Cassidae
Cassidae (nomeadas, em inglês, helmet ou bonnet -sing.;[2] na tradução para o portuguêsː "capacete" ou "gorro" -sing.; sendo as espécies Cassis tuberosa (Linnaeus, 1758) e Semicassis granulata (Born, 1778) denominadas búzio ou buzo na costa brasileira)[5][6] é uma família de moluscos gastrópodes marinhos predadores, em sua maioria, de equinoides (ouriços-do-mar e bolachas-da-praia);[7] classificada por Pierre André Latreille, em 1825, e pertencente à subclasse Caenogastropoda, na ordem Littorinimorpha.[3] Sua distribuição geográfica abrange principalmente os oceanos tropicais da Terra, em águas rasas e em fundos (bentos) com substrato arenoso.[4]
Cassidae | |||||||||||||||
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Vista inferior da concha de Cassis cornuta (Linnaeus, 1758), mostrando seu escudo parietal. Esta é uma das maiores espécies de Cassidae, medindo mais de 40 centímetros; encontrada no Indo-Pacífico.[1] | |||||||||||||||
Cinco vistas da concha de Phalium glaucum (Linnaeus, 1758), encontrada no Indo-Pacífico.[2]
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Classificação científica | |||||||||||||||
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Distribuição geográfica | |||||||||||||||
Gêneros | |||||||||||||||
Sinónimos | |||||||||||||||
Cassididae[4][5] |
Descrição
editarCompreende, em sua totalidade, caramujos ou búzios de conchas infladas, ovoides ou semi-triangulares - geralmente com dimensões pouco superiores a 5 centímetros, quando desenvolvidas,[2] ou atingindo tamanhos bem grandes (30 centímetros de comprimento em Cassis tuberosa (Linnaeus, 1758);[8] 41 centímetros de comprimento em Cassis cornuta (Linnaeus, 1758))[1] -, sólidas, com espiral baixa e larga volta corporal; com superfície adornada por nódulos, calos, sulcos, ou com superfície reticulada; geralmente apresentando manchas de coloração castanha. Muitas espécies, em sua superfície ventral, possuem um forte calo, bem desenvolvido, que se estende por toda a superfície ventral e é denominado escudo parietal; com várias dobras columelares proeminentes, formando ranhuras e se contrapondo a dentes grossos no lado interno do lábio externo. Canal sifonal curto e curvo para cima, formando uma dobra sifonal. As conchas dos machos podem diferir das conchas das fêmeas. Na subfamília Phaliinae Beu, 1981 a abertura é mais ampla e a concha mais globosa e geralmente menor do que na subfamília Cassinae Latreille, 1825 Podem apresentar varizes ou opérculo, mas não possuem perióstraco, podendo abrigar epibiontes sobre a concha.[2][3][5][7][9][10][11]
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Cinco vistas da concha de Cypraecassis rufa (Linnaeus, 1758); espécie do Indo-Pacífico até África Oriental.[2]
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Cinco vistas da concha de Cassis cornuta (Linnaeus, 1758); espécie do Indo-Pacífico até África Oriental.[2]
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Cinco vistas da concha de Cassis flammea (Linnaeus, 1758); espécie do mar do Caribe, no oceano Atlântico.[2]
Alimentação
editarSegundo um texto elaborado pela Universidade Estadual de Washington (EUA), espécies de caramujos Cassidae possuem a seguinte maneira de se alimentar de ouriços-do-marː se arrastam lentamente e elevam sua concha bem alto para, em seguida, deixá-la cair, abruptamente, de tal maneira que a presa é completamente engolida. Os espinhos do ouriço-do-mar são cobertos por uma fina "pele" de três camadas, em comunicação com glândulas venenosas que podem liberar rapidamente toxinas, à medida que o espinho penetra no predador. No entanto, o Cassidae primeiro libera uma enzima paralítica, de sua glândula salivar, que o protege das toxinas; para então secretar ácido sulfúrico, suficientemente forte para dissolver a casca do ouriço-do-mar. Em cerca de 10 minutos, uma refeição desta é consumida.[7]
Nomenclatura
editarApesar de sua formação incorreta (a correta seria Cassididae, com base na forma genitiva de Cassis), o Código Internacional de Nomenclatura Zoológica (ICZN) colocou o nome Cassidae Latreille, 1825 na lista oficial de nomes de famílias, evitando assim a homonímia com Cassididae Stephens, 1831 (baseada em Cassida Linnaeus, 1758, um besouro crisomelídeo); Opinion 1023 (1974, Bulletin of Zoological Nomenclature 31: 127-129).[3]
Taxonomia
editarBouchet & Rocroi (2005) listaram os Cassidae como sinônimo de Tonnidae Suter, 1913 (1825), seguindo Riedel (1995). As duas famílias são mantidas separadas, pelo World Register of Marine Species, após Beu (2008: 272).[3]
Uso humano
editarMuitas culturas, principalmente as de ilhas coralinas, foram adaptadas ao uso de conchas como ferramentas e utensílios para substituir a falta de metais, argila ou pedras. Da África até a Nova Guiné e Novo Mundo, através do Pacífico, as conchas dos Cassidae, junto com as de Strombidae, por suas dimensões, lhes foram úteis.[12] Eurico Santos cita, em sua obra "Moluscos do Brasil", que preparam a concha de Cassis tuberosa (Linnaeus, 1758) praticando um furo na região de sua protoconcha para soprá-lo, produzindo um som de estridência rouquenha, que se ouve bem de longe;[13] podendo também dar-lhes, a esta espécie, a denominação de atapu[14] (na página 113 é possível observar a ilustração de um pescador, de chapéu, assoprando uma destas conchas);[15] daí também provindo a denominação búzio, significando, no latim, bucina, "trombeta".[16] Com a mesma finalidade se pode fazer um furo na concha de Cassis cornuta (Linnaeus, 1758)[17] Outra espécieː Voluta ebraea Linnaeus, 1758, também recebe a denominação, em língua indígena, no Brasil, de atapu, guatapi ou itapu.[18] Esta família é muito utilizada como objeto decorativo;[4] no caso de Cypraecassis rufa (Linnaeus, 1758), tal espécie é conhecida como a principal matéria-prima da qual são confeccionados os camafeus,[19] enviada da África Oriental até a Itália;[2] confeccionados pela propriedade que suas conchas têm de serem engrossadas e resistentes a danos em suas superfícies.[12] O animal pode ser usado para a alimentação humana.[11][20]
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Vista inferior da concha de Cassis tuberosa; ilustração retirada de George W. Tryon, Jr.; Manual of Conchology, Structural and Systematic: With Illustrations of the Species (1885). Vol. VII; Cassidae - Plate 2; figure 51.
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Ilustração da obra Natural History: Mollusca (1854), de P. H. Gosse, p. 36 - "Cameo cut in a Cassis" = "Camafeu cortado em um Cassis".
Classificação de Cassidae: subfamílias e gêneros
editarDe acordo com o World Register of Marine Species, suprimidos os sinônimos e gêneros extintos.[3]
- Subfamília Cassinae Latreille, 1825 - Helmets[2]
- Cassis Scopoli, 1777
- Cypraecassis Stutchbury, 1837
- Dalium Dall, 1889
- Eucorys Beu, 2008
- Galeodea Link, 1807
- Microsconsia Beu, 2008
- Oocorys P. Fischer, 1884
- Sconsia Gray, 1847
- Subfamília Phaliinae Beu, 1981 - Bonnets[2]
- Casmaria H. Adams & A. Adams, 1853
- Echinophoria Sacco, 1890
- Phalium Link, 1807
- Semicassis Mörch, 1852
Referências
- ↑ a b «Cassis (Cassis) cornuta» (em inglês). Hardy's Internet Guide to Marine Gastropods. 1 páginas. Consultado em 24 de dezembro de 2019. Arquivado do original em 11 de agosto de 2021
- ↑ a b c d e f g h i j k l m n ABBOTT, R. Tucker; DANCE, S. Peter (1982). Compendium of Seashells. A color Guide to More than 4.200 of the World's Marine Shells (em inglês). New York: E. P. Dutton. p. 110-114. 412 páginas. ISBN 0-525-93269-0
- ↑ a b c d e f «Cassidae» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 24 de dezembro de 2019
- ↑ a b c SILVA, José António; MONTALVERNE, Gil (1980). Iniciação à Colecção de Conchas. Colecção Habitat. Lisboa, Portugal / Livraria Martins Fontes, Brasil: Editorial Presença. p. 60-61. 110 páginas
- ↑ a b c BOFFI, Alexandre Valente (1979). Moluscos Brasileiros de Interesse Médico e Econômico. São Paulo: FAPESP - Hucitec. p. 22-23. 182 páginas
- ↑ ABSHER, Theresinha Monteiro; FERREIRA JUNIOR, Augusto Luiz; CHRISTO, Susete Wambier (2015). Conchas de Moluscos Marinhos do Paraná (PDF). Curitiba - PR: Museu de Ciências Naturais - MCN - SCB - UFPR. p. 13. 20 páginas. ISBN 978-85-66631-18-0. Consultado em 23 de dezembro de 2022
- ↑ a b c «Family: Cassidae (Helmet Shells)» (em inglês). Archerd Shell Collection - Natural History Museum at Washington State University. 1 páginas. Consultado em 24 de dezembro de 2019
- ↑ «Cassis (Cassis) tuberosa» (em inglês). Hardy's Internet Guide to Marine Gastropods. 1 páginas. Consultado em 24 de dezembro de 2019. Arquivado do original em 11 de agosto de 2021
- ↑ FERRARIO, Marco (1992). Guia del Coleccionista de Conchas (em espanhol). Barcelona, Espanha: Editorial de Vecchi. p. 105-108. 220 páginas. ISBN 84-315-1972-X
- ↑ LINDNER, Gert (1983). Moluscos y Caracoles de los Mares del Mundo (em espanhol). Barcelona, Espanha: Omega. p. 59. 256 páginas. ISBN 84-282-0308-3
- ↑ a b RIOS, Eliézer (1994). Seashells of Brazil (em inglês) 2ª ed. Rio Grande, RS. Brazil: FURG. p. 84-86. 492 páginas. ISBN 85-85042-36-2
- ↑ a b GORDON, N.R. (1990). Seashells. A Photographic Celebration (em inglês). London: Universal Books, Ltd. p. 66. 144 páginas. ISBN 0-792-45263-1
- ↑ SANTOS, Eurico (1982). Zoologia Brasílica, vol. 7. Moluscos do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia. p. 96-97. 144 páginas
- ↑ SANTOS, Eurico (Op. cit., p.92.).
- ↑ SANTOS, Eurico (Op. cit., p.113.).
- ↑ FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda (1986). Novo Dicionário da Língua Portuguesa 2ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. p. 296-297. 1838 páginas
- ↑ Antefixus21 (4 de abril de 2018). «Home sweet home» (em inglês). Flickr. 1 páginas. Consultado em 24 de dezembro de 2019.
Hawaiian conch horn. This is a horned helmet snail (Cassis (Cassis) cornuta). I’m waiting for a warm sunny day to make a short video of its rich deep sound.
- ↑ BOFFI, Alexandre Valente (Op. cit., p.27.).
- ↑ «Cypraecassis rufa (Linnaeus, 1758) bullmouth helmet» (em inglês). SeaLifeBase. 1 páginas. Consultado em 24 de dezembro de 2019
- ↑ «Man and Mollusc's Data Base of Edible Molluscs» (em inglês). Man and Mollusc. 1 páginas. Consultado em 27 de dezembro de 2019