Sernambi

especies de moluscos bivalvos
(Redirecionado de Cernambi)

Sernambi[1][11][12] (também chamado cernambi[2],[3] sernambitinga,[1][11][12] cernambitinga,[3][13] sarnambi[1][14] ou sarnambitinga),[1][13] do tupi serinambi, que significa "orelha de siri",[15] é o nome comum, ou denominação vernácula, em português do Brasil e derivado da língua indígena tupi, que pode ser dado às seguintes espécies de moluscos bivalves, marinhos e costeiros, geralmente utilizados na alimentação humana; aqui citados em ordem alfabética:

Como ler uma infocaixa de taxonomiaSernambi[1][2]
A concha do sernambi Anomalocardia flexuosa (Linnaeus, 1767); segundo o Dicionário Aurélio, uma "designação comum a algumas espécies de moluscos bivalves, especialmente Anomalocardia brasiliana", seu antigo nome;[3][4] também chamada berbigão, papa-fumo e vôngole, entre outras denominações populares.[5]
A concha do sernambi Anomalocardia flexuosa (Linnaeus, 1767); segundo o Dicionário Aurélio, uma "designação comum a algumas espécies de moluscos bivalves, especialmente Anomalocardia brasiliana", seu antigo nome;[3][4] também chamada berbigão, papa-fumo e vôngole, entre outras denominações populares.[5]
Espécies denominadas sernambi no Brasil, segundo o Dicionário Aurélio e o Dicionário Houaiss: Donax hanleyanus Philippi, 1847, da família Donacidae (acima, à esquerda),[6] Amarilladesma mactroides (Reeve, 1854), da família Mesodesmatidae (acima, à direita),[7] Tivela mactroides (Born, 1778) (no centro),[8] Eucallista purpurata (Lamarck, 1818) (abaixo, à esquerda),[9] ambas da família Veneridae, e Phacoides pectinatus (Gmelin, 1791), da família Lucinidae (abaixo, à direita).[10]
Espécies denominadas sernambi no Brasil, segundo o Dicionário Aurélio e o Dicionário Houaiss: Donax hanleyanus Philippi, 1847, da família Donacidae (acima, à esquerda),[6] Amarilladesma mactroides (Reeve, 1854), da família Mesodesmatidae (acima, à direita),[7] Tivela mactroides (Born, 1778) (no centro),[8] Eucallista purpurata (Lamarck, 1818) (abaixo, à esquerda),[9] ambas da família Veneridae, e Phacoides pectinatus (Gmelin, 1791), da família Lucinidae (abaixo, à direita).[10]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Mollusca
Classe: Bivalvia
Uma valva da espécie Dosinia concentrica (Born, 1778);[20] denominada amêijoa-branca, e também com nomes derivados da língua indígena tupi: cernambitinga, sarnambitinga ou sernambitinga;[13][22] molusco pertencente à família Veneridae.[20] Espécime coletado em Ubatuba, São Paulo, Região Sudeste do Brasil.

Etimologia

editar

O Dicionário Aurélio e o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa citam o termo sernambi, ou cernambi, como tendo origem na língua tupi; com o Dicionário Houaiss acrescentando: ETIMOL tupi sarina'mbi; Luiz César Saraiva Feijó propondo o étimo suruna'mbi; f.hist - forma histórica - 1618 sernambim, 1624 pernambins.[1] Eurico Santos afirma que a palavra, em Nheengatu ("neengatu", sic), significa "orelha muito aberta, conforme a concha se afigurou ao indígena".[11] Eduardo de Almeida Navarro comenta ainda que o termo seri designa uma espécie de caranguejo costeiro com barbatanas nas pernas traseiras (o siri; página 442); e tinga, no caso de sernambitinga, sarnambitinga ou cernambitinga, uma coisa branca ou enjoativa (páginas 477-478).[26] O termo sernambi, ou cernambi, de acordo com Rodolpho von Ihering, ainda é usado, no Ceará, Região Nordeste do Brasil, para designar "qualquer concha de molusco marinho, podendo ser considerado sinônimo de itã".[12] O Dicionário Aurélio, supracitado, dá ao termo sernambi, ou cernambi, também, os significados de "sambaqui", no Pará, Região Norte do Brasil, e de uma "borracha de qualidade inferior".[3]

Rodolpho von Ihering e Eurico Santos

editar

É possível que um dos dois principais dicionários do português do Brasil tenha se confundido ao acrescentar Tivela mactroides[8] à lista das espécies de sernambi.[carece de fontes?] Eurico Santos afirma que o molusco é Phacoides pectinatus[10] ou Anomalocardia flexuosa (este último ainda sob seu antigo nome científico),[4] também lhe nomeando sernambitinga;[11] e que Rodolpho von Ihering cita a nomenclatura para Amarilladesma mactroides (também ainda sob seu antigo nome científico),[7] afirmando que "semelhante a Anomalocardia brasiliana[4] é Erodona mactroides,[23] e não Mesodesma".[7][11] Em seu livro Dicionario dos Animais do Brasil, Rodolpho von Ihering se confunde e troca o mesodesmatideo[7] pelo corbiculideo,[23] ao dizer que seu "nome científico foi substituído várias vêzes; assim, chamava-se Azara labiata,[23] Mesodesma mactroides[7] e hoje parece que prevalece Corbula mactroides" ( = Erodona mactroides);[23] ainda citando que "é comestível; também o conservam sêco, salgado ou preparado no fumeiro".[12]

 
Quatro valvas de Erodona mactroides Bosc, 1801, coletadas no Uruguai; espécie pertencente à família Corbulidae;[23] cortesia do Smithsonian Institution.

Conservação

editar

Embora fossem consideradas espécies comuns, durante o século XX,[27] em 2018 Amarilladesma mactroides,[7] Anomalocardia flexuosa,[4] Donax hanleyanus[6] e Tivela mactroides,[8] foram colocadas no Livro Vermelho da fauna brasileira; publicado pelo ICMBio; consideradas espécies pouco preocupantes (LC) ou espécies deficientes de dados (DD), e citando apenas a primeira espécie sob a nomenclatura sernambi.[28]

Referências

  1. a b c d e f g h i j k HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles; FRANCO, Francisco Manoel de Mello (2001). Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa 1ª ed. Rio de Janeiro: Objetiva. p. 2555. 2922 páginas. ISBN 85-7302-383-X 
  2. a b Segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (2001; página 679); cernambi; s.m. - substantivo masculino - MALAC - malacologia - B - regionalismo - f. a evitar - forma a evitar -, por SERNAMBI.
  3. a b c d e f g h i j FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda (1986). Novo Dicionário da Língua Portuguesa 2ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. p. 384. 1838 páginas 
  4. a b c d e «Anomalocardia flexuosa (Linnaeus, 1767)» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 19 de abril de 2021 
  5. a b SOUZA, Rosa Cristina Corrêa Luz de; LIMA, Tania Andrade; SILVA, Edson Pereira da (2011). Conchas Marinhas de Sambaquis do Brasil 1ª ed. Rio de Janeiro, Brasil: Technical Books. p. 121. 252 páginas. ISBN 978-85-61368-20-3 
  6. a b c «Donax hanleyanus Philippi, 1847» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 19 de abril de 2021 
  7. a b c d e f g «Amarilladesma mactroides (Reeve, 1854)» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 19 de abril de 2021 
  8. a b c d «Tivela mactroides (Born, 1778)» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 19 de abril de 2021 
  9. a b «Eucallista purpurata (Lamarck, 1818)» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 19 de abril de 2021 
  10. a b c «Phacoides pectinatus (Gmelin, 1791)» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 19 de abril de 2021 
  11. a b c d e f g h SANTOS, Eurico (1982). Zoologia Brasílica, vol. 7. Moluscos do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia. p. 43-45. 144 páginas 
  12. a b c d e f IHERING, Rodolpho von (1968). Dicionario dos Animais do Brasil. São Paulo: Editora Universidade de Brasília. p. 634-635. 790 páginas 
  13. a b c d «sernambitinga». Michaelis.UOL. 1 páginas. Consultado em 19 de abril de 2021. VAR: cernambitinga, sarnambitinga. 
  14. IHERING, Rodolpho von (Op. cit., p.627.).
  15. Navarro, Eduardo de Almeida. «Dicionário de tupi antigo: A língua indígena clássica do Brasil» (em inglês). Consultado em 20 de dezembro de 2024 
  16. BOFFI, Alexandre Valente (1979). Moluscos Brasileiros de Interesse Médico e Econômico. São Paulo: FAPESP - Hucitec. p. 64-65. 182 páginas 
  17. RIOS, Eliézer (1994). Seashells of Brazil (em inglês) 2ª ed. Rio Grande, RS. Brazil: FURG. p. 252. 280 páginas. ISBN 85-85042-36-2 
  18. ABSHER, Theresinha Monteiro; FERREIRA JUNIOR, Augusto Luiz; CHRISTO, Susete Wambier (2015). Conchas de Moluscos Marinhos do Paraná (PDF). Curitiba - PR: Museu de Ciências Naturais - MCN - SCB - UFPR. p. 7. 20 páginas. ISBN 978-85-66631-18-0. Consultado em 19 de abril de 2021 
  19. SOUZA, Rosa Cristina Corrêa Luz de; LIMA, Tania Andrade; SILVA, Edson Pereira da (Op. cit., p.115.).
  20. a b c «Dosinia concentrica (Born, 1778)» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 19 de abril de 2021 
  21. a b c FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda (Op. cit., p.103.).
  22. a b «amêijoa-branca». Michaelis.UOL. 1 páginas. Consultado em 19 de abril de 2021. REG (SC) ZOOL Molusco bivalve (Dosinia concentrica), da família dos venerídeos... cernambitinga, sarnambitinga, sernambitinga. 
  23. a b c d e f «Erodona mactroides Bosc, 1801» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 19 de abril de 2021 
  24. RIOS, Eliézer (Op. cit., p.252.).
  25. SOUZA, Rosa Cristina Corrêa Luz de; LIMA, Tania Andrade; SILVA, Edson Pereira da (Op. cit., p.91.).
  26. NAVARRO, Eduardo de Almeida (2013). Dicionário de Tupi Antigo: a língua indígena clássica do Brasil. a Língua Indígena Clássica do Brasil 2 ed. São Paulo: Global. p. 442-478. 620 páginas. ISBN 978-85-260-1933-1 
  27. ABBOTT, R. Tucker; DANCE, S. Peter (1982). Compendium of Seashells. A color Guide to More than 4.200 of the World's Marine Shells (em inglês). New York: E. P. Dutton. p. 337-367. 412 páginas. ISBN 0-525-93269-0 
  28. ICMBio (2018). Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção: Volume I (PDF). Brasília, DF: ICMBio/MMA. p. 464. 492 páginas. ISBN 978-85-61842-79-6. Consultado em 19 de abril de 2021