Calloselasma
Calloselasma é um género monotípico[3] criado para uma espécie de víbora-de-fossetas venenosa, C. rhodostoma, a qual é endémica do Sudeste Asiático desde a Tailândia até ao norte da Malásia e na ilha de Java.[2] Atualmente não são reconhecidas subespécies.[4]
Calloselasma | |||||||||||||||
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Estado de conservação | |||||||||||||||
Pouco preocupante [1] | |||||||||||||||
Classificação científica | |||||||||||||||
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Nome binomial | |||||||||||||||
Calloselasma rhodostoma (Kuhl, 1824) | |||||||||||||||
Sinónimos | |||||||||||||||
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Descrição
editarAtinge, em média, um comprimento total de 76 cm, sendo as fêmeas um pouco mais compridas que os machos. Ocasionalmente podem crescer até 91 cm.[5]
Um espécime com um comprimento total de 81 cm tem uma cauda com 9 cm de comprimento.
O dorso é avermelhado, acinzentado, ou castanho-claro, com duas séries de grandes manchas triangulares castanhas com contornos pretos, podendo estar colocadas de forma alternada ou opostas. Possuem igualmente uma tira vertebral delgada de cor castanha-clara, que pode ser descontínua ou indistinguível em alguns espécimes. As escamas labiais superiores são de cor rosada ou amarelada. Apresentam uma linha diagonal grossa, de cor castanho-escuro com contorno preto, desde o olho até ao canto da boca, com uma outra linha mais estreita e cor mais clara acima dela.
As escamas dorsais, lisas, encontram-se arranjadas em 21 filas a meio do corpo. Ventrais 138-157; placa anal inteira; subcaudais 34-54 pares.
Focinho pontiagudo e voltado para cima. Rostral tão larga como profunda. Duas internasais e duas pré-frontais. Frontal tão comprida ou ligeiramente mais comprida do que a sua distância à ponta do focinho, tão comprida ou ligeiramente mais curta que as parietais. Supralabiais 7-9. Fossa loreal não está em contato com as supralabiais.[6]
Trata-se da única víbora-de-fossetas asiática com grandes escamas coronais e escamas dorsais lisas.[7]
Distribuição geográfica
editarPode ser encontrada no Nepal, Tailândia, Camboja, Laos, Vietname, norte da Malásia Ocidental e na ilha indonésia de Java. A localidade-tipo indicada é "Java".[2] Existem relatos credíveis mas não confirmados do sul de Mianmar, norte de Sumatra e norte de Bornéu.
Habitat e alimentação
editarPrefere florestas costeiras, matagais de bambú, terras de cultivo abandonadas, pomares, plantações e florestas próximas de plantações,[5] onde caça ratos.
Reprodução
editarEsta espécie é ovípara e os ovos são protegidos pela fêmea depois da postura.[7]
Venom
editarEsta espécie tem reputação de mau temperamento e de ser rápida em atacar, No norte da Malásia é responsável por uns 700 incidentes anuais de mordedura de serpente com uma taxa de mortalidade de aproximadamente 2 %. Marcadamente sedentária,frequentemente é encontrada no mesmo local várias horas depois de um incidente envolvendo humanos.[7] O seu veneno causa dor severa e inchaço local e por vezes necrose de tecidos, mas mortes não são comuns. Muitas vítimas ficam com membros disfuncionais ou amputados devido à falta de de antiveneno e tratamente atempado. Num estudo de 2005 de 225 mordidas da víbora-de-fossetas-malaia, (Calloselasma rhodostoma) na Tailândia, a maioria das vítimas apresentou sintomas ligeiros a moderados, mas 27 de 145 pacientes (18.6%) ficaram com membros inchados de forma permanente.[8] Contaram-se apenas duas mortes (relacionadas com hemorragias intracerebrais) e nenhuma amputação. O antiveneno produzido na Tailândia pareceu ser eficaz na reversão dos coágulos sanguíneos produzidos pelo veneno. A maioria dos pacientes permaneceu estável e não requeriu antiveneno. Os autores sugeriram que as vítimas não recorressem a curandeiros tradicionais e que evitassem o uso excessivo de torniquetes, Durante uma fase prospetiva do estudo, as mordeduras ocorreram ao longo do ano mas sobretudo na estação das monções (maio e junho).
Veneno e tratamento de trombose
editarO veneno desta espécie é usado para isolar uma enzima semelhante à trombina chamada ancrodo.[9] Esta enzima é usada clinicamente para desfazer e dissolver trombos (coágulos sanguíneos) em pacientes com baixa viscosidade sanguínea para ajudar a prevenir infartos e acidentes vasculares.[9][10]
Referências
editar- ↑ Grismer, L.; Chan-Ard, T. (2012). «Calloselasma rhodostoma». Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. 2012: e.T192168A2050205. doi:10.2305/IUCN.UK.2012-1.RLTS.T192168A2050205.en . Consultado em 19 Novembro 2021
- ↑ a b c d McDiarmid RW, Campbell JA, Touré T. 1999. Snake Species of the World: A Taxonomic and Geographic Reference, vol. 1. Herpetologists' League. 511 pp. ISBN 1-893777-00-6 (series). ISBN 1-893777-01-4 (volume).
- ↑ «Calloselasma» (em inglês). ITIS (www.itis.gov). Consultado em 3 Novembro 2006
- ↑ «Calloselasma rhodostoma» (em inglês). ITIS (www.itis.gov). Consultado em 3 Novembro 2006
- ↑ a b Mehrtens JM. 1987. Living Snakes of the World in Color. New York: Sterling Publishers. 480 pp. ISBN 0-8069-6460-X.
- ↑ Boulenger, G.A. 1896. Catalogue of the Snakes in the British Museum (Natural History). Volume III., Containing the...Viperidæ... Trustees of the British Museum (Natural History). London. xiv + 727 pp. + Plates I.-XXV. (Ancistrodon rhodostoma, pp. 527-528.)
- ↑ a b c U.S. Navy. 1991. Poisonous Snakes of the World. US Govt. New York: Dover Publications Inc. 203 pp. ISBN 0-486-26629-X.
- ↑ Wongtongkam, Nualnong; Wilde, Henry; Sitthi-Amorn, Chitr; Ratanabanangkoon, Kavi (Abril 2005). «A Study of 225 Malayan Pit Viper Bites in Thailand». Military Medicine (em inglês). 170 (4): 342–348. ISSN 0026-4075. PMID 15916307. doi:10.7205/MILMED.170.4.342
- ↑ a b Chen JH, Liang XX, Qiu PX, Yan GM (Maio 2001). «Thrombolysis effect with FIIa from Agkistrodon acutus venom in different thrombosis model». Acta Pharmacologica Sinica. 22 (5): 420–2. PMID 11743889
- ↑ Guangmei Yan, Jiashu Chen, Pengxin Qiu, Hong Shan. "Fibrinolysin of Agkistrodon acutus Venom and its Usage."
Leitura adicional
editar- Kuhl, H. 1824. Sur les Reptiles de Java. Bull Sci. nat. Géol. 2: 79-83. (Trigonocephalus rhodostoma)
- Warrell DA, Looareesuwan S, Theakston RD, et al. (Novembro 1986). «Randomized comparative trial of three monospecific antivenoms for bites by the Malayan pit viper (Calloselasma rhodostoma) in southern Thailand: clinical and laboratory correlations». The American Journal of Tropical Medicine and Hygiene. 35 (6): 1235–47. PMID 3538922. doi:10.4269/ajtmh.1986.35.1235
- Ho M, Warrell DA, Looareesuwan S, et al. (Maio 1986). «Clinical significance of venom antigen levels in patients envenomed by the Malayan pit viper (Calloselasma rhodostoma)». The American Journal of Tropical Medicine and Hygiene. 35 (3): 579–87. PMID 3706625. doi:10.4269/ajtmh.1986.35.579
- Au LC, Lin SB, Chou JS, Teh GW, Chang KJ, Shih CM (Setembro 1993). «Molecular cloning and sequence analysis of the cDNA for ancrod, a thrombin-like enzyme from the venom of Calloselasma rhodostoma». The Biochemical Journal. 294 (2): 387–90. PMC 1134466 . PMID 8373353. doi:10.1042/bj2940387
- Ponnudurai, G.; Chung, M.C.M.; Tan, N.H. (1994). «Purification and Properties of the L-Amino Acid Oxidase from Malayan Pit Viper (Calloselasma rhodostoma) Venom». Archives of Biochemistry and Biophysics. 313 (2): 373–378. ISSN 0003-9861. PMID 8080286. doi:10.1006/abbi.1994.1401
- Yingprasertchai, Senee; Bunyasrisawat, Srisurat; Ratanabanangkoon, Kavi (2003). «Hyaluronidase inhibitors (sodium cromoglycate and sodium auro-thiomalate) reduce the local tissue damage and prolong the survival time of mice injected with Naja kaouthia and Calloselasma rhodostoma venoms». Toxicon. 42 (6): 635–646. ISSN 0041-0101. PMID 14602119. doi:10.1016/j.toxicon.2003.09.001
- Ouyang, Chaoho; Yeh, Horng-I; Huang, Tur-Fu (1986). «Purification and characterization of a platelet aggregation inducer from Calloselasma rhodostoma (Malayan pit viper) snake venom». Toxicon. 24 (7): 633–643. ISSN 0041-0101. PMID 3775783. doi:10.1016/0041-0101(86)90026-7
- Daltry, Jennifer C.; Ross, Toby; Thorpe, Roger S.; Wuster, Wolfgang (1998). «Evidence that humidity influences snake activity patterns: a field study of the Malayan pit viper Calloselasma rhodostoma». Ecography. 21 (1): 25–34. ISSN 0906-7590. doi:10.1111/j.1600-0587.1998.tb00391.x
Ligações externas
editar- C. rhodostoma at Thailand Snakes. Acesso em 21 dezembro 2014.