Bosque Rodrigues Alves
O Bosque Rodrigues Alves e Jardim Botânico da Amazônia, ou simplesmente Bosque Rodrigues Alves (inicialmente chamado Bosque Municipal do Marco da Légua)[1] é uma área de preservação ambiental brasileira localizada no bairro do Marco, na cidade de Belém, capital do Estado do Pará.
Bosque Rodrigues Alves
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Bosque Rodrigues Alves e Jardim Botânico da Amazônia | |
Localização | Belém, Pará |
Tipo | Público |
Área | 15 hectares |
Inauguração | 25 de Agosto de 1883 |
Administração | Prefeitura de Belém |
Nº de visitas anuais | quarta a domingo |
Coordenadas |
Foi idealizado pelo José Coelho da Gama e Abreu, o Barão de Marajó, e inaugurado em 1883, na então Província do Grão-Pará, durante o reinado do Imperador D. Pedro II.
Abriga mais de 300 espécies de flora e 58 espécies de fauna e recebe, em média, 20 mil visitantes ao mês.[2]
Em 2008, foi elevado a categoria de Jardim Botânico, integrando assim a rede de espaços nacionais e internacionais de preservação natural e histórica, a Botanic Gardens Conservation Internacional (BGCI).[3]
História
editarO bairro Marco da Légua
editarEm 1625, devido a posição estratégica de Belém na foz do Amazonas, os portugueses instalaram um entreposto fiscal comercial, a Casa de Haver-o-Peso[4][5], para arrecadação de impostos dos produtos europeus importados para Belém,[5] e dos exportados para fora da Amazônia (como as drogas do sertão e a carne bovina da Ilha de Marajó).[6]
Em 1627, a importância do entreposto elevou-se com a criação da primeira légua patrimonial pelo governador Francisco Coelho: uma porção de terra de 4110 hectares (iniciando as margens do rios Pará e Guamá) doada pela Coroa Portuguesa à Câmara de Belém, para impulsionar o crescimento populacional em direção ao interior[4][7][8], na região do rio Caeté habitada desde 1613 (atual município de Bragança)[9][10], originando assim o bairro Marco da Légua e[11] alavancando um aumento populacional.[12]
O crescente aumento da importância da capitania do Grão-Pará acarretou que, em 1654, o Estado do Maranhão foi renomeado para Estado do Maranhão e Grão-Pará.[12][13]
O parque municipal
editarEm agosto de 1883, no contexto da Belle Époque, o Bosque foi inaugurado como um parque municipal. Este fato ocorreu durante o governo do intendente Antônio Lemos, na então estrada de Bragança ou estrada do Marco da Légua (atual avenida Almirante Barroso, onde ocorria a construção da Ferrovia Belém-Bragança). Assim, o bosque marcava o limite da primeira légua patrimonial da cidade, consolidando sua ocupação.[14]
O parque idealizado pelo presidente da Província do Grão-Pará José Coelho da Gama Abreu, o Barão de Marajó, inspirado no amplo boulervard parisiense Bois de Bolongne, projetou em Belém uma réplica tropical, que tornou-se símbolo da modernização de Belém à época.[1][14]
Em 1929, o senador e intendente da capital, Antônio de Almeida Facióla (nomeado pelo Governador Eurico de Freitas Vale), restaurou todas as obras de arte e brinquedos existentes no bosque e, concluiu a construção do muro e gradil em seu entorno.[15]
Em 2002, o Bosque recebeu o registro provisório de Jardim Botânico da Amazônia, cedido pela Rede Brasileira de Jardins Botânicos.[16]
Flora
editarO bosque contém uma área de 15 hectares, distribuídos em um terreno retangular que preserva parte da natureza originária daquela área antes da expansão de Belém na década de 1950. Quase a totalidade do terreno é recoberta por vegetação, e o resto coberto por edificações históricas e vias de exploração.
A vegetação é constituída de mata nativa do período em que não havia-se ocupado a região, uma área preservada desde o final do século XIX, com plantas e árvores características da Amazônia. Estima-se que 94% da vegetação é de mata nativa e 6% de plantas exóticas[16], contando com mais de 10.000 árvores de mais de 300 espécies.[2]
No bosque existem árvores centenárias, como um exemplar de quariquara que possui cerca de 400 anos e um de maçaranduba, com 150 anos. Conta também com a carapanauba branca e o marupá, além da famosa seringueira - matéria-prima da borracha, da andiroba, usada na região para fins medicinais e de espécies em extinção, como o cedro e o angelim rajado[17].
Fauna
editarA fauna é exclusivamente constituída por animais originários da floresta amazônica, tendo animais em cativeiro, ou semi cativeiro e alguns poucos em liberdade, agregando cerca de 430 animais. A fauna constitui vários mamíferos, anfíbios, repteis e insetos. Possui um viveiro de pássaros. Além disso, desenvolve programas de manejo de fauna silvestre e projetos de educação ambiental.[18]
Podem-se observar araras, macacos-prego, tucanos, jandaias-verdadeiras, garças, periquitos-de-asa-branca, jabutis, jacarés, papagaios e ararajubas, além de outras espécies em liberdade, como: cutias, macacos-de-cheiro e preguiças.[carece de fontes]
O bosque conta ainda com um aquário com vários espécies de peixes da Amazônia, como o bengalinha, o acará-bandeira, o rosaceus, a arraia-motoro, o corydoras, o acará-apaiari, o acará-disco, entre outros.[carece de fontes]
Patrimônio histórico
editarO Bosque Rodrigues Alves é tombado em esfera estadual por seu Conjunto Arquitetônico e Paisagístico, desde 1982.[19]
O Bosque conserva até hoje estruturas originais do século XIX, como o portão monumental da entrada principal, o monumento aos intendentes municipais, a estátua aos legendários guardiões da floresta Mapinguari e Curupira, o quiosque chinês, a gruta de pedra-sabão e os lagos artificiais.
Em 1985, um chalé de ferro do século XIX foi restaurado e transferido para o Bosque, onde encontra-se até hoje.[20]
Ver também
editarReferências
- ↑ a b Correa, Homero Vilar (10 de agosto de 2014). «A representação social de áreas verdes em cidades: o caso bosque rodrigues alves - jardim botânico da amazônia». Revista Margens Interdisciplinar (11): 70–88. ISSN 1982-5374. doi:10.18542/rmi.v8i11.3243. Consultado em 17 de setembro de 2020
- ↑ a b «Sobre o Bosque». Bosque Rodrigues Alves. Consultado em 8 de maio de 2023
- ↑ Lueni Pantoja Souza (2016). "O bosque rodrigues alves como patrimônio cultural: o processo de urbanização de belém e a (res) significação da paisagem urbana" (PDF) ISBN 978.85.99907.07-8. . XVIII Encontro Nacional de Geógrafos.
- ↑ a b Celma Chaves e Ana Paula Claudino Gonçalves (28 de março de 2013). «O mercado público em Belém: arquitetura e inserção urbanística» (PDF). IV Colóquio Internacional sobre o comércio e cidade. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. Consultado em 8 de março de 2018
- ↑ a b Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. «Ver-o-Peso (PA)». Complexo arquitetônico e paisagístico Ver-o-Peso
- ↑ «Mercado de carne vai sair em duas etapas». Diário do Pará. Consultado em 27 de fevereiro de 2018
- ↑ Andrea de Cássia Lopes Pinheiro (2015). «Caracterização e Quadros de Análise Comparativa da Governança Metropolitana no Brasil: arranjos institucionais de gestão metropolitana» (PDF). Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão do Governo do Brasil. Consultado em 9 de março de 2018
- ↑ Duarte, Ana Cláudia Cardoso; Neto, Raul da Silva Ventura. A evolução urbana de Belém: trajetória de ambiguidades e conflitos socioambientais. Col: Cadernos Metrópole. [S.l.]: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). ISSN 2236-9996
- ↑ Brönstrup,, Silvestrin, Celsi; Gisele,, Noll,; Nilda,, Jacks, (2016). Capitais brasileiras : dados históricos, demográficos, culturais e midiáticos. Col: Ciências da comunicação. Curitiba, PR: Appris. ISBN 9788547302917. OCLC 1003295058. Consultado em 30 de abril de 2017. Resumo divulgativo
- ↑ Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. «História de Bragança, Pará». Consultado em 19 de outubro de 2022
- ↑ João Marcio Palheta da Silva e Christian Nunes da Silva. «O traçado da primeira légua patrimonial (LPLP) e da linha de preamar média (LPM) de 1831 da cidade de Belém». Consultado em 9 de março de 2018
- ↑ a b Célia Cristina da Silva Tavares (2006). "A escrita jesuítica da história das missões no Estado do Maranhão e GrãoPará (século XVII)" (pdf) . Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). XII Encontro Regional de História. Acessado em 21/09/2020.
- ↑ José Manuel Azevedo e Silva. "O modelo pombalino de colonização da amazónia" (pdf) . Universidade de Coimbra. Acessado em 21/09/2020.
- ↑ a b Belém.com.br; Belém.com.br (12 de janeiro de 2022). «Bosque Municipal: um espaço verde inscrito na história da construção de Belém». Belém.com.br. Consultado em 18 de outubro de 2022
- ↑ «O Intendente Senador Antonio Facióla». Laboratório Virtual da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU/UFPA). Universidade Federal do Pará. 24 de setembro de 2011. Consultado em 4 de agosto de 2019
- ↑ a b «Quem somos». Bosque Rodrigues Alves. Consultado em 8 de maio de 2023
- ↑ «Flora». Bosque Rodrigues Alves. Consultado em 8 de maio de 2023
- ↑ «Fauna». Bosque Rodrigues Alves. Consultado em 8 de maio de 2023
- ↑ «Belém – Conjunto Arquitetônico e Paisagístico do Bosque Municipal Rodrigues Alves». iPatrimônio - Patrimônio Culltural Brasileiro. Consultado em 8 de maio de 2023
- ↑ «Bosque reconstrói chalé». Hemeroteca Digital Brasileira. Diário do Pará (n.854). 16 de agosto de 1985. Consultado em 8 de maio de 2023