Caetana América Sowzer (Salvador, 7 de dezembro de 1910 - Salvador, 1993), melhor conhecida como Iá Caetana Bamboxê ou Iá Caetana Lajuomim,[1] Mãe Caetana, Mãe Preta, Mãe dos Olhos D'água ou mesmo só Lajuomim,[2] foi uma importante sacerdotisa do candomblé Queto (ialorixá) da Bahia, conhecida como fundadora de terreiros em Salvador. Pertencia à linhagem de Rodolfo Martins de Andrade, os Bamboxês.

Caetana Américo Sowzer

Caetana em seu terreiro
Nascimento 7 de agosto de 1910
Salvador, BA, Brasil
Morte 1993 (83 anos)
Salvador, BA, Brasil
Progenitores Mãe: Damázia Maria das Candeias
Pai: Felisberto Sowzer
Religião Candomblé Queto

Caetana nasceu em Salvador em 7 de dezembro de 1910. Era filha de Felisberto Sowzer, dito Benzinho ou Ogum Tossi, e Damázia Maria das Candeias,[2] e pertencia à linhagem dos Bamboxês iniciada por seu avô paterno Rodolfo Martins de Andrade, o Bamboxê Obiticô.[1] Cedo, aprendeu com o seu pai o segrego dos búzios.

Aos 31, em 1941, fundou o terreiro de Ilê Axé Lajuomim, e 22 anos depois, em 1963, ajudou seu sobrinho Pai Air a fundar Ilê Odô Ogê, mais conhecido como Terreiro Pilão de Prata. Nestes, ocupou a posição de ialorixá. Diz-se que era filha do orixá Oxum. Se sabe que ainda era violinista e costureira.[1][3]

Após a morte da ialorixá Cecília do Bonocô, a fundadora do Ilê Axé Maroqueto e sua amiga de longa de data, em 10 de dezembro de 1965,[4] Caetana realizou a primeira cerimônia fúnebre da falecida, o Axexê, e esteve presente nas demais cerimônias, mas não as presidiu. Depois, atuou como conselheira espiritual das filhas de Cecília.[5]

Em maio de 2004, foi inaugurada em Salvador a Praça Mãe Preta, situada em frente ao Pilão de Prata, na qual consta a medalha de bronze que celebra Caetana realizada por Herbert Viana de Magalhães.[2][6]

Em agosto de 2006, foi postumamente homenageada junto do babalorixá Air José de Souza, seu sobrinho biológico e iniciado, pelo então deputado estadual Aderbal Caldas (PP) na assembleia legislativa.[7][8]

Memorial Lajuomim e Biblioteca Lajuomim

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Placa comemorativa das mães pretas de Salvador com medalha de bronze em honra de Caetana Sowzer

Em 1994, foi fundado o Museu Lajuomim no Terreiro Pilão de Prata que retrata a história de uma das famílias mais importantes do candomblé, a família Bamboxê Obitikô. No local estão expostas fotografias da família e consta com um acervo dos pertences de Caetana Sowzer. O espaço reúne seus violinos, objetos pessoais e sagrados, indumentárias, jóias, móveis e estatuetas. Em abril de 2021 foi lançado o projeto “Fotografia: Registro das Marcas do Tempo do Candomblé da Bahia”, com objetivo de difundir as tradições das religiões africanas com base na trajetória da família Bangbosé, promovido pela Fundação Pedro Calmon e Secretaria de Cultura do Estado da Bahia.[1][9][10][11]

Em 2000, foi inaugurada a Biblioteca Lajuomim em cerimônia dos sete anos de falecimento de Caetana Sowzer. O objetivo é consolidar a capacidade intelectual tanto dos fiéis do Candomblé como da comunidade em geral. O acervo da biblioteca é composto de livros, periódicos, materiais audiovisuais, recortes, gravuras e até de um bancos de dados com informações dos terreiros de candomblé e seus dirigentes. A biblioteca também dispõe de uma grande coleção de fotografias, em torno de quinhentos, que estão em processo de digitalização para que não sejam perdidas.[12][13]

Avaliação

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Segundo descrição fornecida no sítio do Terreiro Pilão de Prata, Caetana era "figura impar, de conhecimentos profundos e simpatia incomparável". Também se afirma que era "costureira e apreciadora das artes: tocava violino e não tinha compromisso com o tempo".[1]

Referências

  1. a b c d e «Caetana Américo Sowzer Lajuomim». Pilão de Prata 
  2. a b c «Medalhão Mãe Preta N.º SNIIC: ES-11657». Mapas Cultura 
  3. «Bamboxê Obitikô | MUNDO AFRO». Consultado em 23 de agosto de 2021 
  4. Soares 2009, p. 117.
  5. Soares 2009, p. 235.
  6. «Mãe Caetana/Mãe Preta» (PDF). Fundação Gregório de Mattos 
  7. «Mãe Caetana e Pai Air, do Pilão de Prata, são homenageados na AL». Assembleia Legislativa da Bahia. 2006 
  8. Ramos, Cleidiana (2015). «Câmara faz homenagem a Pai Air, herdeiro da família Bamboxê». Mundo Afro - A Tarde 
  9. Line, A. TARDE On. «Terreiros criam rede para manter memória». Portal A TARDE. Consultado em 23 de agosto de 2021 
  10. Setembro, Governo da Bahia Governo do Estado da Bahia Fundação Pedro Calmon Av Sete de; N° 282; Brasilgás, Edifício; Ao 8º, 5º; Brasil, ares-Centro CEP 40 060-000- Salvador- Bahia Localização Exerça sua cidadania Fale com a Ouvidoria Todo o conteúdo desse site está publicado sob a licença Creative Commons Atribuição-SemDerivações 3 0. «Iniciativas de preservação a documentos arquivísticos tem prazo estendido para realização no Prêmio Fundação Pedro Calmon». Fundação Pedro Calmon - Governo da Bahia. Consultado em 23 de agosto de 2021 
  11. Setembro, Governo da Bahia Governo do Estado da Bahia Fundação Pedro Calmon Av Sete de; N° 282; Brasilgás, Edifício; Ao 8º, 5º; Brasil, ares-Centro CEP 40 060-000- Salvador- Bahia Localização Exerça sua cidadania Fale com a Ouvidoria Todo o conteúdo desse site está publicado sob a licença Creative Commons Atribuição-SemDerivações 3 0. «#LeiAldirBlanc - Acervo fotográfico registra a formação do Candomblé́ na Bahia a partir da trajetória da Família Bangbosé». Fundação Pedro Calmon - Governo da Bahia. Consultado em 23 de agosto de 2021 
  12. Line, A. TARDE On. «Religião». Portal A TARDE. Consultado em 23 de agosto de 2021 
  13. «DIGITALIZAÇÃO DO ACERVO FOTOGRÁFICO: UMA EXPERIÊNCIA NA BIBLIOTECA LÀJUOMIM» (PDF). Consultado em 23 de agosto de 2021 

Bibliografia

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