Bengo
O Bengo é uma das 18 províncias de Angola, localizada na região centro-norte do país, sendo adjacente à província de Luanda. Sua capital está na cidade de Caxito, no município de Dande.
Bengo | |
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Localidade de Angola (Província) | |
Localização do Bengo em Angola | |
Dados gerais | |
Fundada em | 26 de abril de 1980 (44 anos) |
Gentílico | benguense |
Município(s) | Ambriz, Bula Atumba, Dande, Dembos, Nambuangongo e Pango Aluquém |
Características geográficas | |
Área | 31.371 km² |
População | 429.322[1] hab. (2018) |
Clima | Semiárido quente e tropical de savana |
Dados adicionais | |
Prefixo telefónico | 034 |
Sítio | Governo Provincial do Bengo |
Projecto Angola • Portal de Angola | |
Segundo as projeções populacionais de 2018, elaboradas pelo Instituto Nacional de Estatística, conta com uma população de 429.322 habitantes e com uma área de 31 371 km², sendo a província menos povoada de Angola.[1]
Compõe-se de seis municípios: Ambriz, Bula Atumba, Dande, Dembos, Nambuangongo e Pango Aluquém.[2]
História
editarSituada na região onde a influência portuguesa directa se fez sentir desde a fundação da cidade de Luanda como cabeça de ponte colonial, no século XV, o Bengo inicialmente fez parte do antigo Reino do Dongo.[3]
Os distritos de Ambriz e Dembos
editarEm 1810, pela primeira vez a região é afetada por uma grande reforma administrativa, com a criação do distrito dos Dembos, com sede em Quibaxe, a partir da repartição do distrito de Golungo Alto. Essa divisão administrativa dura até 1857, quando o distrito dos Dembos é integrado ao distrito de Luanda.[3]
Em 1861 recria-se novamente, porém com o nome de distrito do Ambriz, com sede em Ambriz, configuração administrativa que resiste até 1866, quando é novamente extinto, integrado à Luanda.[3]
Estado Livre de Angola
editarDurante a Guerra de Independência de Angola, foi em território benguense que ocorreu um dos mais notáveis episódios do conflito, quando guerrilheiros da União das Populações de Angola (UPA; depois FNLA), em 15 de março de 1961, expulsaram os portugueses e ocuparam a comuna sede do município de Nambuangongo, declarando a localidade como capital do "Estado Livre de Angola", fazendo do atual Bengo a primeira experiência de um território libertado angolano com autogoverno. A icônica capital Nambuangongo somente conseguiu ser reconquistada em 6 de agosto do mesmo ano, após longo esforço português.[4]
Recriação da província
editarA província constitui uma unidade administrativa finalmente em 26 de abril de 1980, a partir da divisão da província do Cuanza Norte, criando-se o distrito do Bengo, com sede no Caxito. Três municípios do Cuanza Norte foram transferidos para a nova província, nomeadamente, Pango Aluquém, Dembos e Bula Atumba.[3]
Por posterior decisão da Assembleia Nacional, pela Lei n.º 29/11, de 1 de setembro de 2011, os municípios do Ícolo e Bengo e Quissama foram desanexados da província do Bengo e integrados na de Luanda.[5]
Geografia
editarA província do Bengo limita-se ao norte com as províncias do Zaire e Uíge; ao leste com a província do Cuanza Norte; ao sul com a província de Luanda, e; ao oeste com o Oceano Atlântico.
Até 2011 tinha sob sua jurisdição os municípios de Ícolo e Bengo e Quissama, quando estes foram anexados à província de Luanda.[6]
Clima
editarEnquanto que na faixa litorânea da província prevalece, segundo a classificação climática de Köppen-Geiger, o clima semiárido quente (BSh), na região interiorana é dominante o clima tropical de savana (Aw/As).[7]
Patrimônio natural
editarA Reserva Florestal de Quibinda e o Parque Nacional de Ambriz formam as duas maiores áreas de preservação permanente desta província.[8]
Zonas litorâneas
editarA província possui pelo menos três zonas litorâneas importantes, sendo a enseada do Cacuaco, a baía do Dande-Catumbo e o complexo estuarino de Loge-Ambriz, onde há o estratégico porto de Ambriz.[9]
Demografia
editarTradicionalmente a província do Bengo é habitada por uma maioria étnica de ambundos, que, desde a Guerra de Independência de Angola passou a coexistir com um número considerável de congos e de ovimbundos no seu território. Nas últimas décadas, o enorme crescimento demográfico de Luanda fez com que uma certa parte da sua população fosse morar no Bengo onde as camadas económicamente privilegiadas de Luanda passaram também a construir um número crescente de residências secundárias.[10]
Economia
editarAntes da divisão administrativa de 2011, a província tinha uma economia relativamente dinâmica, porém muito dependente da motriz econômica de Luanda. A perda de Ícolo e Bengo e Quissama afetou, respectivamente, os setores industriais e de comércio e serviços, pois ambas municipalidades eram especializadas em tais segmentos. Outro fato importante é que a dependência de Luanda aumentou, embora que os encargos administrativos diminuíram.[6]
Agropecuária e extrativismo
editarO setor agropecuário detém muita importância para a província, principalmente pelas grandes lavouras temporárias que servem de subsistência e suprimento ao restante do país, com destaque à cultura do algodão, ananás, mandioca, rícino, feijão, cana-de-açúcar e massambala.[11]
Já as culturas permanentes têm como destaque a palmeira de dendém, hortícolas diversas, citrinos, as imensas plantações de banana, goiaba, mamão e a tradicional lavoura do café.[11]
A pecuária é especializada na criação de bovinos, caprinos e suínos, principalmente para corte e leite; em outro aspecto exite também atividades de criação de aves (para carne e leite) e piscícolas (pesca marítima e fluvial).[11]
Indústria e mineração
editarNa mineração industrial, registra-se a extração de urânio, de quartzo, de feldspato, de gesso, de enxofre, de caulino, de calcário-dolomite, de ferro e de mica.[11]
O setor industrial está especializado na geração hidroelétrica, na fabricação de materiais de construção, em fábricas de alimentos (em especial agroindústrias) e bebidas, no setor têxtil (beneficiamento do sisal),[11] e na siderurgia.[12]
Comércio e serviços
editarO setor de comercio está concentrado em Caxito, resumindo-se aos centros atacadistas de distribuição de alimentos e produtos básicos para a província, e; o setor de serviços está ligado ao turismo dos parques públicos e praias marítimas do Bengo.[8]
Nos serviços logísticos além do porto de Ambriz, há o porto do Dande (em Barra do Dande), o único de águas profundas da província do Bengo, que serve de suporte direto ao porto de Luanda.[13]
Cultura e lazer
editarAlgumas das principais celebrações religiosas benguenses são a Procissão de Santa Ana de Caxito [14]e a Procissão de Nossa Senhora da Muxima, de cariz católica, e a Festa da Quianda da Lagoa do Ibendoa, relacionada ao culto da Quianda.[15]
Referências
- ↑ a b Schmitt, Aurelio. Município de Angola: Censo 2014 e Estimativa de 2018. Revista Conexão Emancipacionista. 3 de fevereiro de 2018.
- ↑ «Censo 2014 do INE de Angola». 2014. Consultado em 16 de Março de 2017
- ↑ a b c d Histórias e tradições dos Municípios do Bengo. Governo Provincial do Bengo. 2019.
- ↑ * Melo, João de (1988). Os Anos da guerra, 1961-1975: os portugueses em África - crónica, ficção e história. Lisboa: Publicações D. Quixote. ISBN 972-20-1481-1
- ↑ Lei n.º 29/11 de 1 de Setembro - Alteração da Divisão Político-Administrativa das Províncias de Luanda e Bengo
- ↑ a b Afinal, o Bengo ganhou ou perdeu com a divisão? Rede Angola. 7 de setembro de 2014.
- ↑ Bengo. Climate-data.org. 2019.
- ↑ a b Novas zonas turísticas identificadas no Bengo. Portal Angop. 28 de setembro de 2018
- ↑ Pereira, André Matias. Caraterização dos Recursos Paisagísticos da Província do Bengo em Angola, com Vista à sua Aplicação num Projeto de Espaços Verdes: Condomínio de Bom-Jesus. Universidade do Algarve. 2014.
- ↑ a b c d e Bengo. Portal São Francisco. 2019.
- ↑ Bengo: Inaugurada indústria siderúrgica na comuna da Barra do Dande. Adasteel. 12 de maio de 2016.
- ↑ Proposta desistência do Porto do Dande. Jornal de Angola. 24 de junho de 2019.
- ↑ Maimona Artur. Festa católica começou ontem na cidade de Caxito. Jornal de Angola. 25 de julho de 2018.
- ↑ Festas do Caxito. Portal de Angola. 11 de março de 2013.