Chócues
O povo chócue [1] ou côkwe[nota 1] é uma etnia banta que se concentra sobretudo no nordeste de Angola e numa larga faixa que de lá se estende até ao sul do país, mas também no extremo sudoeste da República Democrática do Congo e no extremo noroeste da Zâmbia. Fala a língua chócue.
Chócues | |||||||||
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Arte em cobre dos chócues | |||||||||
População total | |||||||||
Regiões com população significativa | |||||||||
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Línguas | |||||||||
Chócue, francês (Rep. Dem. do Congo), português (Angola) e inglês (Zâmbia) | |||||||||
Religiões | |||||||||
Cristianismo | |||||||||
Etnia | |||||||||
Bantos | |||||||||
Grupos étnicos relacionados | |||||||||
Lundas e ganguelas |
Numa perspectiva etnológica, os chócues destacam-se pela sua tradição artística, particularmente pelas suas esculturas e máscaras.
Historicamente, estão envolvidos no colapso do Reino Lunda, e no nordeste de Angola continuam a viver numa estreita coabitação com a etnia lunda. A sua migração para o Sul, onde muitas vezes se radicaram por grupos em espaços não utilizados por outras etnias, continuou até meados do século XX. A coesão entre eles muito deve a uma rede de autoridades tradicionais que inclui o seu hábitat nos países vizinhos. Em termos económicos, a sua base continua a ser a pequena agricultura, exclusivamente para efeitos de subsistência, bem como a caça. Até à data mostram-se pouco abertos ao cristianismo, salvo quando passam a fixar-se em contextos urbanos.[2]
Os côckwes envolveram-se pouco na guerra anti-colonial e na Guerra Civil Angolana. Depois da independência de Angola, foram a única etnia que, nas duas primeiras eleições parlamentares, conseguiu eleger deputados de um pequeno partido, o Partido de Renovação Social (PRS) que representa os seus interesses específicos.
Outras designações
editarNos tempos coloniais foram adoptadas variantes, algumas aportuguesadas, outras atribuídas aos povos chócues, pelo que os mesmos podem ser referidos em muita literatura como Quiocos, Chocué, Ciokwe, Djok, Shioko, Tchocué, Tshokwe, Tchokwe e Tschiokloe.[3]
Notas
- ↑ Também escrito Chókwé, Cókwè ou Tchocué; "Côkwe" é a forma oficial na própria língua chócue, adoptada oficialmente em Angola ao se fixarem as normas para a escrita da língua.
Referências
- ↑ «Definição ou significado de chócue no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa com Acordo Ortográfico». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 13 de novembro de 2016
- ↑ José Redinha, Etnias e culturas de Angola, Luanda: Instituto de Investigação Científica de Angola, 1975
- ↑ Paul Lewis (2009). Ethnologue. Languages of the World (em inglês) Sexta ed. Dallas, Tex.: SIL International. ISBN 978-1-55671-216-6. Consultado em 30 de janeiro de 2011. Arquivado do original em 23 de setembro de 2012}}
Bibliografia
editar- Manuel Laranjeira Rodrigues Areia, Les symboles divinatoires: Analyse socio-culturelle d'une technique de divination des Cokwe de l'Angola, Coimbra: Instituto de Antropologia/Universidade de Coimbra, 1985
- Marie Louise Bastin, La sculpture tshokwe, Meudon: Chaffin, 1982
- Jean David & Gerhard Merzeder, The Chokwe and their Neighbours, Zurique: Ed. Jean David, 2003, ISBN 395 224 9513 (com uma contribição de Manuel Laranjeira Areia)
- Manuel Jordán, Chokwe, Nova Iorque, 1998
- Augusto Mesquitela Lima, Fonctions sociologiques des figurines de culte hamba dans la société et dans la culture tshokwé (Angola), Luanda: Instituto de Investigação Científica de Angola, 1971
- João Vicente Martins, Os Tutchokwe do Nordeste de Angola, dissertação de doutoramento em antropologia, Lisboa: Universidade Nova de Lisboa, 1997
- Jospeh C. Miller, Chokwe Expansion 1850-1900, Madison: Wisconsin University, 1969
- Joseph C. Miller, Chokwe trade and conquest, in: R. Gray & D. Birmingham (orgs.), Precolonial African Trade, Londres: Oxford University Press, 1970, pp. 175–201
- Boris Westiau, Chokwe, Milão: Cinque Continenti, 2006