasse a parte do contínuo saberia como obedecer e manter a integridade da música daquele período - ao mesmo tempo, podendo exibir sua virtuosidade na improvisação.

Referências

  1. Grout, Donald J.& Claude V. Palisca, History of Western Music, Norton, Londres, 2001