Boituva
Boituva é um município do estado de São Paulo, no Brasil. Situa-se na Região Metropolitana de Sorocaba, na Região Intermediária de Sorocaba e na Região Imediata de Sorocaba. Localiza-se a uma latitude 23º17'00" sul e a uma longitude 47º40'20" oeste, estando a uma altitude de 637 metros. Possui uma área de 248,954 km² e sua população, conforme estimativas do IBGE de 2019, era de 60 997[2] habitantes.
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Município do Brasil | |||
Vista aérea de Boituva | |||
Símbolos | |||
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Hino | |||
Lema | Fides labor hospitalitas "Fé, trabalho, hospitalidade" | ||
Gentílico | boituvense | ||
Localização | |||
Localização de Boituva em São Paulo | |||
Localização de Boituva no Brasil | |||
Mapa de Boituva | |||
Coordenadas | 23° 16′ 58″ S, 47° 40′ 19″ O | ||
País | Brasil | ||
Unidade federativa | São Paulo | ||
Região metropolitana | Sorocaba | ||
Municípios limítrofes | Cerquilho, Tietê, Iperó, Porto Feliz e Tatuí | ||
Distância até a capital | 116 km | ||
História | |||
Fundação | 1883 (141 anos) | ||
Emancipação | 6 de setembro de 1937 (87 anos) | ||
Administração | |||
Prefeito(a) | Edson José Marcusso (Cidadania, 2021–2024) | ||
Características geográficas | |||
Área total [1] | 248,954 km² | ||
População total (estimativa IBGE/2019[2]) | 60 997 hab. | ||
Densidade | 245 hab./km² | ||
Clima | subtropical (Cfb) | ||
Altitude | 637 m | ||
Fuso horário | Hora de Brasília (UTC−3) | ||
Indicadores | |||
IDH (PNUD/2000[3]) | 0,780 — alto | ||
PIB (IBGE/2015[4]) | R$ 2 650 583,35 mil | ||
PIB per capita (IBGE/2015[4]) | R$ 47 565,43 | ||
Sítio | www.boituva.sp.gov.br (Prefeitura) |
Toponímia
editar"Boituva" é um vocábulo de origem tupi que, segundo Silveira Bueno e Eduardo de Almeida Navarro, significa "local de muitas cobras", "ajuntamento de cobras". Da língua tupi mboy, mboîa: cobra; e tyba: grande quantidade, abundância, ajuntamento[5].
História
editarA julgar pelas datações relativas obtidas nos sítios arqueológicos Colina da Castelo 4[6] e Colina da Castelo 5[7], localizados em Porto Feliz, grupos indígenas não-ceramistas já habitavam as terras entre os rios Sorocaba e Tietê desde pelo menos 2.000 anos Antes do Presente[8]. Nesses sítios arqueológicos foram encontradas lascas e outros fragmentos de ferramentas feitas em silexito, arenito, quartzo, quartzito e outras rochas, sendo alguns deles identificados como percutores.
Populações agricultoras e ceramistas só teriam alcançado a região no início da Era Cristã, aparentemente. Segundo algumas fontes primárias do período colonial, as terras do médio curso do rio Tietê seriam habitadas pelos Guaianá (ou Guaianazes) e Carijó, povos falantes de idioma relacionado aos troncos Macro-Jê e Tupi-Guarani, respectivamente[9]. Segundo consta, a região era conhecida como M’Boituva por indígenas falantes de idiomas tupi-guarani, nome ligeiramente modificado e que seguiu em uso até os dias atuais[10].
A partir do século XVIII, a região provavelmente era atravessada de forma ocasional por viajantes que faziam o trajeto entre as vilas de Porto Feliz e Sorocaba. Da mesma forma, Boituva abrigava ranchos, pousadas para viajantes, fazendas e sítios ao longo dos caminhos terrestres e nas proximidades de cursos d’água como o rio Sorocaba e o Ribeirão Pau D’Alho. Alguns mapas do período colonial e da primeira metade do século XIX indicam que essas ocupações estavam distribuídas pelos bairros Corumbá, Pau D’Alho, Sítio Grande e Pinhal. De fato, há registro de diversas sesmarias na região de Boituva ao longo do século XVIII, sendo José de Campos Bicudo um dos primeiros a receber terras em 1726. Outra grande sesmaria concedida em Boituva, esta no ano de 1766, pertenceu a João Fernandes Maciel[10].
Identificado em 2021, o sítio arqueológico Vale Verde é um exemplo desse processo de ocupação rural ocorrido na região, o qual se estendeu por todo o século XIX e início do XX. Além de fragmentos de louças, cerâmicas, vidros e telhas, o sítio Vale Verde também conta com alguns poucos vestígios de uma ocupação indígena anterior, provavelmente relacionada ao período em que Guaianazes e Carijós ainda habitavam as terras de M’Boituva[11].
Por sua vez, a formação do município de Boituva é parte do processo de mudança da economia do estado de São Paulo para a produção de café e implantação de uma malha ferroviária para a exportação desta mercadoria. O local onde se formou o núcleo povoador que daria origem à cidade teve origem na propriedade de João Rodrigues Leite, que foi doador do terreno em que a Estrada de Ferro Sorocabana construiu, em 1882, a estação ferroviária e suas dependências[10][12]. Entre 1882 e 1889, a estação de Boituva foi a última parada do ramal ferroviário, sendo posteriormente transformado em ponto de partida do ramal de Tatuí – mais tarde conhecido como ramal de Itararé, o segundo maior da E. F. Sorocabana e que seguia em direção ao estado do Paraná[12]. Nos arredores da estação de Boituva começaram a se fixar funcionários da ferrovia e a serem construídos armazéns de abastecimento e demais edificações de apoio ao transporte de carga e passageiros e para os novos moradores do local, como alguns pequenos hotéis, restaurantes, pensões e outros comércios[10].
Nesse período já havia grandes propriedades cafeicultoras na região, até então em terras sob administração dos municípios de Sorocaba e Porto Feliz. De acordo com a história oficial de Boituva, alguns dos fazendeiros mais notáveis foram Eugênio Corte Real, Nicolau Vercelino, Coronel José de Campos Arruda Botelho e suas famílias. Coube ao Coronel Arruda Botelho a criação do distrito policial local, transferindo a freguesia de Boituva da paróquia de Porto Feliz para a de Tatuí, o que também motivou a criação de um distrito de paz[10].
De todo modo, o distrito de Boituva só foi criado oficialmente em 1906, pertencendo nesse momento a Porto Feliz. Curiosamente, apesar do protagonismo da ferrovia na formação de Boituva, a ligação ferroviária entre o então distrito e o centro urbano de Porto Feliz só foi concluída em 1920, sendo até então ligados somente por caminhos de terra[12]. A criação do município se deu na década de 1930, com o Decreto Estadual n° 3.045, de 6 de setembro de 1937, sendo instalado em 1938[13].
Alguns anos antes, em 1933, foi construído uma nova estação ferroviária em Boituva no lugar do prédio original de 1882. Data desse período a progressiva diminuição do uso da linha e da estação, entretanto, culminando na desativação da ligação ferroviária entre Porto Feliz e Boituva em 1962. Após o encerramento das atividades da estação de Boituva, a construção serviu diversas funções ao longo das décadas de 1990 e 2000[12]. Sendo uma das mais significativas construções históricas de Boituva, a estação foi alvo de obras de restauro em 2020[14].
Paraquedismo e balonismo
editarO município de Boituva é nacionalmente reconhecido como um polo para as práticas de paraquedismo e balonismo[15]. Por conta dessa reputação, a cidade de Boituva sediou alguns eventos ligados à essas duas práticas, incluindo duas edições do Campeonato Brasileiro de Balonismo:
- 30º Edição do Campeonato Brasileiro de Balonismo[16];
- 33º Edição do Campeonato Brasileiro de Balonismo[17];
- Campeonato Brasileiro de Swoop[18].
Além disso, o município têm se tornado um grande polo para o paraquedismo e balonismo turístico, atingindo um marco histórico no ano de 2021, data em que a cidade completou 50 anos do início das práticas de paraquedismo, que ocorreu em 1971. O Projeto de Lei 7.387/2017, de autoria do deputado federal Capitão Augusto, tem como objetivo condecorar a cidade com o título de Capital Nacional do Paraquedismo e do Balonismo Turístico.[19]
Comunicações
editarA cidade foi atendida pela Companhia Telefônica Brasileira (CTB) até 1973[20], quando passou a ser atendida pela Telecomunicações de São Paulo (TELESP), que construiu a central telefônica utilizada até os dias atuais. Em 1998 esta empresa foi privatizada e vendida para a Telefônica[21], sendo que em 2012 a empresa adotou a marca Vivo[22] para suas operações de telefonia fixa.
Geografia
editarDemografia
editarDados do Censo - 2010 População Total: 48 314
- Urbana: 45 448
- Rural: 2 866
- Homens: 24 313
- Mulheres: 24 001
- Total: 48 314
Hidrografia
editarRodovias
editarFerrovias
editar- Linha Tronco da antiga Estrada de Ferro Sorocabana[12]
Clima
editarDados climatológicos para Boituva | |||||||||||||
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Mês | Jan | Fev | Mar | Abr | Mai | Jun | Jul | Ago | Set | Out | Nov | Dez | Ano |
Temperatura máxima média (°C) | 27,4 | 27,1 | 26,8 | 25,3 | 23,2 | 21,9 | 21,9 | 22,9 | 24,0 | 25,0 | 26,2 | 27,2 | 19,3 |
Temperatura mínima média (°C) | 18,1 | 17,2 | 16,5 | 14,5 | 11,7 | 10,2 | 9,5 | 10,6 | 12,3 | 14,1 | 15,3 | 17,2 | 13,8 |
Precipitação (mm) | 205 | 178 | 133 | 56 | 47 | 40 | 34 | 29 | 56 | 114 | 107 | 169 | 1 168 |
Fonte: [1] CLIMATE-DATA |
Referências
- ↑ IBGE (junho 2018). «Área da unidade territorial». Área territorial brasileira. Rio de Janeiro: IBGE, 2018. Consultado em 17 de Setembro de 2018
- ↑ a b «Estimativa populacional 2019 IBGE». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 28 de agosto de 2019. Consultado em 14 de setembro de 2019
- ↑ «IDHM Municípios 2010». Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). 2010. Consultado em 17 de Setembro de 2018
- ↑ a b «Produto Interno Bruto dos Municípios 2015». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Consultado em 17 de Setembro de 2018
- ↑ NAVARRO, E. A. Método moderno de tupi antigo: a língua do Brasil dos primeiros séculos. 3ª edição. São Paulo. Global. 2005. p. 56.
- ↑ «Sítio Colina da Castelo 4». Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos. Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. 2007. Consultado em 30 de agosto de 2022
- ↑ «Sítio Colina da Castelo 5». Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos. Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. 2007. Consultado em 30 de agosto de 2022
- ↑ Santos, Fábio (2013). «Abordagem Teórica sobre o Estudo de Sítios Líticos no Interior do Estado de São Paulo, Brasil». Instituto Terra e Memória. Revista Techné. 1 (1): 45. Consultado em 30 de agosto de 2022
- ↑ Nimuendajú, Curt (2017). «Mapa Etno-histórico do Brasil e Regiões Adjacentes». Inventário Nacional de Diversidade Linguística. Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Consultado em 30 de agosto de 2022
- ↑ a b c d e «Cidade. Nossa História». Prefeitura Municipal de Boituva. Prefeitura Municipal de Boituva. Consultado em 30 de agosto de 2022
- ↑ «Sítio Vale Verde». Sistema de Integrado de Conhecimento e Gestão. Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. 2021. Consultado em 30 de agosto de 2022
- ↑ a b c d e Giesbrecht, Ralph (2021). «Estação Boituva». Estações Ferroviárias do Brasil. Consultado em 30 de agosto de 2022
- ↑ «Cidades. História & Fotos. Boituva». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 2017. Consultado em 30 de agosto de 2022
- ↑ «"Restaurada, estação de trem de Boituva irá se tornar ponto de turismo e cultura"». Prefeitura Municipal de Boituva. Notícias. Prefeitura Municipal de Boituva. 22 de julho de 2020. Consultado em 30 de agosto de 2022
- ↑ «The Best Place to Skydive on Every Continent». Consultado em 10 de Dezembro de 2015
- ↑ «30º Campeonato Brasileiro de Balonismo acontece em Boituva.». Prefeitura Municipal de Boituva. 6 de julho de 2017. Consultado em 19 de junho de 2022. Cópia arquivada em 19 de junho de 2022
- ↑ «33ª EDIÇÃO DO CAMPEONATO BRASILEIRO DE BALONISMO COMEÇA DIA 14». Prefeitura Municipal de Boituva. 30 de agosto de 2021. Consultado em 19 de junho de 2022. Cópia arquivada em 19 de junho de 2022
- ↑ «Campeonato de paraquedismo com 'voos rasantes' em alta velocidade reúne atletas de todo o país no interior de SP; vídeo». G1. Consultado em 19 de junho de 2022
- ↑ «BOITUVA REALIZA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA SER RECONHECIDA OFICIALMENTE COMO CAPITAL NACIONAL DO PARAQUEDISMO E DO BALONISMO TURÍSTICO». 14 de março de 2022. Consultado em 19 de junho de 2022. Cópia arquivada em 19 de junho de 2022
- ↑ «Relação do patrimônio da CTB incorporado pela Telesp» (PDF). Diário Oficial do Estado de São Paulo
- ↑ «Nossa História». Telefônica / VIVO
- ↑ GASPARIN, Gabriela (12 de abril de 2012). «Telefônica conclui troca da marca por Vivo». G1