Brésil (balão esférico)
Brésil foi o primeiro balão esférico desenvolvido por Alberto Santos Dumont, onde, aos 25 anos, apresentou diversas inovações na área da aeronáutica e realizou mais de 200 voos.
Brésil | |
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Primeira ascensão | |
Descrição | |
País de origem | França |
Fabricante | Lachambre & Machuron |
Quantidade produzida | 1 |
Primeiro voo em | 4 de julho de 1898 (126 anos) |
Especificações | |
Dimensões | |
Volume | 113 m³ (3 990 ft³) |
Peso(s) | |
Peso vazio | 27,5 kg (60,6 lb) |
História
editarOrigem
editarApós sete anos vivendo em Paris e já tendo realizado diversas ascensões em outros balões, Santos Dumont resolveu desenvolver uma aeronave própria para ganhar experiência, pois seria economicamente mais viável em comparação com alugar balões de outros construtores. Com isto, aos 25 anos, ele encomendou ao construtor Henri Lachambre, da firma Lachambre & Machuron o que ele visou ser o menor balão livre já construído, com uma câmara de 113 m3 de hidrogênio, 6 metros de diâmetro e um peso total de 27,5 kg.[1][2][3]
Antes de voar no Brésil, a equipe de Henri Lachambre deixou que Santos Dumont realizasse ascensões tanto na França e na Bélgica como forma de ir adquirindo experiência.[4] De acordo com Godin da Fonseca, Santos Dumont teria sido influenciado a construir seu primeiro balão ao acompanhar a corrida de automóveis Paris-Amsterdam em 1897.[5]
Desenvolvimento
editarUma das principais inovações de Santos Dumont nesta aeronave foi o uso da seda japonesa no envólucro: a seda japonesa, apesar de possuir 70% da resistência por unidade de área da seda chinesa, ainda assim tinha uma resistência 70% maior que a necessária. Porém, os demais balonistas temiam que a delicadeza do material causasse rasgos em voo e Santos Dumont só passou a confiar no material após diversos testes em laboratório.[6] Para manter a estabilidade, Santos Dumont empregou um maior comprimento de corda, como mostrado no esquema acima, onde a primeira figura representa um balão tradicional e a segunda representa o Brésil.[7]
Tudo envolvido foi diminuído ao máximo possível, mesmo com a inexistência de experiência com um balão tão diminuto. Porém, Santos Dumont teve de estudar tudo o que já havia sido realizado até o momento para ter confiança no projeto.[8] A rede da câmara foi reduzida para meros 2 kg, enquanto a nacele foi reduzida de 20 para 6 kg.[9] Em vez de uma âncora, utilizou-se de um pequeno arpão de três quilos.[10] Seus críticos diziam que o balão não teria estabilidade, nem sucesso.[2]
Uso e legado
editarSeu primeiro voo ocorreu em 4 de julho de 1898,[3] no Jardin d´Acclimatation.[11] Santos Dumont descreveu que o balão "...O Brasil era muito manobrável no ar e muito ágil." e que não estaria errado dizer que ele o carregava em sua maleta.[12] O aeronauta também descreveu que o balão era "...lindo na sua transparência, como uma grande bola de sabão".[13]
Seu uso em mais de 200 voos tornou Santos Dumont um dos melhores aeronautas da França e proporcionou-lhe a devida experiência de voo que resultou no desenvolvimento de outros balões e dos seus dirigíveis,[14][3][15] além de ter atraído atenção de outros inventores e da imprensa europeia.[16] O desempenho de seus dois primeiros modelos, Brésil e Amérique, impressionou balonistas experientes.[17] Seu primeiro dirigível, o Nº1, teve seu primeiro teste realizado no dia 18 de setembro de 1898, três meses e meio após o primeiro voo do Brésil.[18]
Dias 2006 descreveu que devido às inovações realizadas ao desenvolver um balão de tamanho e custo reduzido, Santos Dumont "...teria dado uma grande contribuição à aeronáutica." mesmo se só houvesse realizado o Brésil.[9]
Ver também
editarReferências
- ↑ Dias 2006, pp. 39 e 42.
- ↑ a b Barros 2021, p. 2.
- ↑ a b c Barros 2006, p. 37.
- ↑ O Cruzeiro, 2 de outubro de 1974, p. 52.
- ↑ DaCosta & Miragaya 2016, p. 42.
- ↑ Dias 2006, p. 43.
- ↑ Pereira 2022, pp. 12-13.
- ↑ Dias 2006, p. 44.
- ↑ a b Dias 2006, p. 45.
- ↑ Jorge 2018, p. 74.
- ↑ Hoffman 2003, p. 50.
- ↑ Santos-Dumont 1904, p. 52.
- ↑ Santos-Dumont 1918, p. 17.
- ↑ Dias 2006, p. 40.
- ↑ Hoffman 2003, p. 353.
- ↑ Barros & Souza 2011, p. 240.
- ↑ Brandão 2018, p. 4.
- ↑ Hoffman 2003, p. 51.
Bibliografia
editar- Barros, Henrique Lins (2006). «Alberto Santos-Dumont: pioneiro da aviação». São Paulo. Exacta. 4 (1): 35-46. ISSN 1678-5428. doi:10.5585/exacta.v4i1.643. Cópia arquivada em 3 de setembro de 2021
- Barros, Henrique Lins de; Souza, Renato Vilela Oliveira de (2011). «Santos-Dumont e a solução do voo dirigido: releituras e interpretações da imagem pública de um inventor». Rio de Janeiro. Revista Brasileira de História da Ciência. 4 (2): 239-256. doi:10.53727/rbhc.v4i2.322. Cópia arquivada em 11 de agosto de 2019
- Brandão, Mauricio Pazini (2018). «The Santos-Dumont legacy to aeronautics» (PDF) (em inglês). Cópia arquivada (PDF) em 13 de setembro de 2021
- Barros, Henrique Lins de (2021). «Santos Dumont: Um pioneiro da segurança de voo e dos ensaios em voo» (PDF). 11 páginas. Arquivado do original (PDF) em 20 de julho de 2021
- DaCosta, L.P.; Miragaya, A. (2016). Santos-Dumont, Aviador Esportista: O Primeiro Herói Olímpico do Brasil (PDF). Rio de Janeiro: Engenho Arte e Cultura. 108 páginas. ISBN 978-85-69153-00-9. OL 32239895M. Cópia arquivada (PDF) em 27 de dezembro de 2018
- Dias, Adriano Batista (2006). Santos Dumont: O Inovador (PDF) 1 ed. [S.l.]: Vieira Lent. 160 páginas. ISBN 85-88782-35-9. Cópia arquivada (PDF) em 11 de dezembro de 2022
- Morel, Edmar (2 de outubro de 1974). «Vida e Morte do Pai da Aviação (II)». O Cruzeiro. 46 (40). pp. 52–57
- Hoffman, Paul (2003). Wings of Madness 1 ed. [S.l.]: Hyperion. 369 páginas. ISBN 0-7868-8571-8. OL 15444205M
- Jorge, Fernando (2018). As Lutas, A Glória e o Martírio de Santos Dumont 1 ed. Rio de Janeiro: Harper Collins. ISBN 978-85-9508-271-7
- Pereira, 1º Ten QOCon HIS Elaine Gonçalves da Costa (2022). Santos Dumont (PDF). Pai da Aviação. Rio de Janeiro: INCAER. 50 páginas. Cópia arquivada (PDF) em 13 de maio de 2023
- Santos-Dumont, A. (1904). Dans L'air (em francês) 1 ed. Paris: Charpentier et Fasquelle. 344 páginas. OL 6762636M
- Santos-Dumont (1918). O que eu vi, o que nós veremos. São Paulo: [s.n.] 100 páginas. OL 32235835M
- Leitura adicional
- Dumont, Santos (1898). «Une Ascension au Jardin D'Acclimatation». L'Aérophile (em francês). 6. pp. 103–105