Caroline Bauer

historiadora e professora de história brasileira
 Nota: Não confundir com Karoline Bauer.

Caroline Silveira Bauer (Porto Alegre, 1983[1]) é uma historiadora e professora de história brasileira especialista na história ditadura militar brasileira. Vencedora do I Concurso Internacional de Teses de Doutorado sobre o Brasil e a América Latina, é professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e coordenadora do Laboratório de Estudos sobre os Usos Políticos do Passado (LUPPA), da UFRGS. Entre 2011 e 2013, foi consultora da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. É autora do livro Como será o passado?, considerado uma das mais importantes obras da historiografia recente do Brasil.

Caroline Bauer
Caroline Bauer
Nascimento Caroline Silveira Bauer
1983 (41 anos)
Cidadania Brasil
Cônjuge Fernando Nicolazzi
Alma mater
Ocupação professora universitária, historiadora
Empregador(a) Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Universidade Federal de Pelotas
Página oficial
http://professor.ufrgs.br/carolinesilveirabauer

Carreira

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Caroline formou-se historiadora, mestra e doutora pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), tendo recebido esta última titulação também pela Universidade de Barcelona. Na pós-graduação, seus trabalhos trataram da repressão dos regimes militares brasileiro e argentino, sendo a dissertação sobre a atuação do DOPS no Rio Grande do Sul e a tese sobre o Brasil e a Argentina.[2][3]

Entre 2011 e 2013, trabalhou como consultora para a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, na Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos.[4][5] Também foi professora da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).[5]

Na UFRGS, é professora do departamento de história, do programa de pós-graduação em história, do mestrado profissional em história (PROFHistória) e coordenadora do Laboratório de Estudos sobre os Usos Políticos do Passado (LUPPA).[6][7] Entre suas áreas de especialidade estão as ditaduras de segurança nacional no Cone Sul, arquivos de repressão, Direitos Humanos, políticas de memória e usos políticos do passado.[8] Sua atuação também concilia estes interesses com as áreas da história pública e da história digital.[9]

Bauer foi palestrante na WikiCon Brasil de 2022 sobre a temática da Wikimedia contra a desinformação: Negacionismo histórico.

Publicações

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Em 2009, foi uma das autoras da obra O Historiador e Suas Fontes, onde publicou o capítulo Fontes sensíveis da história recente, ao lado de René Gertz.[2][10]

Sua tese de doutorado, intitulada Um estudo comparativo da prática do desaparecimento nas ditaduras civil-militares argentina e brasileira e a instituição de políticas de memória na democracia, foi premiada pela Associação Nacional de História e publicada como livro em 2012, sob o título Brasil e Argentina: ditaduras, desaparecimentos e políticas de memória.[3][11] Com sua tese de doutorado, Caroline também foi vencedora do I Concurso Internacional de Teses de Doutorado sobre o Brasil e a América Latina, organizado pela Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais.[12] A publicação foi considerada inestimável em sua contribuição para os estudos sobre as ditaduras militares brasileira e argentina.[13][14]

Em 2017, publicou pela editora Paco o livro Como Será o Passado?: História, Historiadores e a Comissão Nacional da Verdade, considerado pela crítica uma obra "magistral" e "crucial", além de ser "um dos livros mais importantes publicados no Brasil recente".[15][16][17] Resultado de um projeto de pesquisa intitulado Um estudo sobre os usos políticos do passado através do debate em torno da Comissão Nacional da Verdade (Brasil, 2008-2014), o livro é considerado fundamental para a compreensão da ditadura militar brasileira e consistente em apresentar a coexistência de diversas temporalidades conflitantes na narrativa pública.[18][19]

Posicionamento na mídia

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Derrubadas de estátuas

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Em relação aos movimentos de derrubadas de estátuas de colonizadores e senhores de escravos, Caroline afirmou ser importante questionar a validade das homenagens no espaço público. Seus significados poderiam estar desrespeitando e silenciando a memória daqueles que sofreram com os acontecimentos que os homenageados protagonizaram.[6] Também considerou que a derrubada de estátuas pelo mundo, como as desencadeadas pelo assassinado de George Floyd, são uma tentativa de rompimento com o "silêncio de um passado colonial" e de "trazer novos significados para a memória social".[20]

O que acho importante é pontuar o debate público sobre a questão. O ato de derrubada é muito mais profundo. Há outras camadas de interpretação. Nossa função é tentar sair dessa superfície do ‘ato de vandalismo’ e tentar entender o que está sendo dito a partir desses atos em relação às estátuas

Pandemia de COVID-19

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Em entrevista ao TAB Uol, Caroline afirmou que, no seu ponto de vista, uma história da Pandemia de COVID-19 no Brasil deveria ser contada levando em conta problemas como a violação de direitos como a saúde, a moradia e a alimentação. Para ela, estas questões devem ser contrastadas com o descaso dos setores políticos e empresariais com a vida da população.[17]

Em entrevista ao R7, evitou a comparação entre o momento enfrentado durante a pandemia e os períodos de guerra. A única semelhança seria a fuga de padrões de normalidade política. Por conta disso, considerou ser necessária a reinvenção da vida e da experiência humanas para lidar com grande impacto da pandemia na vida econômica e social.[21]

Ver também

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Referências

  1. Pluricom. «Historiadora Caroline Silveira Bauer autografa em Porto Alegre obra sobre a ditadura militar no Brasil e Argentina — Pluricom». Consultado em 26 de agosto de 2022 
  2. a b Editora Contexto. «Caroline Silveira Bauer» 
  3. a b G1, Ana Carolina Moreno do; Paulo, em São (28 de julho de 2012). «Guia de carreiras: história». Guia de carreiras. Consultado em 10 de agosto de 2021 
  4. «Caroline Silveira Bauer». JOTA 
  5. a b «Bolsonaro não teria legitimidade na Argentina, diz pesquisadora de ditaduras». operamundi.uol.com.br. Consultado em 10 de agosto de 2021 
  6. a b «Entenda o debate sobre estátuas derrubadas em protestos». R7.com. 9 de junho de 2020. Consultado em 10 de agosto de 2021 
  7. «Caroline Bauer: 'O discurso de pacificação não é novidade, forja uma ideia de ausência de conflitos no Brasil'». Sul 21. 29 de outubro de 2018. Consultado em 10 de agosto de 2021 
  8. «Carolina Silveira Bauer e Fernando Nicolazzi, Autor em Café História». Consultado em 10 de agosto de 2021 
  9. «Caroline Silveira Bauer». Professor UFRGS 
  10. Pinsky, Carla; de Luca, Tânia (2009). O historiador e suas fontes (PDF). São Paulo: Contexto 
  11. «Quem tem medo da verdade?». America Latina en movimiento 
  12. «Prêmios – Programa de Pós-Graduação em História – UFRGS». Consultado em 14 de agosto de 2021 
  13. Resende, Pamela de Almeida. «O caso das ditaduras civis-militares no Brasil e Argentina: uma análise das políticas de memória e esquecimento». UFSC. Mundos do Trabalho 
  14. «Historiadora Caroline Silveira Bauer autografa em Porto Alegre obra sobre a ditadura militar no Brasil e Argentina». Pluricom 
  15. «Relampejos da Memória na Noite do Brasil». Jornalistas Livres. 10 de abril de 2021. Consultado em 10 de agosto de 2021 
  16. «AS GUERRAS DA MEMÓRIA: O PASSADO EM DISPUTA – Por Caroline Bauer, Dilma Rousseff, Maria Rita Kehl, Eliane Brum». acasadevidro.com. Consultado em 10 de agosto de 2021 
  17. a b «Covid-19: como historiadores vão contar o que foi a pandemia». tab.uol.com.br. Consultado em 10 de agosto de 2021 
  18. Azola, Fabiano André Atenas (29 de novembro de 2019). «BAUER, Caroline Silveira. 2017. Como será o Passado? História, Historiadores e a Comissão Nacional da Verdade. Jundiaí: Paco editorial, 236 pp.». Campos - Revista de Antropologia (1): 181–184. ISSN 2317-6830. doi:10.5380/cra.v20i1.70016. Consultado em 10 de agosto de 2021 
  19. Pedretti, Lucas (20 de dezembro de 2019). «Como será o passado? História, historiadores e a Comissão Nacional da Verdade, de Caroline Silveira Bauer». InSURgência: revista de direitos e movimentos sociais (1): 571–577. ISSN 2447-6684. doi:10.26512/insurgencia.v4i1.28854. Consultado em 10 de agosto de 2021 
  20. «RFI Convida - "É tentativa de romper com o silêncio da memória colonial", diz historiadora sobre atos contra estátuas». RFI. 17 de junho de 2020. Consultado em 10 de agosto de 2021 
  21. «Afinal, a pandemia se parece tanto assim com uma guerra?». R7.com. 8 de maio de 2020. Consultado em 10 de agosto de 2021 

Ligações externas

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