José Carlos Rates

político português (1879-1945)
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José Carlos Rates (Setúbal, 19 de fevereiro de 1879Lisboa, 21 de janeiro de 1961)[1] foi um marinheiro e operário conserveiro setubalense, dirigente sindical das primeiras décadas do século XX. Em 1911 era secretário da Associação dos Trabalhadores das Fábricas de Conservas de Setúbal. Foi o primeiro secretário-geral do Partido Comunista Português.[2][3][4]

José Carlos Rates
José Carlos Rates
2.º Secretário-Geral do Partido Comunista Português
Período 12 de novembro de 1923
a 30 de maio de 1926
Antecessor(a) José de Sousa
Sucessor(a) Bento António Gonçalves
Dados pessoais
Nascimento 1879
Morte 1945
Partido Partido Comunista Português
Profissão operário conserveiro

Biografia

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José Carlos Rates foi um dos mais destacados e dinâmicos dirigente sindicalista da primeira geração. Teve presença interveniente no I Congresso Sindicalista e Cooperativista (Lisboa, 1909), no I Congresso Sindicalista (1911) e no congresso de criação da União Operária Nacional (Tomar, 1914). Foi um bom propagandista e organizador de sindicatos na Madeira, no Alentejo, nas Beiras e Trás-os-Montes. Em 1912, como membro da Comissão Executiva do Congresso Sindicalista, encabeçou a "tournée" de propaganda pelos campos alentejanos. Foi duramente reprimido pela sua militância sindicalista revolucionária, tendo sofrido penas de prisão e deportação em África. Colaborador assíduo na imprensa operária ('O Sindicalista', 'A Batalha', 'O Comunista', Renovação (1925-1926) [5] etc.) foi também um ensaísta prolífico. Tendo ascendido socialmente, adquiriu hábitos um pouco mais burgueses e um certo pendor para soluções administrativas e tecnocráticas para os problemas sociais.

Tendo-se mantido sempre distante do anarquismo, após a Revolução de Outubro aderiu aos princípios do bolchevismo e foi um dos fundadores, em 1921, do Partido Comunista Português. Visitou a Rússia revolucionária em data que não é possível precisar. Em novembro de 1923, foi escolhido por Jules Humbert-Droz, então delegado em Portugal do Comintern, para liderar o partido, tornando-se o seu primeiro secretário-geral. A escolha ocorreu na sequência de problemas internos no recém-formado partido.[6]

Defensor de uma aliança defensiva antifascista com o Partido Radical e a Esquerda Democrática de Domingues dos Santos, foi expulso do P.C.P., por desviacionismo às diretivas políticas da Internacional Comunista, no 2.º Congresso do P.C.P., em maio de 1926. Mais tarde seria substituído nessas funções por Bento António Gonçalves.

Surpreendentemente, em 1931 adeririu à União Nacional salazarista[7]. O seu desempenho como secretário-geral seria depois criticado pelo seu sucessor, Bento Gonçalves.

Embora o seu pensamento tenha hoje apenas um interesse de curiosidade histórica, era um homem estudioso e refletido, que deixou alguma obra teórica: O problema português: os partidos e o operariado (1919); A ditadura do proletariado (1920); A Rússia dos sovietes (1925); e Democracias e ditaduras (1927).

No período final da sua vida, interessou-se por questões coloniais, apesar de anteriormente ter advogado a venda das colónias à melhor oferta. Escreveu ainda dois romances.

Era fadista [8] e pertenceu à Maçonaria.[9] Pai da escritora Celeste de Andrade.[10]

Notas

  1. João Arsénio Nunes, Comunismo e antifascismo : Artigos e ensaios, pp. 309-314. ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, 2017.
  2. O Comuneiro: Sejamos marxistas.
  3. Almanaque Republicano: José Carlos Rates (Parte I).
  4. «José Carlos Rates» in Maria Fernanda Rollo et al. (editores), Dicionário da República e do Republicanismo, Lisboa, 2013.
  5. Jorge Mangorrinha (1 de Março de 2016). «Ficha histórica:Renovação : revista quinzenal de artes, litertura e atualidades (1925-1926)» (pdf). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 18 de maio de 2018 
  6. Caetano de Sousa, o primeiro secretário-geral do PCP, Público 06.03.2021
  7. Adesão à União Nacional de José Carlos Rates, José Pacheco Pereira, Estudos sobre o Comunismo no Wordpress.
  8. FÉLIX, Pedro, "Ao Fado muito se deve a Implantação da República", VVAA, Fado 1910, [s. l.], EGEAC EEM/Museu do Fado, 2010, pp. 131-148.
  9. Pina, André Costa. «A Federação Maximalista Portuguesa e a sociogénese do Partido Comunista Português» (PDF). UP 
  10. Fortuna, Cláudia Ribeiro (28 de novembro de 2022). «Relatório de Estágio na Ponto de Fuga». Consultado em 1 de dezembro de 2023 

Precedido por
Secretário-Geral do
Partido Comunista Português

1923 - 1926
Sucedido por
Vacante
Bento António Gonçalves só assume o cargo em 1929