Ciro Flávio Salazar de Oliveira
Ciro Flávio Salazar de Oliveira (Araguari, Minas Gerais, 26 de Dezembro de 1943 — 30 de Setembro de 1972) foi um estudante universitário militante do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), morto durante a ditadura militar brasileira, regime instaurado em 1 de abril de 1964 e que durou até 15 de março de 1985. Era filho de Arédio de Oliveira e Maria de Lourdes Salazar Oliveira. [1]
Ciro Flávio Salazar de Oliveira | |
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Nascimento | 26 de dezembro de 1943 Araguari |
Morte | 30 de setembro de 1972 Desconhecido |
Cidadania | Brasil |
Progenitores |
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Alma mater | |
Ocupação | estudante |
Ele é um dos casos investigados pela Comissão Nacional da Verdade (CNV). Esse órgão apura os casos de desaparecimento e mortes política durante o período da ditadura militar no país.
História
editarCiro morava no interior de Minas Gerais com a família até se mudarem para o Rio de Janeiro. Lá, cursou o ensino primário no Colégio Santo Antônio M. Zacarias e terminou os estudos no Colégio Franco Brasileiro. Ingressou na Universidade Federal do Rio de Janeiro/Fundão UFRJ, na Ilha do Governador, onde cursou Arquitetura.
A partir do quarto ano na faculdade, tomou parte no movimento estudantil, no período dos anos de chumbo(que se iniciou em 1968 com o AI-5) durante o período da ditadura civil-militar brasileira. Em uma das ocasiões de protesto, incendiou uma viatura policial e teve o momento retratado em uma foto publicada na extinta revista Manchete. Foi detido pelo Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) após participar da passeata dos 100 mil. Ao ser liberado, passou a viver na clandestinidade, ainda que continuasse sendo observado e seguido.
Em 1970 viveu na região do rio Gameleira, no Araguaia.
Segundo relatório do Ministério do Exército: "atuou como guerrilheiro no Araguaia, utilizando o codinome de Flávio, onde teria sido morto em Setembro de 1972"[2] Em abril de 1973, um slide onde se via o cadáver de Ciro, foi a prova de seu falecimento.
Além dos nomes Flávio e Ciro, ele utilizava os codinomes Sílvio e Gilberto para a guerrilha.
Desaparecimento e Morte
editarO Relatório Arroyo conta que, em 30 de setembro de 1972, Ciro Flávio, que estava acompanhado pelos militantes Antonio Teodoro de Castro, Walkiria Afonso Costa, Manoel José Nurchis e João Carlos Haas Sobrinho[3], foi surpreendido por militares que patrulhavam nas redondezas do seu acampamento. Diversos documentos oficiais registram a sua morte, mas divergem sobre as datas. A pedido da Secretaria especial dos Direitos Humanos da Presidência da Republica, foi expedida uma certidão pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que indica sua morte no ano de 1971, porém o relatório do Centro de Informações do Exercito (CIE), de 1975, indica a morte do mesmo no ano de 1972. Porém o relatório do Ministério do Exercito, de 1993, traz a informação que o mesmo faleceu em outubro de 1972.
Porém segundo o relatório da, Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP), a ex-guerrilheira Criméia Alice Schmidt de Almeida, afirma ter visto um slide com o corpo de Ciro Flávio, em abril de 1973, durante o período em que esteve presa no Pelotão de Investigações Criminais de Brasilia, no Distrito Federal.[3]
Em julho de 1994, um documento elaborado pelos parentes de alguns dos participantes da Guerrilha do Araguaia - Helenira Rezende de Souza Nazareth, Divino Ferreira de Souza, Ciro Flávio Salazar Oliveira e Áurea Elisa Pereira - entraram com requerimento ao Juiz Federal da Seção Judiciária de Brasília para obterem informações sobre a morte dos militantes, incluindo local de sepultura e atestado de óbito, numa Ação contra a União Federal.
A Comissão Nacional da Verdade (CNV), considera Ciro Flávio Salazar de Oliveira como, desaparecido político, por não terem entregado ainda os seus restos mortais para a sua família, o que impede o seu sepultamento até os dias de hoje. Assim é recomendado que continuem as investigações sobre as circunstancias da morte de Ciro Flávio Salazar de Oliveira, para que seus restos mortais possam ser encontrados, ocorra a retificação de sua certidão de óbito e seja possível a identificação e responsabilização dos agentes envolvidos no caso, conforme a sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos, o Estado brasileiro tem a obrigação de "investigar os fatos, julgar e, se for o caso, punir os responsáveis e de determinar o paradeiro das vítimas”. [3]
Homenagens
editarCiro Flávio Salazar de Oliveira faz parte de uma lista de 58 pessoas, mortas durante o período da ditadura civil-militar, que foram homenageadas em um monumento na cidade de Belo Horizonte. Entre 1964 e 1985, 85 mineiros morreram após sessões de tortura ou foram executadas antes de serem presas enquanto lutavam contra o regime militar, e a obra visa homenagear aqueles que nasceram no estado. Fica localizada em frente à antiga sede do Dops (Delegacia de Segurança Pessoal e de Ordem Política e Social), na Avenida Alfonso Pena.[4]
A mineira é apenas a primeira das capitais brasileiras a receber o monumento, cujos traços remetem à da bandeira nacional de forma vazada, traz os nomes dos mortos e também um espaço dedicado à colocação de flores para as vítimas. Foi idealizado pelo arquiteto gaúcho Tiago Balem e inaugurado em maio de 2013 pelo então Secretário Nacional de Justiça Paulo Abrão. Em seu discurso, disse que o monumento não apenas presta homenagem às pessoas que lutaram pela democracia, como também servem de exemplo para que os atos praticados no período da ditadura não voltem a ocorrer. Ainda falou sobre as opiniões que se referem à ditadura como positiva: "esse tipo de fala revela desconhecimento sobre o período”.[5]
Referências
- ↑ «Ciro Flávio Salazar Oliveira». Memórias da ditadura. Consultado em 10 de outubro de 2019
- ↑ * http://www.desaparecidospoliticos.org.br/detalhes1.asp?id=266 Arquivado em 2 de janeiro de 2005, no Wayback Machine.
- ↑ a b c «Ciro Flávio Salazar Oliveira». Memórias da ditadura. Consultado em 5 de outubro de 2019
- ↑ Minas, Estado de; Minas, Estado de (19 de maio de 2013). [http://www.em.com.br/app/noticia/politica/2013/05/19/interna_politica,390426/mortos-pela-ditadura-militar-serao-lembrados-em-monumento-na-afonso-pena.shtml «Mortos pela ditadura militar ser�o lembrados em monumento na Afonso Pena»]. Estado de Minas. Consultado em 8 de outubro de 2019 replacement character character in
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at position 33 (ajuda) - ↑ Minas, Estado de; Minas, Estado de (25 de maio de 2013). [http://www.em.com.br/app/noticia/politica/2013/05/25/interna_politica,394801/monumento-em-homenagem-as-vitimas-da-ditadura-e-inaugurado-em-bh.shtml «Monumento em homenagem �s v�timas da ditadura � inaugurado em BH»]. Estado de Minas. Consultado em 8 de outubro de 2019 replacement character character in
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at position 24 (ajuda)