Classis Misenensis
Classis Misenensis ("Frota de Miseno"), conhecida depois pelos honoríficos "Pretoria" e "Pia Vindex", era a frota mais antiga da marinha romana.
História
editarA Classis Misenensis foi criada por Augusto em 27 a.C., quando a frota da Itália, até então baseada em Óstia, se mudou para o novo porto de Porto Julius, em Miseno, na Baía de Nápoles.[1] Ela era comandada por um praefectus classis escolhido entre os mais altos escalões da ordem equestre, os que recebiam 200 000 sestércios ou mais por ano. Sua missão era controlar a porção ocidental do mar Mediterrâneo e, como sugere o cognome "Pretoria", concedido por Vespasiano pelo apoio à sua causa na guerra civil de 69,[2] a Classis Misenensis, juntamente com a Classis Ravennatis, era a contraparte marítima da Guarda Pretoriana, uma força naval permanente à disposição do imperador.
A frota recrutava suas tripulações principalmente no oriente, em especial no Egito.[2] Como Roma não enfrentou nenhuma ameaça naval no Mediterrâneo, a maior parte dos marinheiros ficava ociosa. Alguns ficavam em Roma, abrigados a princípio nos barracões da Guarda Pretoriana, mas depois em seus próprios alojamentos, conhecidos como "Castra Misenatium", perto do Coliseu.[1] Eles costumavam encenar batalhas navais fictícias, as "naumáquias", e eram responsáveis por operar o velário do Coliseu.[3] Nero arregimentou os legionários da I Adiutrix entre os marinheiros desta frota, conhecida por um tempo como Legio I Classica por causa disto, e contratou alguns de seus oficiais para assassinar sua mãe, Agripina, a Jovem.[1]
Em 192, a Misenensis apoiou Dídio Juliano e depois participou da campanha de Sétimo Severo contra Pescênio Níger, transportando suas legiões ao oriente.[4] A frota permaneceu ativa no oriente pelas décadas seguintes, quando a emergência do Império Sassânida criou uma nova ameaça. Entre 258 e 260, a frota atuou na supressão de uma revolta no norte da África.[5]
Em 324, os navios da frota participaram da campanha de Constantino, o Grande, contra Licínio e estavam presentes na vitória naval na Batalha de Helesponto. Logo depois, a maior parte dos navios foram levados para Constantinopla, a nova capital de Constantino.
Navios conhecidos
editarOs seguintes navios e nomes da Classis Misenensis são conhecidos[6]:
- 1 Hexarreme: "Ops"
- 1 Quinquerreme: "Victoria"
- 9 Quadrirremes: "Fides", "Vesta", "Venus", "Minerva", "Dacicus", "Fortuna", "Annona", "Libertas", "Olivus"
- 50 Trirremes: "Concordia", "Spes", "Mercurius", "Iuno", "Neptunus", "Asclepius", "Hercules", "Lucifer", "Diana", "Apollo", "Venus", "Perseus", "Salus", "Athenonix", "Satyra", "Rhenus", "Libertas", "Tigris", "Oceanus", "Cupidus", "Victoria", "Taurus", "Augustus", "Minerva", "Particus", "Eufrates", "Vesta", "Aesculapius", "Pietas", "Fides", "Danubius", "Ceres", "Tibur", "Pollux", "Mars", "Salvia", "Triunphus", "Aquila", "Liberus Pater", "Nilus", "Caprus", "Sol", "Isis", "Providentia", "Fortuna", "Iuppiter", "Virtus", "Castor"
- 11 Liburnianos: "Aquila", "Agathopus", "Fides", "Aesculapius", "Iustitia", "Virtus", "Taurus Ruber", "Nereis", "Clementia", "Armata", "Minerva"
É provável que, em 79, a frota não tivesse nada maior que um quadrirremo a seu serviço,[7] pois Plínio, o Velho, comandante da frota, investigou a Erupção do Vesúvio (79) num quadrirremo, supostamente a nau capitânia e maior navio da frota.
Ver também
editarReferências
- ↑ a b c A Companion to the Roman Army, p. 209 (em inglês)
- ↑ a b Age of the Galley, p. 80 (em inglês)
- ↑ Historia Augusta, Cômodo XV.6
- ↑ Age of the Galley, p. 83 (em inglês)
- ↑ Age of the Galley, p. 84 (em inglês)
- ↑ «Piscina Mirabillis» (em italiano). Ulixes
- ↑ Plínio, o Jovem, Cartas, VI.16
Bibliografia
editar- Erdkamp, Paul (ed.) (2007). A Companion to the Roman Army (em inglês). [S.l.]: Blackwell Publishing Ltd. ISBN 978-1-4051-2153-8
- Gardiner, Robert (Ed.) (2004). AGE OF THE GALLEY: Mediterranean Oared Vessels since pre-Classical Times (em inglês). [S.l.]: Conway Maritime Press. ISBN 978-0-85177-955-3