No reino animal, a cera é produzida pelas abelhas na transformação do mel por elas ingerido com o auxílio de oito glândulas cerígenas localizadas no lado ventral do abdômen das operárias.

Cera de abelhas
Cera no favo

Também existem ceras químicas que são produtos usados para lustrar pisos, móveis, automóveis e sapatos. Ceras industriais e domésticas, líquidas, em pasta ou em pedra. Além é claro de algumas mucosas e fluidos corporais que são popularmente chamados dessa maneira (ver: cerúmen).

História

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Inicialmente Wilhelm Michler em 1768 propôs a Sociedade de Apicultura Alemã que a cera era produzida pelos anéis do corpo, porém foi contestado por Reamur, que afirmava que a cera era proveniente do pólen reelaborado pelo estômago das abelhas e expelido pela boca. Huber fechou abelhas numa caixa com mel e água. Mesmo assim as abelhas construíram favos de cera, porém em menor quantidade. Concluiu que a cera é resultado da reelaboração do mel, bastando 6 a 7 gramas para produzir um grama de cera.

Ameríndios

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Grande parte dos nativos das Américas consumiam os insetos abelhas e vespas, bem como seus sub-produtos, o mel e a cera. A cera servia também para outras utilidades[1].

Os Paresi, do Mato Grosso, eram uns dos poucos índios da América do Sul que domesticavam abelhas. Mantinham-nas em cuias com duas aberturas, uma para a entrada dos insetos e outra, bloqueada com cera, por onde eram retirados os favos[2]. A cera da abelha era utilizada ainda no século XVI pelos nativos na confecção de instrumentos musicais como maracá, flauta e apito, como cola, vedação de utensílios, polimento e lubrificação de artesanatos e em algumas tribos em iluminação. A cera era armazenada em forma de rolos pretos e também utilizada para proteger grossos canudos de bambu empregados para a guarda de plumas[3] [4].

Os Bakairi de Mato Grosso consumiam o mel e usavam a cera para tapar buracos ou fissuras na canoa, confeccionar flechas e, quando queimada no interior das habitações, desempenhar o papel de inseticida[5]. Os Parakanã do Pará untavam fios de algodão com cera para fazer tochas[6]

Algumas tribos faziam a zarabatana com dois canudos de madeira unidos um ao outro com fibras de jacitara ou palmeira-cipó e vedados externamente com cera de abelha[7].

Extração

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O método de extrair a cera dos favos é colocá-los dentro de um saco de pano, mergulhá-los em água com um peso em cima e aquecê-los para que a cera derreta e escoe pelas malhas do saco, no qual fica retido o "bagaço" composto por uma finíssima malha de seda tecida pelas larvas que nasceram do favo em sucessivas gerações.

Composição e características

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A cera é composta por ácido cerótico e palmítico, é isolante elétrico, funde entre 63 °C e 64 °C, amolecendo a partir dos 35 graus Celsius, e tem densidade próxima da água. É solúvel em gorduras, azeites, benzina, sulfeto de carbono, terebentina, éter e clorofórmio.

É muito maleável e utilizada para laminação de cera alveolada e utilizada para determinar a posição em que as abelhas deverão fundar os favos no interior da colmeia. É utilizada na fabricação de medicamentos, cosméticos, depilatórios etc...

Uso medicinal

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Mascada pura destrói o tártaro dentário e depósitos de nicotina. Mascada com mel purifica as vias nasofaringeas e é muito eficiente nos casos de sinusite e febre dos fenos.

Ver também

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Referências

  1. CAVALCANTE, Messias S. Comidas dos Nativos do Novo Mundo. Barueri, SP. Sá Editora. 2014, 403p.ISBN 9788582020364
  2. POVOS INDÍGENAS NO BRASIL (S/DATA). Paresi. Atividades econômicas. Disponível em http://pib.socioambiental.org/pt/povo/paresi/2041 Consulta em 03/09/2012
  3. LÉRY, Jean de (1534-1611). Viagem à terra do Brasil. Belo Horizonte, Edit. Itatiaia; São Paulo, Edit. da Universidade de São Paulo. 1980, 303 p.
  4. THEVET, André (1502-1590). A cosmografia universal de André Thevet, cosmógrafo do Rei. Coleção Franceses no Brasil – Séculos XVI e XVII, vol. II. Rio de Janeiro, Batel; Fundação Darci Ribeiro. 209, 186p.
  5. REVISTA DE ATUALIDADE INDÍGENA (1979). Os Bakairi – Máscaras, danças e rituais. P. 2-8. In: Revista de Atualidade Indígena, ano III, nº 17, 58p. Brasília, Fundação Nacional do Índio. 1979, 58 p.
  6. REVISTA DE ATUALIDADE INDÍGENA. Barragem inunda a terra dos Parakanã. p. 17-27. In: Revista de Atualidade Indígena. Brasília, Fundação Nacional do Índio. 1978, ano II, nº 12, 64p.
  7. BATES, Henry Walter (1825-1892). Um naturalista no rio Amazonas. Belo Horizonte, Edit. Itatiaia; São Paulo, Edit. da Universidade de São Paulo. 1979, 300 p.

Ligações externas

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