Carga banzai
Carga Banzai (玉砕 ou バンザイ突撃 gyokusai ou banzai totsugeki?) é o termo utilizado pelos Aliados para se referir a um ataque frontal em massa pelas forças militares da infantaria japonesa.[1] Este termo teve origem no grito japonês Tenno Heika Banzai (天皇陛下万岁, Viva o Imperador), abreviado para banzai, que foi formado nas forças armadas tradicionais japoneses quando eles lançavam um ataque, discursavam por um objetivo superior ou de conquista.[2] Refere-se especificamente a uma tática usada por soldados japoneses durante a Guerra do Pacífico. Carga Banzai resultou em alguns feitos bem sucedidos no final da batalha, por atacar os soldados americanos, despreparados para tais tipos de ataque. A carga banzai pode ser considerada uma das estratégias menos eficientes utilizadas na Guerra do Pacífico, em termos de índices de vítimas entre japoneses e americanos.[3]
A Carga de Banzai tornou-se mais conhecida na Guerra Sino-Japonesa pelos chineses e pelos aliados na Batalha de Guadalcanal. Na frente do Pacífico oriental, em muitas ocasiões, este tipo de ataques foram empregues principalmente como a única saída honrosa a uma iminente derrota.
Origem
editarA carga banzai é considerada um método de gyokusai (玉砕? "shattered jewel"; suicídio honorável), um ataque suicida ou suicídio antes de ser capturado pelo inimigo, como o seppuku.[4] A origem do termo é uma frase clássica chinesa no Livro do Qi do Norte do século VII, que afirma "丈夫玉碎恥甎全", "Um verdadeiro homem [preferiria ser] a joia quebrada, envergonhado de ser o azulejo intacto."[5] Entre as regras existia um código de honra que mais tarde foi usado pelos governos militares japoneses.
Com a mudança revolucionária na Restauração Meiji e as frequentes guerras contra a China e a Rússia, o governo militarista do Japão adotou os conceitos do Buxido para condicionar a população do país a ser ideologicamente obediente ao imperador. Impressionado com a forma como os samurais eram treinados para cometer suicídio quando uma grande humilhação estava prestes a acontecer, o governo ensinou às tropas que era uma humilhação maior se render ao inimigo do que morrer. O suicídio de Saigō Takamori, o líder dos antigos samurais durante a Restauração Meiji, também inspirou a nação a idealizar e romantizar a morte em batalha e a considerar o suicídio uma ação final honrosa.[6]
Durante o Cerco de Port Arthur, ataques de ondas humanas foram conduzidos contra a artilharia e metralhadoras russas pelos japoneses, que acabaram se tornando suicidas.[7] Como os japoneses sofreram enormes baixas nos ataques,[8] uma descrição das consequências foi que "[uma] massa espessa e ininterrupta de cadáveres cobriu a terra fria como uma colcha".[9]
Na década de 1930, os japoneses descobriram que esse tipo de ataque era eficaz na China. Tornou-se uma tática militar aceita no Exército Imperial Japonês, onde forças japonesas numericamente mais fracas, usando seu treinamento superior e baionetas, foram capazes de derrotar forças chinesas maiores. Devido à baixa padronização do equipamento chinês no Exército Nacional Revolucionário, os japoneses raramente enfrentaram armas automáticas em massa e encontraram com mais frequência unidades chinesas armadas apenas com rifles de ferrolho, que não podiam disparar tão rapidamente quanto uma metralhadora.[10]
Referências
- ↑ Horie Yoshitake, Iwo Jima, la versione giapponese, in Storia della seconda guerra mondiale Rizzoli-Purnell, pp. 164 e ss.
- ↑ Unidades suicidas del Japón
- ↑ Gabrio Florianello, La marina del Sol Levante nella seconda guerra mondiale, Fratelli Melita, 1972, pp. 182 e ss.
- ↑ Sato, Hiroaki (1 de fevereiro de 2008). «Gyokusai or "Shattering like a Jewel": Reflection on the Pacific War». The Asia-Pacific Journal. Consultado em 16 de outubro de 2022
- ↑ «Chinese Notes»
- ↑ Hoffman, Michael (10 de dezembro de 2016). «Meiji Restoration leader's lessons of sincerity». The Japan Times. Consultado em 16 de outubro de 2022
- ↑ John H. Miller (2014). American Political and Cultural Perspectives on Japan: From Perry to Obama. [S.l.]: Lexington Books. pp. 41–. ISBN 978-0739189139
- ↑ Robert B. Edgerton (1997). Warriors of the Rising Sun: A History of the Japanese Military. [S.l.]: Norton. pp. 167–. ISBN 978-0393040852
- ↑ Robert L. O'Connell; John H. Batchelor (2002). Soul of the Sword: An Illustrated History of Weaponry and Warfare from Prehistory to the Present. [S.l.]: Simon and Schuster. pp. 243–. ISBN 978-0684844077
- ↑ Carmichael, Cathie; Maguire, Richard C. (2015). The Routledge History of Genocide. [S.l.]: Routledge. ISBN 978-1317514848
Bibliografia
editar- John W. Dower: War without mercy: race and power in the Pacific war. Pantheon Books, 1986, ISBN 0-394-50030-X, p. 231
- Women and War in the Twentieth Century: Enlisted with Or Without Consent. p. 249
- John W. Dower: War without mercy: race and power in the Pacific war. Pantheon Books, 1986, ISBN 0-394-50030-X, p. 231
- Race, Ethnicity and Migration in Modern Japan: Race, ethnicity and culture. p. 65