Coloured
No contexto da África do Sul, e também de países como Namíbia, Zâmbia, Botsuana e Zimbábue, o termo coloured é utilizado para se referir a um grupo étnico de pessoas miscigenadas que vivem na África subsariana. São descendentes de africanos (coissãs, bantos), europeus e asiáticos. Estudos genéticos indicam que o grupo tem um dos níveis mais altos de ancestralidade miscigenada no mundo. Em 2016, somavam mais de 6 285 300 pessoas (5,1 milhões na África do Sul).[5][6]
Coloured | ||||||||||||
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Uma família coloured | ||||||||||||
População total | ||||||||||||
Aproximadamente 5.400.000 na África | ||||||||||||
Regiões com população significativa | ||||||||||||
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Línguas | ||||||||||||
africâner, inglês | ||||||||||||
Religiões | ||||||||||||
Predominantemente cristã, minoria muçulmana |
A maioria fala a língua africâner e inglês. Estimativas de 2019 colocam o número total de coloureds da África do Sul em 5.176.750 pessoas.[7]
Ancestralidade
editarEm 1652, europeus de origem holandesa chegaram à atual África do Sul. A maior parte desses colonos era do sexo masculino. Devido a essa ausência de mulheres europeias, nas primeiras décadas de assentamento, ocorreu um número significativo de uniões entre homens europeus e mulheres não europeias. Na Cidade do Cabo e arredores, a miscigenação predominantemente ocorreu entre homens europeus e escravas ou ex-escravas (trazidas de outras partes da África, Madagascar, sul da Ásia e sudeste da Ásia); nas áreas periféricas, ocorreu entre os colonos do Cabo e mulheres cóis. Em 1685, os casamentos entre europeus e não europeus foram proibidos (casamentos com indivíduos mestiços, com alguma ascendência europeia, ainda continuaram sendo permitidos).[8]
Uma parte dessa população mestiça foi absorvida pela população branca (um estudo genético estima que os africânderes atuais têm uma média de 4,8% de ancestralidade não europeia; registros genealógicos estimavam anteriormente uma contribuição de DNA não europeu para os africânderes de 5,5 a 7,2%). Já outra parte dessa população mestiça formou um grupo étnico que passou a ser denominado coloured, ou seja, que não é nem branco, nem negro.[8]
Antes do apartheid
editarNo início do século XX, a palavra coloured era uma categoria social, e não uma designação legal, e normalmente indicava um status intermediário entre aqueles que eram identificados como brancos e aqueles que eram identificados como negros. A classificação era amplamente arbitrária, com base no histórico familiar e nas práticas culturais, bem como nas características físicas. A maioria dos sul-africanos que se identificavam como coloured falavam africâner e inglês, eram cristãos, viviam de maneira europeia e eram mais próximos da população branca.[9]
Até a Segunda Guerra Mundial, havia um considerável número de casamentos entre brancos e coloured de pele clara, e muitos desses indivíduos eram absorvidos pela comunidade branca. Na Cidade do Cabo e em Port Elizabeth, os coloured estavam nas classes média e trabalhadora e eram empregados como professores, balconistas, lojistas, artesãos e outros trabalhadores qualificados. Os que viviam fora das cidades tralhavam principalmente nas fazendas de propriedade branca.[9]
Durante o apartheid
editarAs severas leis do apartheid, estabelecidas em 1948, sujeitaram imediatamente os indivíduos coloured a uma rígida separação de oportunidades ocupacionais, à abolição do direito de voto na província do Cabo e a leis que proibiam (até 1985) o casamento e as relações sexuais com outros grupos. Na década de 1950, uma série adicional de leis privou muitos indivíduos de cor, confiscou suas terras e os forçou a se mudar para áreas menos desejáveis.[9]
Após o apartheid
editarA designação coloured e todas as restrições baseadas nela foram abolidas na década de 1990, quando o sistema do apartheid foi desmantelado e o sistema de classificação legal foi abandonado.[9]
Genética
editarDe acordo com um estudo genético publicado em 2020, a população coloured de Wellington (na região da colônia original do Cabo) apresentou as seguintes frações ancestrais: 30,1% cói, 24% europeu, 10,5% leste asiático, 19,7% sul asiático, 15,6% oeste/leste africano e 0,2% nativo americano. As populações coloured que hoje vivem mais longe da colônia original do Cabo apresentaram padrões de mistura diferentes, com menos contribuição asiática e mais cói do que a do Cabo: em Colesberg (48,6% cói, 20% europeu, 2,9% leste asiático, 6,7% sul da Ásia, 21,6% do oeste/leste da África, 0,2% de nativos americanos) e em Askham (76,9% cói, 11,1% europeu, 0,9% leste da Ásia, 3,9% sul da Ásia, 7,2% oeste/leste da África, 0% de nativos americanos).[8]
Referências
- ↑ «Mid-year population estimates, 2020» (PDF). Statistics South Africa. Consultado em 15 de março de 2021
- ↑ CIA World Factbook (7 de abril de 2022). «Namibia». cia.gov. Consultado em 19 de abril de 2022
- ↑ «Zimbabwe Population Census 2012» (PDF). Zimbabwe National Statistics Agency (ZIMSTAT). Outubro de 2013. Consultado em 16 de fevereiro de 2015. Arquivado do original (PDF) em 1 de setembro de 2014
- ↑ Milner-Thornton, Juliette Bridgette (2012). The Long Shadow of the British Empire: The Ongoing Legacies of Race and Class in Zambia. [S.l.]: Palgrave Macmillan. pp. 9–15. ISBN 978-1-349-34284-6
- ↑ Schmid, Randolph E. (30 de abril de 2009). «Africans have world's greatest genetic variation». Msnbc.com. Consultado em 23 de outubro de 2009
- ↑ Tishkoff SA, Reed FA, Friedlaender FR; et al. (2009). «The Genetic Structure and History of Africans and African Americans». Science. 324 (5930): 1035–44. PMID 19407144. doi:10.1126/science.1172257
- ↑ «P0302 - Mid-year population estimates, 2019» (PDF). Statistics South Africa. 29 de julho de 2019. Consultado em 18 de dezembro de 2019
- ↑ a b c Patterns of African and Asian admixture in the Afrikaner population of South Africa
- ↑ a b c d Coloured PEOPLE. ENCYCLOPÆDIA BRITANNICA