Chorão, também conhecido como Choddnnem ou Chodan, é uma ilha ao longo do rio Mandovi perto de Ilhas de Goa, Índia. É a maior entre outras 17 ilhas de Goa. Está localizada a cinco quilômetros (3,1 milhas) da capital do estado, a cidade de Pangim e a dez quilômetros (6,2 milhas) da cidade de Mapusa. Ainda hoje, é possível visitar esta área e ver as distintas igrejas, cemitérios e edifícios todos com um ar português. O Chorão é acessível por navio desde Ribandar, sendo principalmente conhecido pelo seu belo santuário de pássaros. Na pequena aldeia de Chorão, há inúmeras igrejas caiadas de branco e pitorescas casas portuguesas.[1]

Etimologia

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Etimologicamente, o nome da ilha, "Choddnnem", é derivado da palavra sânscrita chuddamonnim.[2][3] Chudda significa vestimenta para a cabeça e Monnim (Mani) significa alguma coisa usada na forma de um colar ou uma joia de formato cilíndrico.[2][4] Foram os portugueses que a denominaram Chorão. Os nobres portugueses encontraram na ilha um local agradável para viver e daí o nome de Ilha dos Fidalgos.

História

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A ilha do Chorão conserva vestígios de uma história milenar envolvendo brâmanes e colonizadores portugueses.

Primeiros colonizadores e história de Chorão

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A "Primeira Onda" de migração indo-ariana para Goa aconteceu entre a era cristã (século IV-III a.C. ao século III-IV d.C.),[necessário esclarecer] sendo esta a linha do tempo geralmente aceita. Os descendentes dos pioneiros em algum estágio cresceram em 96 clãs. Noventa e seis em concani é Shennai, de onde vem o sobrenome Shenoy ou Shenvi (Sinai na era portuguesa). Dos 96 clãs do Sinai, 10 famílias instalam-se no Chorão.[5][6][7][8][9] Os brâmanes sinais passariam a dominar a esfera sócio-econômica e religiosa da vida goesa.[10]

Segundo o historiador José Gerson da Cunha, Chorão foi local de uma antiga tirtha "ou tanque sagrado"[11] e era conhecido como "Mahakshetra" ou "Grande país ou lugar". Os brâmanes sinais eram muito respeitados, eram bonitos, bem comportados e habilidosos, e que com o passar do tempo eles se multiplicavam naturalmente.[5] Segundo o missionário jesuíta e escritor Luís Fróis, "estes brâmanes são muito educados e dotados de grande inteligência. São bons cavalheiros, justos e bem proporcionados. Possuem muitas qualidades que não se podem enumerar. As esposas destes brâmanes são um tipo de povo reservado, firmes em seus hábitos. São honestos, naturalmente modestos em sua disposição e devotados aos maridos, a quem bem servem. Não se casam novamente com a morte de seus maridos e não usam vestidos coloridos e desde a imposição da lei proibida sati ou queima de viúva raspam a cabeça, embora sejam jovens. Seus filhos são homens muito capazes, louros, gentis no comportamento e de bom senso”.[12][13][14] Chorão tinha seus próprios costumes sociais étnicos nos tempos antigos. Em Goa, as devadasi (bailadeiras) eram chamadas de calavantes. De acordo com P. D. Xavier "o sistema de calavantes pode ter se originado das viúvas que fugiram e se abrigaram nos templos da aldeia para escapar de sati, a prática desumana de queimar a viúva na pira de seu marido".[15] A tonsura de viúvas também foi abolida pelos portugueses como o sistema sati.[16]

Cristianização de Chorão

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A ilha foi cristianizada pelos jesuítas, como fizeram as ilhas vizinhas de Divar e Salcete. Em 1510, esta área foi uma das primeiras a ser conquistada pelos portugueses e em 1552, a ilha do Chorão tinha uma população de pouco mais de três mil habitantes, trezentos dos quais eram cristãos e nessa altura foi construída uma pequena igreja. No final de 1559, mais de mil e duzentos haviam aceitado o batismo no total. No ano seguinte, em 1560, o primeiro bispo da ordem dos jesuítas, D. João Nunes de Barreto, instalou-se em Chorão, que acabou por se tornar Noviciado.[17] O missionário jesuíta e escritor Luís Fróis na sua carta de 10 de Dezembro de 1560 afirma que “muitos destes brâmanes falam português e ficam felizes por aprender a doutrina da fé e da moral”.[18] Com incrível brevidade, toda a Ilha do Chorão se preparou para o batismo geral que foi marcado para 8 de agosto de 1560. O arcebispo e alguns padres visitaram primeiro a Ilha de Chorão, seguidos pelo padre Melchior Carneiro e o provincial. Por ser o mês de agosto, época em que chove forte, os reparos na igreja foram concluídos às pressas. O vice-rei Dom Constantino de Bragança veio com um séquito e trouxeram seus músicos que tocavam uma variedade de instrumentos como trompetes, bateria e charamelas. O vice-rei Dom Constantino de Bragança também se destacou como padrinho dos homens importantes do lugar, tratando-os com amor e carinho. Isso por si só era mais do que suficiente para manter os neófitos felizes. O maior número possível foi batizado naquela noite. O padre José Ribeiro ficou e batizou os restantes. Ao todo, portanto, o número de convertidos chega a 1 207, sendo que a maior parte da população da Ilha já havia sido batizada antes.[19][20] Fróis diz que um boa parte dos que abraçaram o cristianismo em Chorão eram chaudarins. Eles também se tornaram melhores cristãos e, sendo mais caseiros, eram fáceis de serem convertidos. Eles se confessaram durante a quaresma, alguns confessaram seus pecados quinzenalmente, outros mensalmente e seis ou sete deles todos os domingos e receberam a Comunhão na Igreja de Nossa Senhora das Graças.[21] Algumas mulheres do Chorão, por ocasião do batismo, usavam muito ouro, a ponto de surpreender os missionários. Eles pertencem à casta de chardo.[22] Em 1566, Chorão tinha 2 470 convertidos e poucos brâmanes prometeram se tornar católicos romanos posteriormente. Em 1582, havia três mil convertidos em Chorão e todos os seus habitantes eram católicos romanos e muitos vieram de fora para receber o batismo.[23]

Ilha dos Fidalgos

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Um grande número de magníficos edifícios ergueram-se rodeados por um lindo jardim de flores e por vezes por falta de espaço unidos uns aos outros. Era aqui que residia a maior parte da nobreza e dos ricos, passando uma vida de conforto e luxo. Foi por isso que a Ilha de Chorão passou a ser conhecida como "Ilha dos Fidalgos".[24] Diz a tradição que, quando esses fidalgos iam à missa, um lugar especial era reservado para proteger seus guarda-chuvas superfinos, feitos principalmente de damasco vermelho.[25] Os fidalgos costumavam ser encontrados descansando perto do ponto da balsa no lado sudeste da ilha, esperando os pátios (barcos a vela) cruzarem para a Velha Goa ou Ribandar. Os fidalgos, assim como o povo, gostavam muito de mastigar os salgadinhos disponíveis na época e bebiam chá quente nos barracos. Eles apreciaram o merem (lanche) recém-cozinhado e tomaram um gole de chá quente naquele local.[26]

Queijo de Chorão

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Chorão já foi famosa pelo seu queijo. Gado de qualquer tipo e espécie se reproduzia e prosperava bem na ilha e o leite era fornecido em abundância. O queijo da Ilha de Chorão era produzido desde o século XVI. Ele foi muito querido e apreciado pela nobreza portuguesa de Goa. O queijo de Chorão costumava ser exportado até Macau. Devido à imigração de ilhéus, esta queijaria foi extinta no século XIX.[27]

Fortes de Chorão

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Duas fortalezas bem equipadas guardaram a Ilha de Chorão da incursão dos maratas. A Fortaleza de São Bartolomeu de Chorão (Forte de São Bartolomeu do Chorão) foi construída em 1720 na parte nordeste da Ilha do Chorão. Tinha um lindo castelo dentro de seus anexos. Entre outras coisas, tinha onze torres e servia para defesa do forte que circundava a ilha de Chorão e do Calvim.[28] De acordo com da Cidade de Goa, de José Nicolau da Fonseca, provavelmente foi erguido ao mesmo tempo que o Forte de Naroa. O Forte de São Bartolomeu foi abandonado em 1811 e agora está em ruínas.[29]

Instituições de ensino

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Em 1559, os jesuítas fundaram no Chorão uma escola para as crianças da aldeia. Está registrado que o número deles chegou a 400. Leitura, escrita e doutrina cristã eram ensinadas nesta escola. Segundo a convicção do povo, a escola funcionava num edifício situado na parte ocidental da colina, construído como residência dos Jesuítas pelo padre Dom João Nunes Baretto S. J. Patriarca da Etiópia. A língua concani, que foi de grande ajuda para o trabalho de conversão, provavelmente foi ensinada nesta escola. Era para os jesuítas.[30]

Escola de latim

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De acordo com um decreto emitido em 19 de abril de 1871 após resolução da Comunidade do Chorão em 6 de fevereiro de 1870, foi decidido instalar na Ilha do Chorão, a expensas da Comunidade do Chorão, uma Escola de Latim, o pagamento do Professor que seria nomeado pelo Governo do Estado.[31]

Escola de inglês

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Em 1944, o padre Elias Gama queria construir uma nova Escola de Inglês na Ilha de Chorão, mas não o pôde fazer porque havia uma fundada pelo Sr. Januário Pereira de Boctavaddo, a Escola Secundária São Bartolomeu, embora não estivesse a funcionar. Foi o mérito do padre Elias Gama para reiniciá-lo. Em 6 de novembro de 1952, foi inaugurado o novo edifício da Escola por D. José da Costa Nunes. O meio é o inglês e a escola se prepara para o exame SSC.

Galeria

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Referências

  1. «Chorao Island, India – Lonely Planet». Lonely Planet. Consultado em 25 de novembro de 2015 
  2. a b The Island of Chorão (A Historical Sketch) 1962 By Francisco Xavier Gomes Catão page 1 OCLC 29051875
  3. Etimos das Aldeas de Goa, em o Oriente Portuguese, Chantre F.X VAZ, Vol XIII (1916) Page 280
  4. Etimos das Aldeas de Goa, em o Oriente Portuguese, Chantre F.X VAZ, Vol XIII(1916) Page 280
  5. a b The Koṅkaṇî Language and Literature 1881 By José Gerson da Cunha Page 10 OCLC 606353517
  6. A Socio-Cultural History of Goa from the Bhojas to the Vijayanagara 1999 By V R Mitragotri, Institute Menezes Braganza, Page 52 OCLC 604247154
  7. «Soaring Spirit By Valmiki Faleiro First edition (18 April 2015) ISBN 9380739907 Publisher Goa,1556». Goanet. OCLC 914465029 
  8. «Gaudd Sàraswat Bràhmins in Goa - Dr. S.M. Tadkodkar». konkani savemylanguage 
  9. Pilgrimage to Temple Heritage by Biju Mathew, Eight Edition Volume 1 Page 207 OCLC 865071684
  10. «The Evolution of Gauncaria System and a Land-Based Socio-Economic Order» (PDF). p. 65 
  11. The Koṅkaṇî Language and Literature 1881 By José Gerson da Cunha Page 9 OCLC 606353517
  12. Conversions and Citizenry : Goa under Portugal, 1510-1610 By Délio de Mendonça 1958 Page 357OCLC 50712980
  13. Carta de 13-11-1560.Documentacao vol.VIII Page 91
  14. The Island of Chorão (A Historical Sketch) 1962 By Francisco Xavier Gomes Catão page 25,26,27 OCLC 29051875
  15. "The Church and Society in 16th Century Goa" by P. D Xavier 1988
  16. Some legal aspects of Socio Economic life in Portuguese Goa In Goan Society through the ages By Kamat Pratima 1987, Asian Publication Series, page 94.
  17. Sarasvati's Children: A History of the Mangalorean Christians, Alan Machado Prabhu, I.J.A. Publications, 1999, p.101 OCLC 47965430
  18. The Island of Chorão (A Historical Sketch) 1962 By Francisco Xavier Gomes Catão page 25&27 OCLC 29051875
  19. The Island of Chorão (A Historical Sketch) 1962 By Francisco Xavier Gomes Catão page 27&28 OCLC 29051875
  20. Documentacao vol.VIII Page 92
  21. The Island of Chorão (A Historical Sketch) 1962 By Francisco Xavier Gomes Catão page 21OCLC 29051875
  22. Conversions and Citizenry : Goa under Portugal, 1510-1610 By Délio de Mendonça 1958 Page 357 OCLC 50712980
  23. Conversions and Citizenry : Goa under Portugal, 1510-1610 By Délio de Mendonça 1958 Page 408 OCLC 50712980
  24. The Island of Chorão (A Historical Sketch) 1962 By Francisco Xavier Gomes Catão page 4 OCLC 29051875
  25. The Island of Chorão (A Historical Sketch) 1962 By Francisco Xavier Gomes Catão page 5 OCLC 29051875
  26. «Chew on this part of Chorao's history» 
  27. The Island of Chorão (A Historical Sketch) 1962 By Francisco Xavier Gomes Catão page 2 OCLC 29051875
  28. The Island of Chorão (A Historical Sketch) 1962 By Francisco Xavier Gomes Catão page3 OCLC 29051875
  29. An Historical and Archaeological Sketch of the City of Goa (1878) Page 50 By José Nicolau Da Fonseca, Thacker & Co Ltd OCLC 4881453
  30. The Island of Chorão (A Historical Sketch) 1962 By Francisco Xavier Gomes Catão page 45 OCLC 29051875
  31. Boletim Official No.34 of 1871.

Bibliografia

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  • The Island of Chorão (A Historical Sketch) por Francisco Xavier Gomes Catão, Mar Louis Memorial Press, Alwaye (1962)
  • Etimos das Aldeas de Goa, em o Oriente Portuguese, Chantre F.X VAZ, Vol XIII(1916)
  • The Koṅkaṇî Language and Literature por José Gerson da Cunha (1881)
  • An Historical and Archaeological Sketch of the City of Goa por Jose Nicolau Da Fonseca (1878)
  • Goa: Hindu temples and deities By Rui Gomes Pereira, Antonio Victor Couto Published por Pereira, (1978)
  • Conversions and Citizenry : Goa under Portugal, 1510-1610 por Délio de Mendonça (1958)