A Batalha de Cesar foi uma batalha que decorreu a 23 de março de 1035[1] entre os exércitos de Bermudo III, Rei de Leão e os exércitos mouros de Abú Al-Cásim, Emir da Taifa de Sevilha, perto da aldeia de Cesar, Aveiro. [2]

Batalha de Cesar
Data 23 de março de 1035
Local Monte Calvo (Serra do Pinheiro)
Coordenadas 40° 55' 25" N 8° 26' 32" E
Desfecho Vitória do Reino de Leão
Beligerantes
Reino de Leão
Condado Portucalense
Taifa de Sevilha
Comandantes
Bermudo III de Leão Abú Al-Cásim
Baixas
desconhecidas desconhecidas

O resultado da batalha foi uma derrota dos exércitos mouros, que limitou a capacidade bélica da Taifa de Sevilha na região das Beiras, aumentado a sua perda de influência e poder na região, levando à Campanha das Beiras, à conquista definitiva de Coimbra, por parte de Fernando I de Leão em 1064.

Antecedentes

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Depois das campanhas de Almançor no final do século X e início do século XI, toda a região a norte do Mondego tinha sido novamente subjugada e ocupada pelos mouros. Em 985 foi saqueada a cidade de Braga, e dois anos depois, numa campanha de razias sucessivas contra os reinos cristãos, Almançor capturou Coimbra, Seia, Viseu e Lamego.

Posteriormente, raides viquingues e normandos na região do Minho e da Galiza no início do século XI, enfraqueceram em grande modo o poder bélico do Condado Portucalense e causaram grande instabilidade política dentro deste. [3]

Em 1009, após a grande fragmentação do Califado de Córdova, torna-se independente a Taifa de Badajoz, primeiro governada por um ex-escravo de nome Sabur, e usurpada pelo seu vizir Abdallah ibn al-Aftas , que fundou a dinastia Aftácida . No ano de 1023, dá-se também a independência da Taifa de Sevilha por Abú Al-Cásim.

Os filhos de Sabur fugiram para Lisboa, onde criaram a curta taifa de Lisboa, que logo foi reconquistada por Badajoz em 1034.

Enquanto isso, Gonçalo Trastamires da Maia aproveita a guerra interna entre taifas muçulmanas e retoma a cidade de Montemor-o-Velho, perdida em 1026 para Abu al-Kasim Mohamede, e outras posições estratégicas na região.[1]

Em 1034, a região do entre Douro e Mondego continua a despertar a atenção dos muçulmanos da taifa de Sevilha, onde, em finais desse ano, Abú Al-Cásim organiza um exército de modo a saquear as regiões locais. [4]

A partir de Fevereiro de 1035, começa a sua marcha ao Norte de Portugal. Bermudo III, que se encontrava na Galiza por esta altura, prepara um exército para ir ao encontro do exército mouro. Esse embate iria dar-se a 23 de março.[5]

Batalha

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Vestígio do Castro Calbo, na Serra do Pinheiro, perto de Cesar. Terá sido nesta zona que se terá dado a Batalha de Cesar

Perto do antigo Castro Calbo, vila de Cesar, deu-se o embate das forças muçulmanas e das forças cristãs comandadas por Bermudo III, a 23 de Março de 1035. Os exércitos de Bermudo III encontrava-se na posição mais elevada tendo a vantagem do terreno.[6] Presume-se que os exércitos de Al-Cásim tenham ido ao encontro das hostes leonesas e portucalenses, o que infligiu grandes baixas no exército muçulmano que terá retirado depois da carga cristã. [4]

O desfecho da batalha foi uma vitória decisiva das forças de Bermudo III, que permitiu a este aniquilar a força expedicionária de Abedalá e travar a incursão muçulmana acima do Mondego. Segundo a Crónica dos Godos, o próprio rei da taifa de Sevilha, Abú Al-Cásim foi feito prisioneiro nesta batalha[3][1][7]

Consequências

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Brasão atual da junta de freguesia de Cesar, Oliveira de Azeméis. É de notar no brasão uma espada cruzada em aspa e um sabre mourisco, remetendo para a batalha que ali se travou

Com a retirada dos exércitos muçulmanos da região acima do Mondego, Bermudo III planeia com a nobreza portucalense uma ofensiva para retomar os territórios perdidos até ao Mondego. No entanto, com a morte de Sancho III de Pamplona a 18 de outubro de 1035, Bermudo III decide dirigir-se rapidamente para Leão, onde foi imediatamente recebido como Rei de Leão, e começou uma campanha para recuperar Castela de Fernando. [3]Com a ausência de Bermudo III, a ofensiva cristã perde o ímpeto e acaba por fracassar a sua contra-ofensiva.

Apenas em 1039, com a Campanha das Beiras, é que existirá de facto uma ofensiva contra a Taifas muçulmanas, de modo a retomar e reconquistar cidades como Lamego, Viseu, Seia entre outras.

Referências

  1. a b c Crónica dos Godos. [S.l.: s.n.] Século XII 
  2. «Viseu». guia-de-turismo. Consultado em 9 de fevereiro de 2021 
  3. a b c Reilly, Bernard F. (1995). The Contest of Christian and Muslim Spain: 1031 1157. [S.l.]: Blackwell 
  4. a b Ribeiro de Sousa, José Alexandre. «"In finibus Gallecie" -A Reconquista no actual território português :O contexto de um processo dinâmico, 868-1064» (PDF) 
  5. «A História, depressa contada, do povoamento da região de Coimbra desde tempos proto-históricos aos fins do século XII» (PDF) 
  6. «Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis - Monte Calvo/Castro Calbo». www.cm-oaz.pt. Consultado em 9 de fevereiro de 2021 
  7. «O Portal da História - Historiografia». www.arqnet.pt. Consultado em 17 de junho de 2021