Clã Hōjō
O Clã Hōjō (北条氏 hōjō-shi?) foi na História do Japão uma família que controlou hereditariamente o posto de Shikken (Regente) do Shogunato Kamakura. Na prática, a família detinha o poder de governo, muitas vezes ditatorial, mais do que os xoguns Kamakura ou a Corte Imperial, que eram meramente símbolos legais. Os Hōjōs também foram conhecidos pela expulsão dos Mongóis, e pela expansão do Zen Budismo e do Bushido, mas também pela extrema decadência e pela tomada de decisões de nível nacional em encontros privados.
Hōjō 北条氏 | |
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Província Natal | Província de Izu |
Clã de Origem | Ramo Kanmu do Clã Taira |
Fundador | Hōjō Tokiie |
Ramos | Tokusō Nagoshi Gokurakuji Buddha Kanazawa |
Linhagem
editarOs Hōjō descendiam dos arqui-inimigos dos Minamoto, o ramo Kanmu dos Taira, oriundos da província de Izu. O primeiro a usar o nome foi Hōjō Tokiie, descendente de Taira Koretoki e avô de Hōjō Tokimasa [1]. Ganharam poder ao ajudar no extermínio de seus parentes Taira oferecendo casamento e reforços a Minamoto no Yoritomo na Batalha de Dan no Ura. Apenas 18 anos depois, os Hōjō usurparam o poder após a morte de Yoritomo.
Ascensão ao poder
editarHōjō Tokimasa auxiliou Minamoto no Yoritomo, seu genro, a derrotar as forças dos Taira e se tornar o primeiro Xogun do Japão. Hōjō Masako, filha de Tokimasa, foi casada com Yoritomo. Com a morte de Yoritomo, Tokimasa se tornou regente do seu sucessor, que ainda não atingira a maioridade, efetiva e permanentemente transferindo o controle do xogunato para o seu clã. Os Minamoto e mesmo os Príncipes Imperiais se tornaram marionetes dos Hōjō.
Principais acontecimentos que tiveram participação dos Hōjō
editarA corte imperial em Quioto ressentiu-se do declínio de sua autoridade durante o xogunato Kamakura, apesar dos cargos de Imperador e de Xogun, se transformarem na prática em cargos decorativos, desavenças surgiram entre Quioto e Kamakura, e em 1221 a Guerra Jōkyū estourou entre o Imperador Aposentado Go-Toba e o segundo Shikken (regente) Hōjō Yoshitoki. As forças Hōjō facilmente venceram a guerra, e a Corte Imperial caiu sob controle direto do xogunato. Os apadrinhados do Xogun receberam os maiores cargos civis, e a Corte era obrigada a obter aprovação de Kamakura para qualquer ação. Ainda que sem poder político, a Corte manteve grande status.
Alguns feitos administrativos aconteceram durante a regência Hōjō. Em 1225 o terceiro regente Hōjō Yasutoki estabeleceu o Conselho de Estado, dando a oportunidade para outros líderes militares exercerem autoridade judicial e legislativa em Kamakura. O regente Hōjō presidia o conselho, que foi uma forma bem-sucedida de liderança coletiva. A adoção do primeiro código militar do Japão - o Goseibai Shikimoku - em 1232 refletiu a profunda transição de uma sociedade de corte para uma sociedade militarizada. Enquanto as práticas legais em Kyoto eram ainda pautadas em princípios confucionistas de 500 anos, o novo código era um grande documento legal que ditava os deveres dos administradores, provia meios de resolução de disputas de terra e estabelecia regras de governo. Era claro e conciso, estipulou punições para descumprimentos e permaneceu em vigor pelos próximos 635 anos.
Como se poderia esperar, a literatura de época descreveu a natureza transitória do período. O Hōjōki descreveu o período nos termos dos princípios budistas de impermanência e vaidade humana. O Heike Monogatari narrou a ascensão e queda dos Taira, repleto de contos de guerras e samurais. Uma segunda produção literária foi a continuação das antologias poéticas Shin Kokin Wakashū, que teve vinte volumes produzidos entre 1201 e 1205.
Queda do poder
editarOs Hōjō foram traídos por um vassalo, Ashikaga Takauji, que recebera ordens para derrotar as forças aliadas do Imperador Go-Daigo em 1333. No mesmo ano, Kamakura foi invadida por Nitta Yoshisada e todo o clã Hōjō, quase 900 pessoas, foi exterminado no templo familiar de Tōshō-ji.
Lista dos Shikken do Clã Hōjō
editar1 Hōjō Tokimasa (1138-1215) (r. 1203-1205)
2 Hōjō Yoshitoki (1163-1224) (r. 1205-1224)
3 Hōjō Yasutoki (1183-1242) (r. 1224-1242)
4 Hōjō Tsunetoki (1224-1246) (r. 1242-1246)
5 Hōjō Tokiyori (1227-1263) (r. 1246-1256)
6 Hōjō Nagatoki (1229-1264) (r. 1256-1264)
7 Hōjō Masamura (1205-1273) (r. 1264-1268)
8 Hōjō Tokimune (1251-1284) (r. 1268-1284)
9 Hōjō Sadatoki (1271-1311) (r. 1284-1301)
10 Hōjō Morotoki (1275-1311) (r. 1301-1311)
11 Hōjō Munenobu (1259-1312) (r. 1311-1312)
12 Hōjō Hirotoki (1279-1315) (r. 1312-1315)
13 Hōjō Mototoki (?-1333) (r. 1315)
14 Hōjō Takatoki (1303-1333) (r. 1316-1326)
15 Hōjō Sadaaki (1278-1333) (r. 1326)
16 Hōjō Moritoki (?-1333) (r. 1327-1333)
Além dos regentes acima, outros que tiveram papel importante no clã Hōjō foram:
Referências na mídia
editar- O Taiheiki (Japonês: 太平記) é um épico histórico japonês escrito no final do século XIV que descreve a queda do clã Hōjō e a ascensão dos Ashikaga, e o período de guerras (Nanboku-chō) entre a Corte do Norte de Ashikaga Takauji em Kyoto, e a Corte do Sul do Imperador Go-Daigo em Yoshino, que mudaria para sempre a família imperial do Japão. Diversos filmes contemporâneos se basearam nesse épico.
- No anime Inuyasha, no episódio 137, há um personagem chamado Hōjō Akitoki. Durante o episódio, Hōjō usa um quimono com símbolos muito parecidos com o mon da família Hōjō.
- No videogame Final Fantasy 7, há um antagonista chamado Professor Hojo
- O clã Hōjō é uma das várias classes jogáveis de Shogun: Total War, um jogo de 2000, passado no Período Sengoku.
- O símbolo Triforce, da popular série The Legend of Zelda da Nintendo, também se assemelha ao símbolo do clã Hōjō.
- A obra de anime The Elusive Samurai acompanha a história de um descendente do clã durante a queda do xogunato Kamakura.
Ver também
editar- Xogun
- Shikken (regente), posto hereditário do clã Hōjō
- Tokusō, Linha principal do clã Hōjō
- Rensho (co-regente), posto hereditário do clã Hōjō
- Rokuhara Tandai (força de segurança), controlada pelo clã Hōjō
- Xogunato Kamakura
- História do Japão
- Kanazawa Bunko
- Invasões mongóis do Japão
Referências
- ↑ Herbert E. Plutschow Japan's Name Culture: The Significance of Names in a Religious, Political and Social Context (em inglês) Psychology Press, 1995 p. 114 ISBN 9781873410424