Batalha de Cíbalas
A Batalha de Cíbalas (em latim: Cibalae) foi travada durante a Primeira Guerra Civil entre as forças dos imperadores romanos Constantino (r. 306–337) e Licínio (r. 308–324) em 8 de outubro de 314[3][4] ou 316.[2][5][6][7] O local da batalha situava-se a aproximadamente 350 quilômetros dentro do território de Licínio. Constantino teve uma vitória retumbante, apesar de estar em menor número.
Batalha de Cíbalas | |||
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Primeira Guerra Civil de Constantino e Licínio | |||
Constantino, cabeça de bronze de uma escultura, Museus Capitolinos, em Roma
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Data | 8 de outubro de 314 ou 316 | ||
Local | Colônia Aurélia Cíbalas (atual Vinkovci, Croácia) | ||
Coordenadas | |||
Desfecho | Vitória de c | ||
Beligerantes | |||
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Comandantes | |||
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Forças | |||
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Baixas | |||
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Localização de Cíbalas na atual Croácia |
A série de conflitos entre Constantino e Licínio ocasionou o fim do sistema de governo denominado Tetrarquia, estabelecido por Diocleciano em 293, e o restauro de um governante único no Império Romano. A Batalha de Cíbalas talvez foi acarretada pela tentativa de nomeação de Bassiano, o esposo de Anastácia e cunhado de Constantino, como César da Itália, algo rejeitado por Licínio.
Antecedentes
editarApós a perda de Magêncio (r. 306–312) na Batalha da Ponte Mílvia em 312 contra Constantino[8][9][10] e a derrota de Maximino Daia (r. 305–313) em Tarso em 313 contra as tropas de Licínio,[11] o Império Romano ficou dividido em duas porções, cada qual sob comando de um dos vencedores. Pelo tempo da Guerra de Licínio contra Maximino, Licínio e Constantino mantiveram-se aliados, porém quando tornaram-se governantes únicos a situação deteriorou-se.[12]
Provavelmente devido à nomeação do senador Bassiano, esposo de Anastácia, a meio-irmã de Constantino, como césar, e à tentativa de assassinato de Constantino por Senecião, irmão de Bassiano e íntimo associado de Licínio, a situação deteriorou-se ao ponto de ambos cogitarem a guerra: Constantino exigiu que Licínio entregasse Senecião, mas Licínio recusou-se.[13] Ele reuniu 20 000 soldados das províncias do sul[2] e com extrema rapidez invadiu a Panônia, onde Licínio estava acampado com 35 000 soldados[1] depois de uma campanha contra os godos no ano anterior.[14]
Batalha
editarOs exércitos encontraram-se na planície entre os rios Sava e Drava, próximo à cidade Colônia Aurélia Cíbalas (atual Vinkovci, na Croácia). A cidade localizava-se sobre uma colina e o caminho para ela era estreito e rodeado por um pântano profundo e montanhas. Licínio havia disposto suas tropas em uma fila comprida sob a colina para esconder as fraquezas de suas alas de cavalaria.[15] O confronto teve início com contínuos ataques dos arqueiros, que foram seguidos por escaramuças da infantaria, o que durou o dia todo (desde o amanhecer até o anoitecer).[16]
A batalha foi decidida pelo ataque da cavalaria iniciado por Constantino (foi posta em fila e comandada pelo próprio imperador[17]), que atacou a ala esquerda do exército inimigo, enquanto Licínio resistiu ao centro. Constantino, em seguida, atacou-o de lado, forçando-o a enfrentar a nova ameaça, que foi seguido por um massacre dos homens de Licínio: 20 000 deles morreram, e o imperador derrotado, aproveitando-se do anoitecer, fugiu com sua cavalaria em direção a Sirmio (atual Sremska Mitrovica na Sérvia), mas abandonou alimentos, animais e qualquer outro equipamento.[2][18]
Rescaldo
editarEm Sirmio, após recolher seu tesouro e reunir sua família, Licínio partiu à Trácia, onde pretendia agrupar novo exército, porém não sem antes cortar a ponte sobre o Sava.[18] Já Constantino conquistou Cíbalas e Sirmio e as cidades abandonadas por seu rival, reconstruiu a ponte sobre o Sava e enviou 5 000 soldados em direção ao exército de Licínio para interceptá-lo e atrasá-lo, mas eles não foram capazes de alcançá-lo.[19] Licínio também decidiu elevar Valério Valente (r. 316–317) como coimperador como augusto[20] (ou césar segundo Zósimo) [21] um antigo duque do Oriente,[22] provavelmente como forma de assegurar sua lealdade.[3]
Constantino novamente lutaria com Licínio na inconclusiva Batalha de Márdia. Pesadas baixas foram sofridas por ambos. Após o combate, pressupondo que Licínio se retiraria para Bizâncio, Constantino avançou em direção à cidade, mas Licínio decidiu avançar para norte. Isso deixou-o numa posição entre os efetivos de Constantino e suas linhas de comunicação, permitindo-lhe capturar muito da bagagem de seu rival.[2] Uma trégua favorável a Constantino foi acordada em 317 e, segundo seus termos, os imperadores seriam nomeados cônsules, Licínio cederia suas províncias europeias, exceto a Trácia, e aceitaria Constantino como governante superior, e Crispo (r. 317–326) e Constantino II (r. 317–340), ambos filhos do último, e Licínio II (r. 317–324), filho do primeiro, seriam nomeados césares.[23]
- ↑ a b c Lieu 1996, p. 45.
- ↑ a b c d e Odahl 2004, p. 164.
- ↑ a b Jones 1949, p. 127.
- ↑ MacMullen 1987, p. 67.
- ↑ Treadgold 1997, p. 34.
- ↑ Christensen 1980, p. 23.
- ↑ Potter 2004, p. 378.
- ↑ Curran 2000, p. 71–74.
- ↑ Odahl 2004, p. 105–6, 319–20.
- ↑ Cameron 1999, p. 93.
- ↑ DiMaio 1996d.
- ↑ DiMaio 1997c.
- ↑ Grant 1993, p. 42-43.
- ↑ Bohec 2008, p. 50.
- ↑ Zósimo, II.18.2.
- ↑ Zósimo, II.18.4.
- ↑ Zósimo, II.18.3.
- ↑ a b Zósimo, II.18.5.
- ↑ Zósimo, II.19.1.
- ↑ Lieu 1996, p. 57.
- ↑ Zósimo, II.19.2.
- ↑ Martindale 1971, p. 937.
- ↑ Stephenson 2011, p. 166.
Bibliografia
editar- Bohec, Y. Le (2008). Armi e guerrieri di Roma antica. Da Diocleziano alla caduta dell'impero. Roma: Carocci
- Cameron, Averil; Hall, Stuart G. (1999). Life of Constantine. Oxford: Clarendon Press. ISBN 0-19-814917-4
- Christensen, A. S.; Baerentzen, L. (1980). Lactantius the Historian. Copenhague: Museum Tusculanum Press
- Curran, John (2000). Pagan City and Christian Capital. Oxford: Clarendon Press. ISBN 0-19-815278-7
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- Jones, A. H. M. (1949). Constantine and the Conversion of Europe. Toronto: University of Toronto Press
- Lieu, Samuel N. C.; Montserrat, Dominic (1996). From Constantine to Julian: A Source History. Londres: Routledge. ISBN 0-415-09335-X
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- Martindale, J. R.; A. H. M. Jones (1971). The Prosopography of the Later Roman Empire, Vol. I AD 260-395. Cambridge e Nova Iorque: Cambridge University Press
- Odahl, Charles Matson (2004). Constantine and the Christian Empire. Nova Iorque: Routledge. ISBN 0-415-38655-1
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- Zósimo. História Nova In Ridley, R.T. (1982). Zosimus: New History (em inglês). Camberra: Byzantina Australiensia 2