Carlos Queirós Ribeiro
José Carlos de Queirós Nunes Ribeiro,[1] ou simplesmente Carlos Queirós[2] (Lisboa, Santos-o-Velho, 5 de Abril de 1907 – Paris, 27 de Outubro/28 de Outubro de 1949), foi um poeta português.
Carlos Queiroz | |
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Nome completo | José Carlos de Queirós Nunes Ribeiro |
Nascimento | 5 de abril de 1907 Lisboa |
Morte | 27 de outubro de 1949 (42 anos) Paris |
Nacionalidade | Português |
Cônjuge | Guilhermina Maria Correia Manoel de Aboim Borges (5 filhos) |
Ocupação | Poeta |
Prémios | Prémio Antero de Quental (1935) |
Magnum opus | Desaparecido (1935) |
Biografia
editarFamília
editarFilho natural de Joaquina de Queirós, filha natural de Maria de Jesus de Almeida Queirós, de Lagos, Odiáxere, filha natural de Gertrudes de Almeida dos Reis Calado.[3] Sua mãe era irmã de Gertrudes de Queirós, de Ofélia Queiroz (que teve um romance com Fernando Pessoa), e de Francisco de Paula de Queirós.
Casamento e descendência
editarCasou com Guilhermina Maria Correia Manoel de Aboim Borges (Loures, Loures, 20 de Dezembro de 1907 - Lisboa, 18 de Outubro de 1975), sobrinha materna do 1.º Visconde de Idanha e sobrinha-neta do 1.º Visconde de Vila-Boim, de quem teve cinco filhos.
Carreira
editarPoeta do segundo modernismo português, identificado como um dos grandes nomes da revista Presença.
Desempenhou um importante papel na ligação entre o primeiro modernismo português da geração da revista Orpheu e o segundo modernismo da Presença. É Carlos Queirós que, por volta de 1927, estabelece a ligação entre Fernando Pessoa e a revista coimbrã Presença, dirigida por Gaspar Simões, José Régio e Branquinho da Fonseca, na qual Pessoa veio a publicar diversos textos. Foi no número 5 da Presença (1927) que Carlos Queirós, juntamente com Fernando Pessoa e Almada Negreiros, iniciou a sua participação neste periódico.
David Mourão-Ferreira, no prefácio do primeiro volume da Obra Poética de Carlos Queirós, refere que entre 1927 e 1937, ano em que Carlos Queirós deixou de colaborar com a Presença, terá publicado nas edições que vão do n.º 5 ao n.º 49 cerca de 49 poemas e dois textos em prosa, constituindo-se como um dos nomes de referência e de continuidade desta publicação.
É Carlos Queirós, num número especial da Presença de homenagem a Fernando Pessoa, que dá a conhecer os amores de Fernando Pessoa por Ofélia Queirós, sua tia, publicando nesse número diversas cartas de amor de Pessoa escritas a Ofélia.
A participação literária de Carlos Queirós não se circunscreveu somente à celebre revista Presença. Publicou em diversas revistas e folhas literárias, tendo uma obra poética espalhada por diversas revistas: Ocidente, Atlântico, Revista de Portugal, Momento, Aventura, Vamos Ler e a revista Litoral[4] (1944-1945), que foi dirigida pelo próprio. Conhecem-se, ainda, colaborações suas nas revistas Contemporânea[5] (1915-1926), Ilustração[6] (1926-) e Sudoeste[7] (1935), na revista de poesia Altura (1945)[8] e na revista luso-brasileira Atlântico.[9]
Carlos Queirós publicou dois livros em vida. O primeiro, intitulado Desaparecido e editado em 1935, tendo à data o poeta 28 anos de idade, foi alvo dos maiores elogios. Destaca-se a crítica publicada por Pessoa na Revista de Portugal. Pessoa escreve no primeiro parágrafo do seu texto crítico:
"A beleza do livro começa pelo livro. A edição é lindíssima. A beleza do livro continua pelo livro fora; os poemas são admiráveis." Mais à frente no seu texto Pessoa prossegue: "Não se pode dizer deste livro o que é vulgar dizer-se, elogiosamente, de um primeiro livro, sobretudo de um jovem: - que é uma bela promessa. O livro de Carlos Queirós não é uma promessa, porque é uma realização" (in Revista de Portugal n.º 2 Coimbra, Janeiro de 1938).
O segundo livro publicado em vida foi Breve Tratado de Não Versificação, editado em 1948.
Entre 1945 e 1949, colaborou com Victor Buescu na tradução para português de uma selecção da obra poética de Mihai Eminescu, que veio a lume apenas em 1950.
A obra poética de Carlos Queirós, pouco divulgada, está atualmente editada em 2 livros pela Editora Ática. O primeiro livro tem como data de publicação 1984 e intitula-se Desaparecido – Breve Tratado de Não Versificação, sendo a compilação dos dois livros publicados em vida por Carlos Queirós; o segundo tem como data de publicação 1989 e intitula-se Epístola aos Vindouros e Outros Poemas, sendo constituído por uma coletânea de poemas dispersos, por diversas publicações da época e alguns inéditos recolhidos por David Mourão-Ferreira, com a ajuda de uma das filhas do Poeta.
Obras
editar- Desaparecido (1935)
- Breve Tratado de Não Versificação (1948)
- Póstumos
- Desaparecido – Breve Tratado de Não Versificação (1984, Ática, Compilação)
- Epístola aos Vindouros e Outros Poemas (1989, Ática, poemas dispersos)
Referências
- ↑ Pela grafia arcaica, José Carlos de Queiroz Nunes Ribeiro.
- ↑ Pela grafia arcaica, Carlos Queiroz.
- ↑ Sangue Velho Sangue Novo, Manuel de Mello Corrêa, Instituto Português de Heráldica, 1.ª Edição, Lisboa, 1988, N.º 120
- ↑ Helena Roldão (19 de Junho de 2018). «Ficha histórica:Litoral : revista mensal de cultura (1944-1945)» (pdf). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 25 de Janeiro de 2019
- ↑ Contemporânea [1915]-1926 cópia digital, Hemeroteca Digital
- ↑ Rita Correia (16 de Junho de 2009). «Ficha histórica: Ilustração (1926-)» (pdf). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 6 de novembro de 2014
- ↑ Rita Correia (18 de maio de 2011). «Ficha histórica: Sudoeste : cadernos de Almada Negreiros (1935)» (pdf). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 5 de novembro de 2015
- ↑ Daniel Pires (1999). «Ficha histórica: Altura: cadernos de poesia(1945).» (pdf). Dicionário da Imprensa Periódica Literária Portuguesa do Século XX (1941-1974) volume II, 1º tomo, (A-P), Lisboa, Grifo. Hemeroteca Municipal de Lisboa. p. 46. Consultado em 28 de Abril de 2014
- ↑ Helena Roldão (12 de Outubro de 2012). «Ficha histórica:Atlântico: revista luso-brasileira (1942-1950)» (pdf). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 25 de Novembro de 2019