Partido Nacional (Uruguai)

Partido nacional do Uruguai/Partido Blanco
(Redirecionado de Blancos)

O Partido Nacional (PN), também conhecido como Partido Branco (em espanhol: Partido Blanco), é um partido político uruguaio de centro-direita[1][2][3] fundado em 1836. Além de conservador moderado e democrata-cristão, secundariamente se define como liberal, nacionalista, pan-americanista e humanista. É ligado ao interior e a cadeia de produção primária.

Partido Nacional
Partido Nacional (Uruguai)
Líder Luis Lacalle Pou
Fundador Manuel Oribe
Fundação 10 de agosto de 1836 (188 anos)
Sede Montevidéu, Uruguai Uruguai
Ideologia
Espectro político Centro-direita
Think tank Instituto Manuel Oribe
Ala de juventude Juventude Partido Nacional
Afiliação nacional Coalizão Multicolorida
Afiliação internacional Internacional Democrata Centrista,
COPPPAL,
ODCA (observador)
Câmara dos Deputados do Uruguai
31 / 99
Senado do Uruguai
10 / 30
Intendentes
15 / 19
Prefeitos
87 / 125
Cores      Branco
     Azul
Slogan "Somos Ideia, a União Nos Fortalecerá"
Símbolo eleitoral
Bandeira do partido
Página oficial
partidonacional.org.uy

História

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Como o Partido Colorado, remonta à criação do Estado uruguaio. Reconhece como seu fundador o general Manuel Oribe, quem fora vice-chefe da Cruzada Libertadora dos Trinta e Três Orientais, na luta pela independência do Uruguai contra o Império do Brasil no século XIX. Tem suas origens nos enfrentamentos entre os líderes da independência de 1830. Em 1836, enfrentam-se os partidários do presidente Manuel Oribe e o grupo que apoiava Fructuoso Rivera (presidente de 1830 a 1834 e de 1838 a 1843).

Na batalha de Carpinteria surgiram as cores das divisas que posteriormente identificam cada grupo político: blancos (brancos), partidários de Manuel Oribe, e colorados (vermelhos), os de Rivera.[4] Isto conformou um bipartidismo que durou até princípios do século XXI, com a ascensão ao poder da Frente Ampla, com Tabaré Vásquez.

No geral, seus membros são denominados blancos ou blancos zurdos no caso daqueles com pensamentos mais próximos a visão moderna e conceito de esquerda. Além de integrarem a coligação de centro-direita à direita Coalizão Multicolorida (em espanhol: Coalición Multicolor)[5] e constituírem o setor democrata-cristão Aliança Nacional (em espanhol: Alianza Nacional),[6][7][8] os blancos são divididos em duas correntes partidárias, sendo elas:

  • Corrente Wilsonista: Baseada nos pensamentos ideológicos de Wilson Ferreira Aldunate, conhecido por ser o último caudilho do PN, defensor do desenvolvimento do setor agropecuário, de reforma agrária e forte opositor da Ditadura civil-militar uruguaia[11][12] (a qual contou inclusive com o apoio de políticos do Partido Colorado), essa corrente é associada à social-democracia, voltada para promoção de liberdade social e condições de vida digna a todos os cidadãos. Seus membros são conhecidos como "wilsonistas".

Em relação a temas sociais, não há um consenso interno quanto ao apoio ou oposição à descriminalização do aborto, da eutanásia[13][14] e redução da maioridade penal. Entretanto, os blancos, especialmente os da ala jovem Juventude Partido Nacional (em espanhol: Juventud Partido Nacional), vêm demonstrando uma posição unanimemente favorável aos direitos LGBT+.[15]

Ao longo da história, os membros do PN reagiram contra o projeto reformista favorável ao Estado de bem-estar social que personificou o batllismo ao longo de décadas. Com base na afirmação das vantagens da "economia natural", dos direitos da propriedade privada e dos benefícios derivados do câmbio livre, foram vinculados com o rural, o "crioulo", com a pecuária e com a terra.

Entre as principais lideranças da sigla, estão: o presidente Luis Lacalle Pou; a vice-presidente do Uruguai, primeira mulher presidente do PN (de 2018 a 2020) e feminista Beatriz Argimón; bem como o ex-presidente da República Luis Alberto Lacalle. Em vida, o membro da corrente "wilsonista" Jorge Larrañaga também foi relevante para o partido, chegando a atuar como ministro do Interior no governo de Lacalle Pou.[1]

Resultados eleitorais

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Eleições presidenciais

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Data Candidato(a) Vice Votos % Votos % Resultado
1.º turno 2.º turno
Eleições sob o sistema Lei de Lemas
1938 114.506 32,1% Não eleito
1942 Luis Alberto de Herrera Roberto Berro 129.132 22,5% Não eleito
Turena Olivera 1.384 0,2%
Saraiva 667 0,1%
al lema 52 0,0%
Votos totais 131.235 22,8%
1946 Luis Alberto de Herrera Martín Echegoyen 205.923 31,7% Não eleito
Basilio Muñoz José Rogelio Fontela 1.479 0,2%
Jacinto D. Durán 557 0,1%
al lema 161 0,0%
Votos totais 208.120 47,8%
1950 Luis Alberto de Herrera Martín Echegoyen 253.077 30,7% Não eleito
Salvador Estradé Emeterio Arrospide 1.421 0,2%
al lema 336 0.0%
Votos totais 254.843 30,9%
1966 Martín Echegoyen Dardo Ortiz 228.309 18,5% Não eleito
Alberto Gallinal Heber Zeballos 171.618 13,9%
Alberto Héber Usher Nicolás Storace Arrosa 96.772 7,9%
al lema 211 0,0%
Votos totais 496.910 40,3%
1971 Wilson Ferreira Aldunate Carlos Julio Pereyra 439.649 26,4% Não eleito
Mario Aguerrondo Alberto Héber Usher 228.569 13,7%
al lema 211 0.0%
Votos totais 668.822 40,2%
1984 Alberto Zumarán Gonzalo Aguirre 553.193 29,3% Não eleito
Dardo Ortiz 76.014 4,0%
Juan Carlos Payssé Cristina Maeso 21.903 1,2%
al lema 9.657 0,5%
Votos totais 660.767 35,0%
1989 Luis Alberto Lacalle 444.839 21,63% Eleito
Carlos Julio Pereyra 218.656 10,63% Não eleito
Alberto Zumarán 101.046 04,91%
al lema 1.449 00,07%
Votos totais 765.990 37,25%
1994 Alberto Volonté 301.655 14,9% Não eleito
Juan Andrés Ramírez 264.255 13,0%
Carlos Julio Pereyra 65.650 3,2%
Votos totais 633.384 31,2%
Eleições com único candidato presidencial por partido
1999 Luis Alberto Lacalle 478.980 22,3% Não eleito
2004 Jorge Larrañaga 764.739 34,30% Não eleito
2009 Luis Alberto Lacalle Jorge Larrañaga 669.942 29,07% 994.510 45,37% Não eleito
2014 Luis Lacalle Pou 732.601 30,88% 939.074 41,17% Não eleito
2019 Beatriz Argimón 696.452 29,70% 1.189.313 50,79% Eleito

No sistema eleitoral em vigor na época, denominado sistema Lei de Lemas, cada partido político poderia ter até três candidatos presidenciais. O resultado combinado dos votos para os candidatos de um partido determinava qual partido controlaria o poder executivo, e qualquer um dos candidatos do partido vencedor que terminasse em primeiro lugar seria declarado presidente. Este sistema foi usado desde a eleição de 1942 até a eleição de 1994. Em 1996, um referendo alterou a constituição para restringir cada partido a um único candidato presidencial, em vigor a partir das eleições de 1999.

Eleições parlamentares

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Data Votos % Deputados +/– Cl. Senadores +/- Cl.
1916 68.073 46,6%
105 / 218
  105   1.º
1917 29.257 22,7% Desconhecido   3.º
1919 71.538 38,0%
56 / 123
  1.º
1922 116.080 47,1%
58 / 123
  2   1.º
1925 122.530 45,1%
56 / 123
  2   1.º
1928 140.940 47,1%
60 / 123
  4   1.º
1931 133.625 43,2%
55 / 123
  5   1.º
1933 101.419 41,1%
117 / 284
  122   2.º
1934 92.903 37,3%
39 / 99
  138   2.º
15 / 30
  15   2.º
Senado 91.585 41,4%
1938 122.440 32,6%
29 / 99
  10   2.º
15 / 30
    2.º
Senado 114.571 31,7%
1942 199.265 34,6%
34 / 99
  5   2.º
7 / 30
  8   2.º
Senado 131.235 22,8%
1946 271.037 40,4%
40 / 99
  6   2.º
10 / 30
  3   2.º
Senado 208.085 31,1%
1950 254.788 30,8%
31 / 99
  9   2.º
10 / 30
    2.º
Senado 254.834 30,4%
1954 309.818 35,2%
35 / 99
  4   2.º
11 / 31
  1   2.º
1958 499.425 49,7%
51 / 99
  16   1.º
17 / 31
  6   1.º
1962 545.029 46,5%
47 / 99
  4   1.º
15 / 31
  2   1.º
1966 496.910 40,3%
41 / 99
  6   2.º
13 / 30
  2   2.º
1971 668.822 40,2%
40 / 99
  1   2.º
12 / 30
  1   2.º
1984 660.767 35.1%
35 / 99
  5   2.º
11 / 30
  1   2.º
1989 765.990 37,25%
39 / 99
  4   1.º
12 / 30
  1   1.º
1994 633.384 31,1%
31 / 99
  8   2.º
10 / 31
  2   2.º
1999 478.980 22,3%
22 / 99
  9   3.º
7 / 30
  3   3.º
2004 764.739 34,30%
36 / 99
  14   2.º
11 / 30
  4   2.º
2009 669.942 29,07%
30 / 99
  6   2.º
9 / 30
  2   2.º
2014 732.601 30,88%
32 / 99
  2   2.º
10 / 30
  1   2.º
2019 696.452 29,70%
30 / 99
  2   2.º
10 / 30
    2.º

Referências

editar
  1. a b «Muere el ministro de Interior de Uruguay, Jorge Larrañaga». El País (em espanhol). 22 de maio de 2021. Consultado em 6 de dezembro de 2022 
  2. «Declaración de Principios - Partido Nacional». partidonacional.org.uy (em espanhol). Consultado em 1 de agosto de 2021 
  3. «Uruguay: el presidente Lacalle Pou y su partido, fortalecidos tras las elecciones locales». Clarín (em espanhol). 28 de setembro de 2020. Consultado em 1 de agosto de 2021 
  4. «Historia Partido Nacional de Uruguay». Buenas Tareas (em espanhol). 12 de dezembro de 2011. Consultado em 15 de março de 2015 
  5. Martínez, Magdalena (29 de outubro de 2019). «La derecha uruguaya ensaya una coalición para derrotar al Frente Amplio en segunda vuelta». El País (em espanhol). Consultado em 26 de agosto de 2021 
  6. «Visión – Alianza Nacional». alianzanacional.org.uy (em espanhol). 21 de junho de 2012. Consultado em 2 de agosto de 2021 
  7. Santini, Marina (28 de julho de 2021). «El Futuro de Alianza Nacional: entre la disolución, la continuidad o la abertura hacia un ala "wilsonista"». La Diaria (em espanhol). Consultado em 2 de agosto de 2021 
  8. «Veronica Alonso tuvo en su currículum una maestría que no terminó». El Observador (em espanhol). 14 de janeiro de 2019. Consultado em 2 de agosto de 2021 
  9. Martinez, Walter. «El Partido Nacional, El Herrismo y Lacalle». La Onda digital (em espanhol). Consultado em 2 de agosto de 2021 
  10. Zubillaga, Carlos (1976). Herrera: La Encrucijada Nacionalista (em espanhol). [S.l.]: Montevideo Arca Ed. 
  11. Prereira, Marcelo (30 de julho de 2021). «Apuentes del Dia: Wilson y el Wilsonismo». La Diaria (em espanhol). Consultado em 1 de agosto de 2021 
  12. Correa, Juan Pablo (11 de março de 2018). «Wilson: su vida, lucha y legado». El País (em espanhol). Consultado em 9 de outubro de 2021 
  13. «Vázquez firmó veto a despenalización del aborto». El País (em espanhol). Arquivado do original em 18 de abril de 2009 
  14. «Trompadas en Parlamento uruguayo por eutanasia». elargentino.com (em espanhol). 18 de março de 2009. Cópia arquivada em 21 de março de 2009 
  15. «Blancos pusieron banderas de la diversidad y Argimón reafirmó "compromiso con derechos conquistados"». El País (em espanhol). 24 de setembro de 2020. Consultado em 2 de agosto de 2021