Ballade des dames du temps jadis
Ballade des dames du temps jadis ("Balada das Damas de Outrora") é um poema de François Villon que celebra mulheres famosas na história e na mitologia, sendo um exemplo proeminente do gênero "Ubi Sunt ?". É parte de seu trabalho mais extenso, o Grand Testament. Esse texto era chamado simplesmente de Ballade por Villon; o des dames du temps jadis é um adendo feito por Clément Marot na sua edição de 1533 dos poemas de Villon.
Traduções e adaptações
editarParticularmente famoso pelo seu refrão interrogativo, Mais où sont les neiges d'antan?, o poema foi traduzido para inglês por Rossetti como "Where are the snows of yesteryear?", cunhando a nova palavra "yesteryear".
Texto da Balada
editarDictes moy où, n'en quel pays, | Dizei-me onde, e em que país, | ||
Est Flora, la belle Romaine; | Está Flora, a bela romana; | ||
Archipiada, ne Thaïs, | Arquipíada[1], e Taís, | ||
Qui fut sa cousine germaine; | Que foi sua prima germana; | ||
Echo, parlant quand bruyt on maine | Eco, falando quando se faz barulho | ||
Dessus rivière ou sus estan, | Sobre rio ou lago, | ||
Qui beaulté ot trop plus qu'humaine? | Quem beleza tinha muito mais que humana? | ||
Mais où sont les neiges d'antan? | Mas onde estão as neves de antanho[2]! | ||
Où est la très sage Helloïs, | Onde está a muito sábia Heloísa, | ||
Pour qui fut chastré et puis moyne | Por quem foi castrado e depois monge | ||
Pierre Esbaillart à Saint-Denis? | Pedro Abelardo em Saint-Denis ? | ||
Pour son amour ot cest essoyne. | Por seu amor teve esta pena. | ||
Semblablement, où est la royne | Similarmente, onde está a rainha | ||
Qui commanda que Buridan | Que ordenou que Buridan | ||
Fust gecté en ung sac en Saine? | Fosse arremessado num saco ao Sena? | ||
Mais où sont les neiges d'antan? | Mas onde estão as neves de antanho! | ||
La royne Blanche comme un lis, | A rainha Branca como um lírio, | ||
Qui chantoit à voix de seraine; | Que cantava com voz de sereia; | ||
Berte au grant pié, Bietris, Allis; | Berta Pé-Grande, Beatriz, Alix; | ||
Harembourges qui tint le Maine, | Eremburga que tinha o Maine, | ||
Et Jehanne, la bonne Lorraine, | E Joana, a boa Lorena, | ||
Qu'Englois brulerent à Rouan; | Que os ingleses queimaram em Ruão; | ||
Où sont elles, Vierge souvraine? | Onde elas estão, Virgem soberana? | ||
Mais où sont les neiges d'antan? | Mas onde estão as neves de antanho! | ||
Prince, n'enquerez de sepmaine | Príncipe, não pergunteis na semana | ||
Où elles sont, ne de cest an, | Onde elas estão, nem neste ano, | ||
Qu'à ce reffrain ne vous remaine: | Para que não leveis de volta este refrão: | ||
Mais où sont les neiges d'antan? | Mas onde estão as neves de antanho! |
Notas e referências
- ↑ Porque Alcibíades foi descrito por Platão como um modelo de beleza, ele era frequentemente tomado na Idade Média por uma mulher.
- ↑ Antan [ân-tân], s. m. Antano ou antanho. O ano findo, o ano próximo passado: les neiges d'antan, as neves de antanho. Emprega-se sobretudo nesta espécie de provérbio literário de Villon: Mais où sont les neiges d'antan? (in "Grande Dicionário de Francês/Português", Domingos de Azevedo, 11.ª edição, Livraria Bertrand, Lisboa, 1989. ISBN 972-25-0093-7