Basílica subterrânea de Porta Maior
A Basílica subterrânea de Porta Maior é uma basílica[1] neopitagórica localizada ao lado da Porta Maggiore, no quartiere Prenestino-Labicano de Roma e datada da época do imperador romano Tibério ou Cláudio (entre 14 e 54 d.C.).
Basílica subterrânea de Porta Maggiore | |
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A abóboda rebocada da Basílica. | |
Localização atual | |
Coordenadas | 41° 53′ 30″ N, 12° 30′ 59″ L |
País | Itália |
Divisão | Lácio |
Comuna | Roma |
Tipo | Basílica |
Altitude | 7,25 m |
Área | 108 m² |
Dados históricos | |
Época | século I d.C. |
Notas | |
Escavações | 23 de abril de 1917 |
Administração | Soprintendenza speciale per i beni archeologici di Roma |
Acesso público | Visitas guiadas por marcação |
Site | Website |
Foi usada para encontros de neopitagóricos. A planta do chão mostra uma basílica com três naves e um abside similares para as basílicas iniciais cristãs que apareceram apenas muito mais tarde no século IV.[2] As abóbodas são decoradas com estuques brancos simbolizando crenças neopitagóricas mas cujo exato significado permanece um assunto de debate.[3]
História
editarA descoberta desta basílica ocorreu por acaso em 23 de abril de 1917 depois de uma desabamento de uma das abóbadas sobre a qual estava sendo construído um viaduto ferroviário ligado à estação Roma Termini e, no nível da rua, a linha de bondes que serve aos quartieres situados ao longo da Via Prenestina[4]. A "Basílica da Porta Maior" é considerada a mais antiga basílica pagã de todo o ocidente.
Segundo alguns estudiosos, o edifício teria sido construído por Tito Estacílio Tauro, da gente Estacília, proprietária de vários imóveis na região da Porta Maggiore e na Via Prenestina, um colaborador muito próximo do próprio imperador Augusto e cônsul em 11 d.C.. Outros estudiosos, por outro lado, atribuem sua construção a Tito Estacílio Tauro, bisneto do anterior, que se suicidou em 53 d.C. por não suportar a vergonha do processo em que Agripina, a mãe de Nero, o acusou de prática de magia.
Para construir a basílica, as formas das colunas foram escavadas no subsolo e, em seguida, foi despejado no interior um agregado de pedaços de cimento; esse agregado, uma vez consolidado, permitiu criar a abóbada e uma abertura no vértice, através da qual subsequentemente, a terra foi removida. A basílica não está mais no subsolo porque, ao longo do tempo, houve uma estratificação do território que fez o prédio desaparecer, mas foi construída para ser subterrânea.
Descrição
editarA estrutura subterrânea aborda um vestíbulo ou pronau quadrado de pequenas dimensões, a abertura do teto constitui de uma única fonte de iluminação de todo o edifício. Ao acessar o vestíbulo a partir da Via Praenaestina por um lance de escadas. Ao penetrar em seguida uma grande sala retangular de 12 × 9 m[5] cujo piso é de cerca de 7 metros abaixo do nível da rua. Está organizado de acordo com um plano basilical: a sala é dividida em três naves abobadadas separadas por duas filas de três grandes pilares sustentando os arcos.[4] A nave central, mais larga, se termina em um abside central.[6] As paredes e tetos das duas salas são cobertas de decorações elaboradas de estuques brancos representando as diversas cenas mitológicas que são os temas do destino da alma e os segredos da iniciação aos Mistérios. E em muito notadamente "Zeus raptando Ganímedes", Medeia oferecendo uma bebida mágica ao dragão que guarda o velo de ouro em modo que Jasão pudesse aproveitá-lo, a poetisa Safo que se atira ao mar (embora essa interpretação não seja unânime),[6] assim como Vitórias aladas, as cabeças de Medusas, crianças que estão brincando, as almas conduzidas ao Submundo, um rito de casamento, os objetos de culto, os animais e um pigmeu que retorna da caça para sua cabana, e muitos outros assuntos.
A conservação excepcional das decorações de estuques é devido ao curto tempo de uso do lugar,[5] construído nos meados do século I e abandonado a menos de meio-século mais tarde.[7] Em razão da fragilidade das estruturas e das decorações, o acesso ao lugar está quase sempre fechado ao público.
Função e preservação
editarA basílica é provavelmente obra de uma seita místico-pitagórica, mas ainda hoje é incerta a sua função específica: túmulo ou basílica funerária, ninfeu ou, com maior probabilidade, um templo neopitagórico, [8] como parece provar a natureza da decoração, ou mais simplesmente de um lugar cuja fachada é apreciada em fato sem função religiosa (specus aestivus).[7].
Para evitar maiores danos derivados das vibrações provocadas pelos bondes e pela infiltração de água, uma laje de concreto armado foi colocada com na cavidade em 1951, posteriormente usada como um pequeno museu. Contudo, esta internvenção não garantiu uma proteção completa e a presença de um parasita externo danificou os estuques[9]. A entrada, meio escondida, quase sempre fechada e abandonada, não é original. Depois de abril de 2015, em alguns domingos uns poucos visitantes conseguem visitar o local com agendamento prévio.
Abertura
editarA basílica passou por vários anos de trabalho de restauração. Em 1951, uma concha de concreto foi construída, envolvendo toda a basílica. Purificadores de ar da IQAir na Suíça foram instalados para combater o gás radônio.
A basílica de 40 pés de comprimento agora está aberta aos visitantes. Os grupos de visitantes são mantidos pequenos por causa da fragilidade do monumento. A temperatura e a umidade devem ser mantidas dentro de uma faixa estreita. Ela fica aberta durante o 2º e 4º domingo de cada mês, e o passeio deve ser pré-agendado.[10]
Referências
- ↑ [Jérôme Carcopino. Etudes romaines. La basilique pythagoricienne de la Porte Majeure. Paris, l'Artisan du livre, 1927]
- ↑ Ball Platner, Samuel. «Basilicae». penelope.uchicago.edu
- ↑ Lisa Spencer, The Neo-Pythagoreans at the Porta Maggiore in Rome, Rosicrucian digest,vol. 87 / 1 (2009), p 36
- ↑ a b Richardson 1992, p. 57.
- ↑ a b Coarelli 1998, p. 161.
- ↑ a b Leopold 1921.
- ↑ a b Richardson 1992, p. 53.
- ↑ Cumont 1918.
- ↑ Soprintendenza Speciale Archeologia Belle Arti e Paesaggio di Roma, piazza dei Cinquecento, 67 - 00185 - Roma, tel. (+39)06480201, Contatti
- ↑ Underground Basilica of Porta Maggiore, società cooperativa culture
Bibliografia
editar- Cumont, Franz (1918). «La basilique souterraine de la Porta Maggiore». Revue Archéologique. II: 51-73
- Cumont, Franz (1918). «La basilique souterraine découverte près de la Porta Maggiore, à Rome». Comptes rendus des séances de l'Académie des Inscriptions et Belles-Lettres. 62 (4): 272-275
- Leopold, H.M.R. (1921). «La basilique souterraine de la Porta Maggiore». Mélanges de l'école française de Rome. 39: 165-192
- Carcopino, Jérôme (1927). «La Basilique pythagoricienne de la Porte majeure». Bibliothèque de l’École des Chartes. 88: 315-316
- Coarelli, Filippo (1998). Guide archéologique de Rome. [S.l.]: Hachette. pp. 161–164. ISBN 2012354289
- Aurigemma, Salvatore (1970). La basilica sotterranea neopitagorica di Porta Maggiore in Roma. Roma: Istituto Poligrafico dello Stato. ISBN 978-88-240-3106-6
- Lanzetta, Domizia (2007). Roma orfica e dionisiaca nella Basilica « pitagorica » di Porta Maggiore. Roma: Simmetria. ISBN 978-88-876-1542-5
- Richardson, Lawrence (1992). A New Topographical Dictionary of Ancient Rome. [S.l.]: Johns Hopkins University Press. 488 páginas. ISBN 0801843006
Ligações externas
editar- «Municipio Roma V (5) ex Municipio VI ed ex Municipio VII» (em italiano). Comuna di Roma
- «Basilica Sotterranea di Porta Maggiore» (em italiano). Soprintendenza Speciale per i Beni Archeologici, Architettonici e Storico Artistici di Roma
- «Basilica Sotterranea di Porta Maggiore - Storia» (em italiano). MiBACT
- «Basilica Neopitagorica» (em italiano). Roma Sotterranea
- «Basilica di Porta Maggiore» (em italiano). Roma Segreta
- «Basilica Neopitagorica» (em italiano). Romano Impero
- «Monitoraggio continuo delle condizioni ambientali e dello stato igrometrico delle strutture nella Basilica Neopitagorica di Porta Maggiore» (em italiano). Istituto per la Conservazione e la Valorizzazione dei Beni Culturali del CNR
- «La Basilica sotterranea di Porta Maggiore svela i suoi misteri» (em italiano). Adnkronos. 24 de abril de 2015
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