Capa Magna

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A Capa magna (literalmente, "grande capa") é um volumoso manto eclesiástico com uma longa cauda, utilizada na Igreja Católica por cardeais, bispos, e alguns outros prelados honorários. Não é uma peça de vestuário litúrgico, mas sim jurisdicional, utilizada com as vestes corais.[1] A capa é presa sob a mozeta e sua parte posterior é segurada por um acólito, denominado "caudatário".

Vestes corais com a capa magna.

História e posição na liturgia

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A capa magna não é estritamente uma vestimenta litúrgica, mas apenas uma capa choralis, ou "capa coral", sua cor para cardeais é vermelho, e violeta para os bispos. Não é utilizada pelos prelados em um serviço litúrgico, mas em conjunto com as vestes corais,[1] nas procissões de entrada de uma missa solene pontifical, retirando ao lado do altar as vestes corais e a capa, e colocando as vestes litúrgicas para celebrar a missa, ou quando o prelado apenas irá assistir, e não celebrar algum serviço litúrgico. Uma vez que a capa magna simboliza a suprema jurisdição do prelado, a schola cantorum muitas vezes, canta na procissão a antífona "Ecce Sacerdos Magnus" ("Eis o sumo sacerdote"), pois segundo a doutrina católica, o prelado exerce suas funções sacerdotais, no lugar de Cristo, como seu Vigário. Cardeais e núncios papais têm o direito de usar um capa magna de seda.

 
Cardeal Theodor Innitzer, da Áustria, em 1929, usando as vestes corais com a capa magna.

A capa magna é extremamente volumosa e munida de uma cauda de grande comprimento, que varia de acordo com o grau hierárquico do prelado, e um capuz grande, que pode ser feito de arminho no inverno e de seda, no verão, e foi feito de tal forma a cobrir completamente o peito, e os ombros.[1] O capuz é funcional e em tempos anteriores era muitas vezes colocado sobre a cabeça, e coberto com o galero. Este era o costume, quando o papa criava um novo cardeal em um consistório. Atualmente, o capuz é normalmente usado sobre a cabeça apenas durante ritos penitenciais. Anteriormente, os cardeais que eram membros das específicas ordens religiosas, usavam um capa magna na cor de sua ordem.[2] Atualmente, todos os cardeais usam vermelho.

Com o motu proprio Valde solliciti de 30 de novembro de 1952, o Papa Pio XII ordenou que a cauda da capa magna devia ser reduzida pela metade para os Cardeais (originalmente 12 metros, agora 6)[3] e um decreto da Sagrada Congregação dos Ritos de 04 de dezembro, em seguida também encurtou pela metade a dos bispos (sete metros, agora 3,5). Quando o prelado utiliza a capa magna dentro do território de sua jurisdição, ela exigi a função de um acólito chamado de "caudatário", fora de sua jurisdição, o prelado enrola sua cauda no braço.[4]

Os bispos só podem usá-la em suas dioceses, os arcebispos na sua província, os núncios e delegados apostólicos no local de sua legação e os cardeais por sua vez, em qualquer lugar.

Uso e legislação atual

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Franc Cardeal Rode vestindo uma capa magna com arminho, para a ordenação de diáconos do Instituto de Cristo Rei e Sumo Sacerdote em 2009.

Nos livros litúrgicos antigos, o uso da capa magna é obrigatório para os prelados em algumas situações de extrema solenidade, como por exemplo, a assistência na capela papal, e algumas outras missas pontificais solenes. Porém, posteriormente com a Reforma Litúrgica, realizada após o Concílio Vaticano II, o uso da capa magna foi tornado opcional. Assim em 1969 a Instrução sobre as vestes, títulos e brasões de armas de cardeais, bispos e prelados menores[5] estabeleceu que:

"A capa magna, sempre sem arminho, já não é obrigatória, mas pode ser usada apenas fora de Roma, em circunstâncias de solenidade muito especial." (§ 12)

Posteriormente a publicação do novo Cerimonial dos Bispos, reconfirmou a norma para o episcopado estabelecendo que:

"A capa magna violácea, sem arminho, só pode se usar dentro da diocese e nas festas mais solenes." (§ 1200)

Mesmo assim, desde então, a capa magna quase nunca é usada, exceto nas celebrações de acordo com os livros litúrgicos tradicionais, como, por exemplo, para a ordenação de diáconos do Instituto de Cristo Rei e Sumo Sacerdote em 2009,[6] bem como nas celebrações da Administração Apostólica São João Maria Vianney, ambas organizações que usam como rito próprio, a liturgia antiga. Alguns prelados a partir do pontificado do Papa Bento XVI, também voltaram a utilizar a capa magna na liturgia nova, como demonstração de continuidade da tradição da Igreja, assim por exemplo, o Cardel Raymond Leo Burke tem utilizado a capa em algumas solenidades.[7]

Atualmente alguns fiéis e liturgistas acreditam que a capa magna não deve ser utilizada mais na liturgia da Igreja, considerando-a como símbolo do "ressurgimento do clericalismo", "hispocrisia religiosa", e uma "peça de vestuário ridícula comparável em algumas formas aos escribas da época de Jesus"[8], outros por sua vez, consideram diante dessas críticas que a Capa Magna é especialmente eficiente na atualidade, pois é uma forma de oposição ao modernismo e ao liberalismo, e que representa a Tradição católica e sua Hierarquia, simbolizando a autoridade e a monarquia na Igreja.[9]

Referências

  1. a b c «Cope». Catholic Encyclopedia; New Advent. Consultado em 3 de janeiro de 2013 
  2. «Cappa magna». Religies erfdoed.nl. Consultado em 5 de janeiro de 2013 
  3. «Valde solliciti». Santa Sé. Consultado em 4 de janeiro de 2013 
  4. «The Cardinals of the Holy Roman Church». Santa Sé. Consultado em 4 de janeiro de 2013 
  5. «The Cardinals of the Holy Roman Church Guide to documents and events Twentieth Century INSTRUCTION ON THE DRESS, TITLES AND COAT-OF-AMS OF CARDINALS, BISHOPS AND LESSER PRELATES». Santa Sé. Consultado em 4 de janeiro de 2013 
  6. «Cardinal Rodé photos: a meditation». National Catholic Reporter. Consultado em 4 de janeiro de 2013 
  7. «Cardinal Burke: 10 Photos of this Wondrous Prince of the Church». Saint Peter's List. Consultado em 4 de janeiro de 2013 
  8. «What Does it Mean that Cappa Magna is Back in the Catholic Church?». Gladis Daniel. Consultado em 4 de janeiro de 2013 
  9. «Cappa Magna finding way into church pomp». National Catholic Reporter. Consultado em 4 de janeiro de 2013